Semana passada, numa conversa com empresários membros da
Associação do setor Metal-Mecânico brasileiro, em São Paulo, este assunto veio
à tona e, de repente, entrou-se por uma conversa nova: por incompetência
governamental e falta de competitividade empresarial – custo Brasil, baixos
investimentos em infraestrutura, tecnologia ultrapassada, recursos humanos
despreparados, etc. – o Brasil sofre um processo de desindustrialização,
seguido por algo pior que é a acelerada desnacionalização das empresas nacionais.
Desnacionalização era a novidade da conversa. Agucei meus ouvidos para este
novo papo e, de fato, senti a ficha caindo. Mesmo aderindo ao processo da
economia globalizada, fazendo parte de blocos políticos e econômicos, entre
outras facetas, o Brasil vem perdendo, a passos largos, o terreno que em
princípio esperava conquistar. Preocupante! As empresas brasileiras estão
perdendo competitividade no duro jogo do mercado internacional e não lhes resta
outra saída a não ser se associar ou se vender a um grupo estrangeiro ou
empresa multinacional.
Pois é, agora já não são apenas as grandes e tradicionais
multinacionais (Volks, Ford, Fiat, Renault, Ottis, Honda, Schindler, Chevrolet,
entre muitas outras) que dominam nosso mercado interno. Além dessas mais
conhecidas já começam a surgir outros nomes de peso e, aos poucos, tomam conta
de setores importantes da economia e do próprio mercado interno, dantes bem
brasileiro. Exemplos marcantes: a TAM já não é mais brasileira e sim chilena.
Foi chupada pela LAN Chile. Vão adotar (por enquanto) a denominação LATAM. Vide foto acima. A
rede de supermercados Pão de Açúcar, de Abílio Diniz, foi recentemente vendida
ao Casino francês. E o popular Extra foi junto. O pernambucano Bompreço já foi,
há muito tempo, para as mãos do Wal-Mart. Outra empresa de renome, também de
Pernambuco, a Koblitz é outra dividida com franceses e agora se chama
Areva-Koblitz. As companhias regionais de eletricidade foram, quase todas,
vendidas a espanhóis. Recentemente, a aguardente Ypióca, lá do Ceará, foi
vendida à Diageo, fabricantes dos Johnnie Walker e Smirnoff. A tradicional
promotora brasileira de feiras e exposições, Alcântara Machado, já não existe
mais. Foi vendida à Reed Exibitions, de origem inglesa e líder mundial desse
tipo de negócio. Quem não se lembra da mega rede genuinamente nacional de
cinemas de Luiz Severiano Ribeiro? Para respirar, teve que se associar à rede
internacional Kinoplex/UCI, isto é, existe, mas, não aparece. Isso vai
acontecer com outras siglas! Resta pouca coisa de destaque, entre as quais a Embraer,
por exemplo. Vai que já deve haver algum gigante interessado nela. São alguns
exemplos que me ocorrem no momento. Ouvi outros nomes, mas fiquei tão
impressionado com a lista, que terminei perplexo.
Diante desse quadro resta-nos – ainda que impotentes – questionar
o Governo de plantão e apelar para que esteja atento a essa triste realidade e
apresse as tais reformas prometidas no palanque eleitoral: fiscal, previdenciária,
do Estado etc. etc. Incentivar o consumo, como estão fazendo atualmente não vai resolver o problema. Tem que mexer na
estrutura e não na conjuntura, porque o buraco é mais em baixo, minha gente. Não
podemos pensar num país pujante e líder regional – 6ª. Economia Mundial – numa
trajetória tão desconcertante.
E por fim, uma pergunta que não cala: será que vamos mesmo
nos transformar num país de base econômica calcada na produção de commodities,
por um lado, e mera plataforma de prestadoras de serviços de empresas
estrangeiras, por outro? Tenha dó...
Nota: Foto obtida no Google Imagens
3 comentários:
Prezado Girley,
Infelizmente a Desnacionalização vem no vácuo da Desindrustialização. A Industria já foi 33% do PIB e hoje é 21%. Nos ultimos 10 anos o índice cai, ano a ano, sem interrupção. A indústria de transformação, que gera mais valor, caiu mais ainda. O que cresceu não foi a área de serviços, como em paises mais ricos. Foi a agricultura.Lembra o programa da China? Fortissimos investimentos em Educação; Priorizar a exportação; Investir forte na industrialização.(sem prejuizo da agricultura). Nós estamos fazendo exatamente o contrário: Nada de educação, menos indústria e incentivos á importação. Claro que não pode dar certo. Enquanto nós incluimos 35 milhões de pessoas na economia, com Bolsa Familia, que cria dependência(18% da população), enquanto a China incluiu 400 milhões, com trabalho.(30% da população).
Quando eu era jovem o Brasil era o país do futuro. Ainda não é o país do presente e, se tudo continua como está, em 20 anos seremos um país que já passou. Uma Pena. Nosso Brasil é um país fantástico. Precisamos fazer algo. Penso que se nós empresários não fizermos ninguem fará. É preciso fazer alguma coisa.
Abraços, Oscar Rache Ferreira
Brilhante, mais uma vez!
Boa tarde professor,
Infelizmente essa é a realidade e não acredito que os governantes não estejam percebendo, acredito sim, que boa parte foi comprada. Ao invés de realizarem as reformas estruturais tão necessárias ao país, lançam medidas pontuais que não resolvem o problema, a exemplo do Plano Brasil Maior. Em relação ao domínio econômico por outros países já parece tendência, mas quiçá também seremos invadidos por novas nacionalidades na ocupação do nosso espaço geográfico, em algumas cidades como em Santa Cruz do Capibaribe, já tem empresário preocupado com a nova vizinha, os chineses...
Grande abarço,
Danyelle Monteiro
Postar um comentário