Todo país sede de um grande evento internacional termina se
transformando numa grande vitrine para as atividades do turismo. Hotéis,
equipamentos de atração cultural, comércio, restaurantes, meios de transporte, entre outros vários aspectos, fazem a festa de operadoras e guias que, via de regra, se
consolidam nos mercados. O Brasil, atualmente, está na mira de centenas de operadoras
deste setor, espalhadas no mundo inteiro ou, pelo menos, nos países interessados
nos eventos. Refiro-me, naturalmente, à Copa Mundial de Futebol (2014) e às
Olimpíadas do Rio de Janeiro (2016). O Turismo brasileiro tem pela frente a
melhor das suas oportunidades de deslanchar, coisa até hoje pouco observada em
face das políticas ineficazes dos que fazem nossos governos. Com tantas
atrações naturais, paisagem luxuriante, história atraente, diversidade cultural, músicas e danças feéricas,
folclore extraordinário, rica gastronomia,
entre muitos outros aspectos é de lamentar o pífio resultado econômico do setor.
Países bem menores e com leque de atrações bem mais reduzido – vizinhos próximos,
até – conseguem faturar relativamente bem mais alto e algumas vezes em termos
absolutos.
Numa parada estratégica de quatro dias na África do Sul,
quando a caminho da Austrália, dois anos atrás, ouvi de um operador de turismo
(ele me conduzia a um Safári fotográfico) uma declaração taxativa a respeito do
resultado pós-Mundial de 2010: “foi a melhor coisa que ocorreu para o turismo
do nosso país. Depois do Mundial a afluência de turistas estrangeiros ao nosso país chegou a
triplicar.” Acredito que esses turistas torcedores tiveram boa receptividade,
condições de acomodações adequadas e preços praticados de forma honesta. Eu já
havia estado antes naquele país e notei as diferenças que resultaram do evento
Copa.
Aqui no Brasil, esta semana estourou na imprensa uma grave
denúncia sobre os preços que já estão sendo praticados, para passagens durante
a Copa Mundial, pelas companhias aéreas brasileiras e nos trechos domésticos.
Um tremendo equívoco! Sobretudo considerando-se que as sedes, por Chaves de
Competidores, ainda nem foram definidas. Conheço pessoas, do Recife, que
reservaram compras de ingressos para a Final no Maracanã e que diante dos
preços das passagens estão desistindo do projeto. Tem empresa, vendendo pela
Internet, uma passagem aérea entre Recife e São Paulo (ida e volta) pelo
absurdo valor de R$ 3.998,00. Ora, ora, tenha paciência! Assim não dá. Hoje é possível
fazer esse mesmo percurso por, no máximo, R$ 750,00, quando se faz uma viagem
programada. E neste caso é mais do que programada, na medida em que se pode
comprar com oito meses de antecedência. Por esse preço absurdo, um conhecido garante
que desistiu da ideia de ir ao Rio e aproveitar esse dinheirão fazendo turismo noutro
país e daqueles bem distantes.
É numa hora dessas que o Brasil decepciona. Aliás, o brasileiro.
Quanta incompetência! Será que essa gente que faz negócio com transporte aéreo não
percebe que estão cometendo um erro sem chances de correção? Vá lá que prevaleça a Lei do
mercado – demanda alta, preços mais altos – mas nessa proporção é de lascar.
Ouvi dizer que o Governo pensa em liberar rotas domésticas à empresas
estrangeiras. Sou contra em principio, mas seria bem feito.
Isto, minha gente, é apenas o começo de uma grande farra de
inflação que deverá ocorrer neste país, durante esses megaeventos. E, danado,
danado mesmo, vai ser prestador de serviços adotar de volta os preços originais,
no day-after ao final da Copa.
Preparemo-nos para notar as mudanças nos cardápios dos restaurantes prediletos.
Uma simples caipirinha ou uma cervejinha, na beira-mar, poderá adquirir um
valor nunca dantes imaginado. Tenho para mim que vai ser um péssimo negócio para
nós, os nativos.
Pior é que aquela imagem desenhada pelo guia sul-africano,
dois anos atrás, em Johanesburgo, pode não ser nunca reproduzida pela cabeça de algum
brasileiro. Não é uma lástima? Tomara que eu esteja sendo pessimista.
Não me resta outra coisa a não ser repetir o jargão popular:
Imagine na Copa!
NOTA: Imagem obtida no Google.
4 comentários:
Compartilhei na minha página do Face e nos meus círculos do Google+, dizendo: Girley Brazileiro, economista, empresário pernambucano, possui uma qualidade imprescindível a um bom comunicador: Clareza e precisão das ideias.
Perfeito, Girley.
Puxa Regina, emoção de amiga é coisa verdadeira. Haja vistas para seu comentário. Obrigado amiga.
GB
Um texto inteligente e uma excelente reflexão.
Comumente o comércio brasileiro inflaciona para os turistas ou para participantes de congressos e eventos corporativos.
Aqui, na praia, muitas vezes precisamos dizer que somos recifenses ou brasileiros. Uma vergonha!
Parabéns pelo seu blog, que tenho o prazer de ler frequentemente.
Lúcia Medeiros
Caro Girley:
Acho até que vc foi otimista.infelizmente o nosso problema é cultural.A mentalidade de tirar vantagem está incrustrada na mente da maioria que pensa pequeno e com Ânsia de retorno imediato. Será necessário muita educação em todos os sentidos ,para que as próximas gerações mudem esse comportamento
retrógrado. Um grande abraço, Cristina Rescigno.
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