sábado, 8 de fevereiro de 2020

Economia Infectada

É muito comum ouvirmos dizer: “saúde é fundamental porque o resto a gente corre atrás”. Parece que, além de ser uma verdade, a ideia se aplica em diferentes domínios e de forma tangível, haja vistas para essa avassaladora onda que ameaça a saúde mundial, centrada na China, com o coronavírus (nCov-2019).  
Observemos que diante da dimensão que se revelou o surto chinês, com características pandêmicas, é fatal que se rebata sobre todos os setores de atividades daquele país e provoque profundas consequências para o restante do mundo. Pânico às populações nos cinco continentes. Contração das atividades econômicas internacionais e, enfim, um quadro econômico infectado. Que a economia chinesa vai encolher, ninguém duvida.
A situação já não era das melhores para o ritmo de crescimento do país e se agravam ainda mais as tensões que eles sustentam contra os Estados Unidos. Repercussões são sentidas nos mercados mundiais. Bolsas caem e Dólar americano se valoriza de modo fácil ao redor do planeta. São as chamadas fortes dores da economia globalizada.
Ora, a China, berço da crise, é a segunda maior economia do mundo. Produtora em massa de ilimitado número de bens de consumo, intermediários e finais, inclusive automobilística, vê-se na contingência de parar tudo e cuidar de tratar da saúde da população com rígidas medidas protecionistas. Fábricas, comércio, escolas, transportes do diferentes modais, tudo parado. Um mundo congelado e voltado somente para tratamento dos atingidos pelo vírus.
Pátio de uma fabrica de automóveis em Wuhan
Considerando o volume populacional do “continente” chinês estamos diante de um quadro inusitado e inesperado. A própria cidade de Wuhan, onde o vírus foi detectado e se espalhou, ao contrario do que muitos imaginávamos, é uma metrópole de 12 milhões de habitantes, grande conglomerado industrial, capital da província central de Hubei e nona cidade mais populosa do país. A construção recente de hospitais de dimensões gigantescas e em tempo recorde dão ideia da grandeza dessa cidade. Historicamente Wuhan teve um papel de liderança  importante quando da derrubada do Império, em 1927, tirando do poder o último imperador da Dinastia Quing e estabelecida a Republica Popular da China.
Vista noturna de Wuhan.
Como a paralização é geral, para o bem da população local e mundial, as atividades econômicas sofrerão um forte debaque em nível mundial. Os chineses se tornaram fornecedores mundiais de todo tipo de produtos, dos mais corriqueiros aos mais sofisticados, levando a que a grande maioria dos mercados, mundo afora, confiasse no abastecimento chinês, agora suspenso. Por outro lado, países produtores de commodities, como o Brasil, tomados como supridores de, entre outros itens, minério de ferro, soja, carnes bovina e de frango veem-se  impedidos de abordar portos e aeroportos chineses, também paralisados, com vistas a barrar a disseminação do vírus mortal. Ou seja, a China virou um país sitiado. Com uma população de mais um bilhão e uma economia tão dinâmica era tudo que não se esperava. Quem saiu antes da eclosão do surto pode ter levado a moléstia sem perceber. E houve casos. Segundo se noticia, já faleceram mais de 700 e aproximadamente 32 mil pessoas, na China e outros países, já estão infectados.
Diante de quadro tão assustar é de se esperar, não apenas uma grave emergência mundial de saúde publica, mas também uma acentuada queda nas atividades econômicas mundiais. O clima é de muita expectativa. Indiscutivelmente, a economia foi infectada.
Estejamos atentos e esperemos que esse coranavírus seja controlado, não atinja os pobres e desestruturados países africanos e nem chegue por nossas bandas. E isso só o tempo dirá.    

NOTA: Foto obtida no Google Imagens  

4 comentários:

José Paulo Cavalcanti disse...

Ruim para nós, amigo. Muito ruim. Belo texto. Abraços.

Durvalino Andreotti disse...

Como sempre meu presidente vai direto no ponto nevrálgico! Parabéns amigo Girley

Claudio Targino disse...

Preocupante. Em aspectos, físicos, econômicos, saúde é tudo.

José Artur Paes Vieira de Melo disse...

Mais uma vez, excelente postagem, bem elaborada e, como sempre fazes, muito bem focada. Parabéns.

Haja Cravos

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