Os eleitores
brasileiros deram um forte recado à Classe Política do país, no pleito
eleitoral de domingo passado (02.10.16). O que vimos, no final da apuração dos
votos, foi uma formidável demonstração de desinteresse, repúdio e, de certo
modo, o desprezo que o cidadão brasileiro vem atribuindo aos processos
eleitorais e aos seus representantes políticos. Teve candidato que explorou
esse viés do anti-político, viu a repercussão do seu discurso e se elegeu de
primeira.
Tenho tido a
curiosidade, desde as eleições de 2012, de acompanhar as informações relativas
às abstenções, votos nulos e em branco. Lembro que, naquele ano, o candidato
vitorioso para comandar a Prefeitura, da cidade de Olinda-PE, obteve menos
votos do que os brancos e nulos que foram computados. Dias antes do pleito
municipal do domingo passado eu já previa algo semelhante dado ao desencanto da
sociedade como um todo. E não deu outra. Ora, meus amigos e minhas amigas,
alguma coisa precisa ser revista.
O resultado,
conforme dados divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral – TSE, foi que em
dez capitais brasileiras a soma das abstenções, nulos e em branco superou aos
votos sufragados aos primeiros colocados. E foram cidades importantes como Porto
Alegre, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo, entre outras. Nesta última
o grande vitorioso e novato, João Doria (PSDB), teve 11 mil votos a menos do
que a soma dos brancos, nulos e das abstenções. A maior taxa de abstenção verificou-se
no Rio de Janeiro alcançando a casa dos 24,28%. Este percentual mostra que,
praticamente, 1 em cada 4 cariocas, não se abalou para ir à sessão eleitoral a
dar seu voto. Vamos e venhamos, é um índice altíssimo. No Recife o segundo
colocado, João Paulo (PT), que vai disputar o segundo turno, com o atual
Prefeito Geraldo Julio (PSB), teve menos votos do que os que foram computados
como brancos, nulos e abstenções. O menor índice de abstenção, apenas 8,59%,
ocorreu em Manaus, capital do estado do Amazonas.
Não é muito
difícil deduzir as razões desse desinteresse ou desprezo do eleitor. Os traumas
políticos registrados nesses últimos anos – desde as grandes manifestações de
2013 – a dura eleição de 2014, os descaminhos do governo passado e o recente
processo de impeachment da
“presidenta”, além dos crimes escandalosos expostas pela Operação Lavajato
resultou num caldo de desencanto no seio da sociedade que, dificilmente será
dissolvido. É preciso que este Governo, que aí chegou, diga logo prá que veio e
promova as reformas devidas e cobradas pela Nação. Não podemos é seguir nesse
clima de desconforto político, estagnação econômica, insegurança e bancando equilibrista
sobre um tecido social esgarçado e ameaçado romper a qualquer momento. Foi mais
ou menos isto que o eleitor quis dizer no domingo passado.
O Brasil
precisa de uma série de reformas para acertar o rumo de um caminho virtuoso.
Fala-se muito nas reformas da previdência e econômica, mas, pouco se diz a
respeito de uma reforma político-eleitoral. O modelo vigente está, definitivamente,
superado. Esgotou no seu próprio emaranhado e torrou a paciência da Nação. As
imperfeições estão à vista de todos. Ideias como voto distrital, voto
obrigatório, quocientes eleitoral e partidário, entre outros, devem ser mais bem
discutidos. O recado foi dado. Esperemos que seja ouvido corretamente.
NOTA: Imagem ilustrativa foi colhida no Google Imagens
7 comentários:
Reforma política já. Acredito que esse alto índice de abstenção, nulos e brancos além de refletir a descrença da sociedade na classe política, deve conter outras variáveis, a exemplo de não termos opções confiáveis para votar, são sempre os mesmos e isso tem que mudar.
Danyelle Monteiro
Vamos cobrar dos políticos as mudanças necessárias.
Maria Luíza Targino
No crees también q se puede leer, q de q sirve votar, si luego al candidato q votaste los políticos lo retiran, acusándolo de algo inventado. O sea q su voto no es respetado.
É isso aí amigo. Infelizmente no Brasil, por conveniência e oportunismo ninguém enxerga nada!
Ina Melo
E verdade primo o povo está cansado de tanto absurdo os políticos estão desacreditados
Rosanilda Lucena
De fato Girley, sua análise foi perfeita: recado dado. Resta agora "esperar" uma resposta das autoridades constituídas. Precisam agir e rápido.
Cristina Carvalho
Girley, veja que feliz coincidência. No JC de hoje o Anselmo Gois destaca as palavras ditas por Ulisses Guimarães (morreu a exatos 100 anos) => "Minha paciência é tão infinita quanto a do povo brasileiro"... Por isto, digo eu, tanta malevolência se transforma em maledicência...
Continue pontuando com essa pontaria toda... desculpe a redundância.
JArtur
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