A cidade se preparou para receber as comitivas nacionais e estrangeiras envolvidas na imensa programação, fosse oficial ou oficiosa. Policiada como nunca, limpíssima e repleta de visitantes o Rio vivia dias de apogeu cosmopolita.
A Conferência Oficial tem sido no Rio Centro, local de convenções, situado na zona Oeste da cidade e afastado do burburinho da cidade grande. Por lá não andei, porque não faço parte de comitivas governamentais. Mas, andei observando o que acontecia no lado oficioso, espalhado, sobretudo, pela zona Sul da cidade. No Parque do Flamengo, vi que acontece a Cúpula dos Povos, reunindo inúmeros grupos sociais, em tendas especiais ali montadas. Os temas são os mais diversos, a grande maioria relacionada com a temática da sustentabilidade. Sei que havia grupos denunciando a fome nos países pobres, o crescimento desenfreado da população, a crise econômica, a emissão sem limites de gás carbono, assembleias de indígenas defendendo suas reservas e preservação das florestas, mulheres defendendo seus direitos e o planejamento familiar, grupos denunciando as atividades poluidoras dos países desenvolvidos, outros defendendo a geração de energias alternativas e renováveis e, sobretudo, contra a energia nuclear e assim por diante. Manifestações pacificas, entremeadas de outras mais estressadas, todas apontando na direção das reuniões do Rio Centro, onde representantes de quase 180 países (fala-se de 50.000 participantes) buscavam a formulação de um documento de compromisso – a Carta do Rio – a ser firmado no dia 22 de junho, quando se encerra a Conferencia, contando com as presenças de Chefes de Estado e Governos que começam a chegar na 4ª. Feira (20). Segundo se publica serão 110. A mídia, com acesso ao evento oficial, já dava contas de que as coisas não prometiam o sucesso desejado. Os representantes oficiais encontravam imensas dificuldades de um acordo e o tal documento final estava ameaçado de se tornar um fiasco. Ouvi, quando voltei ao Recife, que, para acalmar os ânimos, a tal Carta foi substancialmente resumida, de quase 100 páginas para, algo em torno, de 50, sem amarrar objetivos, nem metas. Fico pasmo com essa produção. Do que adiantou tanto esforço? Alguns militantes da sustentabilidade garantem que pouco se avançou em cima do que foi produzido na Rio 92, referindo-se a Conferencia de 1992, também no Rio de Janeiro. Depois de 20 anos?
O tema, meus amigos e amigas, é, de fato, polêmico. À medida que o tempo passa e os estudos e pesquisas se aprofundam, a discussão cresce como uma bola de neve. Formidável desafio para o homem moderno. Ora, num planeta que, neste 2011, atingiu a casa dos 7 Bilhões de habitantes, 52,5% vivendo nas cidades, comendo e poluindo, sem cessar e a base de uma infinidade de produtos e ferramentas agressivas, é de se vislumbrar um caos, como muitos ativistas pintam. Alguma coisa tem que ser feita, de verdade. Sem paixões ou exarcebações. Com mais educação! Para isto, é preciso que se estabeleça uma nova ordem internacional de ocupação do solo e uso dos recursos naturais, com rigoroso e urgente rol de critérios. Esta Conferência do Rio foi pensada nesse sentido. E aí, é decepcionante saber que não se chegará ao estabelecimento de claros objetivos e metas bem medidas.
Assim como a Cúpula dos Povos, no Parque do Flamengo, uma imensa e didática exposição foi montada, numa superestrutura, sobre o Forte de Copacabana, denominada de Humanidade 2012, aberta ao publico e chamando a atenção dos conferencistas para o clamor da degradação ambiental do planeta. Vide foto acima. Mesmo não sendo um ativista da sustentabilidade – rigorosamente, sou um simpatizante – sai sensibilizado pelas informações que recebi. Aquilo lá mostra, de forma escancarada, o atual estado da arte poluidora do Homem sobre a face da Terra. São imagens assustadoras e, o mais surpreendente, obtidas de coisas banais do dia-a-dia de cada um de nós, pobres mortais. Galerias com impactantes arranjos e muita plasticidade, leva o visitante a percorrer espaços capazes de sensibilizar o mais alheio dos indivíduos. Vide foto a seguir.
O assunto é vasto e a pauta gorda para todo tipo de meios de comunicação. Acompanhemos o desenrolar das negociações. A propósito, conversando com meu irmão que vive nos Estados Unidos, procurei saber sobre as repercussões da Conferencia do Rio, nas bandas de Tio Sam. Para minha surpresa, me informou que pouco se fala, ou, na verdade, nada se diz. Sintomático... Obama nem pensou em vir. Mandou Mrs. Clinton. Lamentável.
NOTA: As fotos são da autoria do blogueiro
6 comentários:
Caro Girley,
Seria bom que os homens tomassem juízo e tirassem da gaveta as tecnologias limpas já existentes que não estão sendo usadas ainda por mero interesse econômico. Mas aí em me lembro de nós mesmos. Quantos de nós estão dispostos a abrir mão de algums confortos supérfluos em prol do meio ambiente?
Mauro Gomes
Caro Girley,
Parabéns pelo blog. A tenda montada sobre o Forte de Copacabana e seu conteúdo foram desenvolvidos pela artista Bia Lessa sob encomenda da FIESP e da FIRJAN. Era para eu ter ido lá na última quarta-feira, mas o inverno em São Paulo chegou abrupto e eu tombei gripado.
Um grande abraço,
Newton de Mello
PS: A única coisa que parece estar fora de lugar, na fotografia de Recife, que aparece no topo do seu blog, atrás do Palácio “Campo das Princesas”, é aquele horrendo edifício branco do INSS. Millor Fernandes diria, parafraseando ele próprio, “enfim uma arquitetura sem estilo”. Edifícios horrendos semelhantes povoam os centros de São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre e até da “Cidade Maravilhosa” do Rio de Janeiro, não é mesmo, amigo Girley? Deveriam ser postos abaixo para tornar essas nossas cidades mais estéticas e aprazíveis.
Newton Melo (São Paulo)
Toda a paciência que se poderá ter com esse povo - os donos do mundo, é pouca. Não sei se você tomou conhecimento, o que mais ouvi, enquanto se passava a Rio + 20, é de que essa história de aquecimento da terra é balela, Trata-se APENAS, de um acontecimento natural, portanto, sem importância, da lua com a terra. Veja só! E outros afirmando que essa preocupação nada mais é que um disfarce , BEM URDIDO, para se esquecer da enorme quantidade de armas nucleares já existentes, capaz de destruir 34 vezes toda a vida na Terra. E eu, e comigo muitos, vamos vivendo de braços cruzados sem saber onde está a verdade., tendo como única esperanã a intervenção de Santo Expedito - o Santo das causas impossíveis. PARABÉNS.
Um forte abraço, Assis
Caro Girley,
Publicaremos seu artigo hoje no nosso site e nas nossas redes sociais – Facebook e Twitter.
Gostei muito do seu ponto de vista, do qual concordo plenamente. Lamentável tanto esforço para nada! Tanto investimento para nenhum resultado prático...
Um grande abraço,
Lucila Nastassia.
Estimado Antonio,
No me quieres adoptar con tu familia para que sigas “buscando respuestas para entender la sustentabilidad del Planeta???”
Isabel Badillo
(Mexico)
Girley:
Grande resultado da Rio + 20 : constatação da falta de
representatividade politica e da necessidade das comunidades se
organizarem para a auto promoção do Desenvolvimento LOCAL - único
realmente sustentável porque provindo da mudança de atitudes e
visões de mundo com identificação das riquezas, reais necessidades
das comunidades locais ( e não impostas por meios de comunicação
alienígenas e alienantes, inclusive com o uso de propaganda subliminar, valores e disponibilidades de recursos locais , e realização das potencialidades LOCAIS com mobilização e destaque
para o Capital Humano - Homem e GAROTAS : principio, meio e fim do
processo de desenvolvimento !
Leonardo Sampaio
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