domingo, 10 de julho de 2016

VIVER PORTUGAL

Digo sempre que, por razões logísticas e sentimentais, Portugal é parada obrigatória para nós pernambucanos, quando nos dirigimos à Europa. Penso, também, que ao desembarcar em terras lusitanas é como adentrar num belo e aconchegante jardim debruçado sobre o Atlântico e que serve de portal do Velho Mundo. Na entrada ou na despedida daquele Continente, viver Portugal é como mergulhar num relaxante balsamo de tranquilidade. Sua gente hospitaleira, o carinho que dispensam aos irmãos brasileiros, a rica gastronomia e a vida cultural que, inclusive, nos faz entender melhor as raízes dos nossos costumes e jeito de ser, valem por tudo em cada visita que se faz. Sou um apaixonado por aquele pedaço da Europa e folgo por conhecê-lo e visitá-lo sempre que possível, como fiz em junho passado.
Vista da Praça Dom Pedro IV que foi nosso Pedro I mais conhecida como Praça do Rossio.
Junho é tempo de festas para os portugueses. Começa em Lisboa nas comemorações do dia Santo Antonio e se prolonga pelo São João no Norte do país, concentrados no Porto ou em Braga, até o final do mês. O primeiro sinal dos festejos começa pelo assar das sardinhas em braseiros espalhados pelas cidades. Foto abaixo. 
Olha aí o portuga dando trato às sardinhas
Não tem preço degustar uma sardinha assada com um bom vinho branco nacional, em plena Avenida da Liberdade, na noite de 12 para 13 de junho. Dá vontade de não sair mais dali. Sobretudo vendo rolar os desfiles de grupos folclóricos que partindo da rotunda do Marques de Pombal bailam até a Praça do Rossio. A noite é curta para os irmãos portugas que não se cansam de afirmam que “vão dançar nas ruas até que seja dia” numa forma bem lusitana de dizer que vão “cair na folia até o amanhecer”. Essa noite de festa é como um carnaval para eles. Além de festejar Santo Antonio, o padroeiro, é também a festa do Dia Nacional que é oficialmente 10 de Junho.
Viver Portugal, em minha opinião, é viver um tempo sempre bom. O clima do país, a brisa do mar e dos rios caudalosos – como o Tejo e o Douro – transformam aquilo num verdadeiro paraíso, o ano inteiro, numa Europa nem sempre tranquila. Aliás, nessa última passagem por lá, tomei conhecimento de que se trata de um dos cinco países mais seguros do mundo atual. Sem dúvidas uma grande vantagem.
Rapazes e raparigas concentrados na espera de entrar na Avenida
para o Grande Desfile de 12 de Junho
Falando de Lisboa, nesse junho passado, tenho que destacar as festas em homenagem ao Santo Antonio, que para eles é Antonio de Lisboa, lugar onde ele nasceu. Faleceu em Pádua, pois lá vivia quando da sua morte, aos 36 anos de idade, em 13 de junho de 1231. Venerado pelos seus patrícios, arrasta multidões até sua Igreja na subida da Alfama (bairro central de Lisboa) que no final de cada 13 de junho acompanham sua imagem em procissão. Ver foto abaixo. Bom, sou devoto deste Santo e trago seu nome no meu registro de nascimento. Foi uma promessa da minha mãe, na hora do parto. Também meu filho tem o mesmo nome, noutra homenagem. Fomos a Lisboa no ultimo 13 de junho para receber bençãos e reverenciar o padrinho por graças alcançadas.
Imagem de Santo Antonio na procissão do dia 13 e duas fotos icones de Lisboa:
a Torre de Belem e a Rotunda do Marques de Pombal

Lisboa em três tempos: o velho e romântico bondinho que circula na cidade antiga,
os pasteis de Belém e a venda do manjerico nessas festas juninas.
Percorrer as ruas e avenidas de Lisboa, no casco antigo ou nos lados modernos, é sempre muito prazeroso, situação que se amplia graças às muitas tentações gastronômicas oferecidas e das quais não há quem se livre.
Como sair de Portugal sem comer um bom bacalhau? Impossível! Isto sem falar no leitão da Região de Coimbra, numa cataplana de frutos do mar na Beira do Tejo, ou num chouriço flambado na aguardente bagaceira às margens do Douro na Vila Nova de Gaia. No fim de cada uma dessas orgias gastronômicas um bom Pastel de Nata é praticamente obrigatório. E se for o de Belém, tanto melhor. Quando cansado dos pasteis de nata a solução é partir para uma porção de toucinho do céu, da baba de camelo ou alguns ovos moles do Aveiro. Tudo à base de gema de ovo. Pense nessa dose de colesterol!  Mas chega de comida...
Uma bela cataplana de Frutos do mar que
saboreamos em Cascais
Saindo de Lisboa, inúmeras são as opções de interesse turístico. Destaco os balneários do Estoril e de Cacais. Nada muito extraordinário historicamente falando, mas, sem dúvidas bons locais para se visitar e onde se pode comer bem. São cidades gêmeas e próximas a Lisboa.
Mais distante e no sentido Norte, uma visita indispensável é ao Santuário de Fátima, onde a cristandade se encontra em veneração à Virgem Maria e onde também estivemos para, como bons crentes, louvar e agradecer à Mãe de Fátima as graças alcançadas. É um lugar com especial energia, dada a fé e a devoção de um mundo de fiéis que ali se reúnem diariamente. O silencio daquela esplanada diante da Basílica é um convite imediato para reflexões e propósitos espirituais.
Portugal é assim: fé, turismo, bons ventos, gente amiga e, para nós brasileiros, uma espécie de encontro com as raízes culturais. Não me canso de viver esse estado de espírito luso. Na próxima edição vou falar mais de Portugal. O Porto que me aguarde...


 NOTA: Fotos da autoria do Blogueiro.

Quer saber mais sobre esta viagem, acesse o canal de Youtube de Tico Brazileiro, meu filho, clicando: https://www.youtube.com/user/ticoso


10 comentários:

J.Artur disse...

Girley, você se superou nessa crônica. Nada de bláblá turístico, nem de academicismo, como vemos por aí. Objetivo, direto e emocionalmente perfeito. Nossas raízes estão lá fincadas, os ramos é que frondaram por aqui. Quando viajo "praquelas" bandas é uma briga romântica com Célia: Ela não dispensa Paris e eu não aceito ir à Europa sem passar pelo menos uns 3 dias em nossa "linda cidade, cheia de encantos mil"...!!!! Abraço.

Leony Muniz disse...


Girley

Como não adorar passar uns dias em Portugal, já que não podemos permanecer por lá muito tempo? Tenho um sobrinho, que depois de passar 5 anos em Paris(especialização), Trabalhado em Londres por algum tempo, fixou-se em Portugal. Hoje, tem uma clínica odontológica e reside no Estoril. Já nasceram 3 portuguesinhos. Legal! Beijos de Leo

P.S. Distribui entre os amigos o seu blog. Vão morrer de saudades. Leo

Restony de Alencar disse...

Mestre Girley, uma dissertação coloquial . e direta, realmente Portugal nos faz bem, nos sentimos a vontade com as verossimilhanças, hábitos e comportamentos. Parabéns

Restony Alencar disse...

Blog insuspeito e irretocável, parabéns Girley Brazileiro
Restony Alencar

Vanja Nunes disse...

É um prazer ler seus textos. São maravilhosos!! Eu gosto da sua forma de escrever, tem muita espontaneidade e leveza.
Vanja Nunes

Danyella Monteiro disse...

Seus mais agradáveis posts, os das viagens. Adoro.
Danyelle Monteiro

Umberto Leal disse...

Amigo Girley,
Dá gosto de ler os artigos quer vc escreve. Parabéns.
Umberto Leal

Ubaldo Baiano (Tuca) disse...

Parabéns Girley, realmente tudo verdade, entramos e saimos por lá e comemos com excelência, bonita matéria abs Tuca (Baiano)

Mauro Godoy disse...

Girley, viajei no seu texto. Parabéns, eu e Gilvany adoraríamos voltar a Portugal com vocês.
Mauro Godoy

Manoel Quintas disse...

Amigo Girley, eu gostaria de me apropriar de todos os comentários para resumir todo o encantamento deste seu blog abordando nosso Portugal, tão querido como maravilhoso. Mas, o resumo que disponho é com meu sentimento de gratidão para o enlevo que minh'alma de origem legitimamente Lusitana, está a sentir !!!
Parabéns e gratíssimo, Manoel Quintas.

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