Tenho
ouvido, nesses últimos dias, muitas críticas aos organizadores do carnaval do
Recife. Faltam incentivos às legítimas e tradicionais manifestações culturais locais. Bailes que animavam o período pré-carnavalesco estão sendo
cancelados, concursos de músicas carnavalescas foram esquecidos pelas entidades
de fomento à cultura e o carnaval recifense virou um repetido e cansado festival de
ritmos variados, muitos deles sem qualquer relação com as origens carnavalescas
pernambucanas. Não foi por falta de aviso! Neste humilde espaço, tratei deste assunto com tons
críticos desde que vi ser anunciado um tal de Carnaval Multicultural, durante
o governo municipal petista. Era, como comentado depois, uma forma de
encobrir as manobras comerciais e “arrecadatórias” que acredito rolem até hoje. Trouxeram e
continuam trazendo artistas de fora em detrimento dos locais, a preço de ouro e garantindo as “vantagens” por fora. Nessa onda espúria vi até exibições de tango no Cais da
Alfândega. Nada contra o tango, nem o rock, o axé ou o carimbó, mas, fazer desses ritmos base do carnaval do Recife! Francamente. Vá à Bahia e veja o que ocorre.
Preservação dos valores locais!
Numa clara
conseqüência dessa incompetência cultural, lamento ao notar que as novas gerações
não sabem o significado do frevo ou do maracatu. Aliás, detestam esses gêneros
de música. Não tardará muito e serão lembranças do passado. Por mais que se
entenda que os tempos mudaram e novas idéias e novas formas criativas aparecem é inadmissível
que uma ação orquestrada por profissionais desqualificados e alienados, no comando
das entidades culturais promotoras, prestem um desserviço social que vem
aniquilando o que de precioso foi construído no passado. O fracasso de hoje foi, portanto, um coisa anunciada.
Observe-se que o que norteia, atualmente, as programações carnavalescas do Recife é pautar valores
artísticos de fora, na esteira do sucesso nacional, em lugar da valorosa
prata da casa. São interpretes de ritmos alienígenas para iludir os alienados
pernambucanos ao som de pagodes, funks, sertanejos, sertanejos universitários,
axés, carimbós e rock da pesada, entre outros. Frevo que é bom e pernambucano
aparece, quase pra fazer favor e à margem da programação oficial. Pior do que
isto é ver que o público assiste tudo de pé numa aglomeração quase sem
entusiasmo para pular ou dançar. Portanto, não passa de um festival de músicas e ritmos diversificados. Quem quiser que aprove.
Multidão parada assistindo a um show carnavalesco no Marco Zero |
Fora o Galo,
outras poucas agremiações são sustentadas por grupo de famílias da classe média,
com poder próprio de bancar fantasias, músicos e flabelos fazendo um carnaval
privado, quase sempre em ambientes restritos, relembrando os velhos carnavais, casos dos Bloco da Saudade e Bloco das Flores.
Muito bem! Mas, resta o Carnaval de Olinda. Bom, este é um capitulo a parte. Tem características anárquicas bem próprias, onde o deboche, a gandaia e a libertinagem dão seus tons. Agrada em cheio a turma jovem que encontra espaço para extravasar seus recalques, mágoas e traumas, além de expungir seus fantasmas. Não falta quem goste!
Bloco da Saudade tentando salvar a tradição local |
NOTA: Fotos obtidas no Google imagens
7 comentários:
Parabéns pelo texto. Por
Essas e outras o cenário musical de Pernambuco estancou. Ainda estamos limitados a Alceu Valença. Nada se renovou. Veja quantas novidades na Bahia Rio etc
Creio que o Carnaval de Pernambuco é mais uma vítima da Globalização e da esquerdização ocorrida no Brasil e também em outros países.
Lembro-me muito bem dos seus passos de frevo no CRUSP. Mas até mesmo você não tem mais a energia para praticá-lo.
Além do que você também internacionalizou e a cultura pernambucana hoje é confundida com a cultura nordestina.
Está desaparecendo as diferenças estaduais e criando uma cultura maior regionalizada é isso vale também para o Carnaval
Infelizmente, o carnaval do Internacional, do Português, e dos clubes de massas, acabou!! Quando jovem, eu assistia as disputas de lindas fantasias de Mucio Catão, Evandro de Castro Lima, Clóvis Bornay, entre outros!!
Hoje, só tem Jojo Todinho, Pablo Vitar, etc!!
Acabou meu amigo!! 😢
Amigo o Carnaval é alma do povo, principalmente o pobre, que brinca com sem dinheiro. Por mais que os “crentes”. Queiram que o dinheiro vá para as igrejas, JAMAIS CONSEGUIRÃO 👏👏👏👏👏
Os shows nada têm a ver com nosso carnaval, realmente, Girley. Só servem para a juventude.
Os shows nada têm a ver com nosso carnaval, realmente, Girley. Só servem para a juventude.
Os shows nada têm a ver com nosso carnaval, realmente, Girley. Só servem para a juventude.
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