É muito interessante conferir a diversidade cultural do Brasil. Em cada canto um povo diferente, um sotaque distinto, uma gastronomia nova e uma paisagem singular.
Integrando uma missão empresarial pernambucana estive por quatro dias, da semana passada, no Paralelo 30, o Rio Grande do Sul. Não chega ser uma novidade, pois já andei por lá outras vezes. Mas, a sensação do diferente e mais distante, sempre imprime uma sensação de primeira vez.
Ali, o Brasil é outro, comparado com o nosso Nordeste, começando pelo clima. Nestes tempos de quase primavera, o frio ainda é forte, exige agasalho e os parques já se colorem de forma exuberante com as flores da época. O mundo estava, quase todo, cor de rosa com os Ipês exibindo suas primeiras florações. Para quem vive numa região onde só se conhece inverno e verão, é pura festa para os olhos. Coincidentemente comemorava-se a Semana Farroupilha, antecedendo a data magna do estado festejada ontem, 20 de setembro. Havia festa por todo lado, no comércio, nos parques, escolas e onde mais coubesse. Fácil era avistar pessoas – homens, mulheres e crianças – embaladas pelos trajes típicos gaúchos. O churrasco, o chimarrão, as bombachas (calças de gaúcho) e as prendas (jovens vestidas com trajes típicos) dominavam a paisagem.
Porto Alegre nunca me convenceu como atração turística. Ao contrário da região serrana (Gramado, Canela, Bento Gonçalves, entre outras), a capital não exerce a desejada atração fatal como bela cidade. Contudo, é fato de que se trata de uma cidade pujante e com cara de metrópole. Claro que, alguns setores convencem. Mas, de forma pontual e exigindo muito do conjunto.
Andei por lugares interessantes e, entre outros, destaco: a belíssima e bem estruturada Pontifícia Universidade Católica – PUC. É de impressionar. Além de classificada como a melhor universidade privada do País, dispõe de uma superestrutura comparável às melhores dos Estados Unidos e Europa. É impressionante a produção de estudos e pesquisas daquele campus. Trabalhei um dia inteiro naquele ambiente e sai crente de que estive num primeiro mundo, com jeito brasileiro. Fiquei orgulhoso, por eles.
O gaúcho é muito cioso da sua cultura. Bairriiiista. Bate os pernambucanos. Haja orgulho naquela gente. Nacionalistas viscerais. Com aquele sotaque característico defende as cores, do estado e do Brasil, com unhas e dentes. Indo ao Rio Grande Sul nunca deixe de visitar um dos vários CTGs – Centros de Tradição Gaúcha. Estive num desses, o CTG 35, sediado numa churrascaria, onde "mergulhei de cabeça" no universo da tradição local. Comi, bebi e assisti ao show da casa, com as danças típicas dos pampas (Vide clipe no fim da postagem) e o espetáculo das boleadeiras, no qual o artista faz loucuras com as bolas nas pontas das cordoalhas de couro ( Procure no YouTube por “Show de boleadeiras”, vale à pena). Neste ponto os gaúchos são mais inteligentes que nós, pernambucanos. Ninguém sai do Rio Grande do Sul sem assistir a um show típico. Aqui em Pernambuco, nossos empresários do show-business nunca se habilitaram a montar uma casa para mostrar o frevo e maracatu, o ano inteiro. Uma lástima, porque público teria. Uma incompetência sem limites.
Gosto muito de visitar mercados públicos. Já tratei disto em outras postagens. O Mercado de Porto Alegre é um capitulo especial. Limpíssiiiiiimo. De fazer inveja ao nosso belo, mas, muito sujo Mercado de São José. Instalado num belo e antigo prédio, dispondo de espaços voltados para atender o fluxo turístico, é uma visita imperdível. (Vide foto, a seguir).
Para terminar, registro que, no centro da cidade, pude constatar a existência de muitos outros prédios de arquitetura neoclássica, admiravelmente bem tratados. Aliás, vírgula. Para lembrar que ainda estávamos no Brasil, onde, muitas vezes, o patrimônio histórico é destruído, sem mais,nem menos, revoltei-me diante do prédio do velho Teatro Carlos Gomes, desmontado e transformado numa loja de gosto duvidoso, no Centrão, e pintado com uma berrante cor, dando testemunho de descaso das autoridades locais. (Vide foto abiaxo) Um crime... NOTA: Fotos e clip são da autoria do Blogueiro
quarta-feira, 21 de setembro de 2011
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Voltando
Tenho tido dificuldades para emitir uma postagem semanal. Confesso. De tempos em tempos, essa dificuldade bate e termina cravando um estranh...
-
Prometi interromper meu recesso anual sempre que algo extraordinário ocorresse e provocasse um comentário do Blog. Estou, outra vez, a post...
-
Entre as muitas belas lembranças que guardo das minhas andanças mundo afora, destaco de forma muito vibrante, minha admiração com os cuidado...
-
Q uando eu era menino, ia sempre a Fazenda Nova – onde moravam meus avós e tios – para temporadas, muitas vezes por longo tempo, ao ponto de...
7 comentários:
Bom dia, Girley
é bom começar odia na WEB com você e desta vez, a comentar nosso rincão. Eu, desde que fui a primeira vez a Porto Alegre, me tornei fã, e permanecendo ao longo dos anos. Sua gente, sua cultura, alimentos e comportamento me seduzem até hoje. Que bom houvir sobre a PUC, só conheço a USININOS (grande P. Alegre)também particular. Parabés ao gaúcho, ao país e você que os descreve tão bem.Amo o rio Guaiba. Ladjane Conolly-PE.
Bom dia, Girley
é bom começar odia na WEB com você e desta vez, a comentar nosso rincão. Eu, desde que fui a primeira vez a Porto Alegre, me tornei fã, e permanecendo ao longo dos anos. Sua gente, sua cultura, alimentos e comportamento me seduzem até hoje. Que bom houvir sobre a PUC, só conheço a USININOS (grande P. Alegre)também particular. Parabés ao gaúcho, ao país e você que os descreve tão bem.Amo o rio Guaiba.
Ladjane Conolly-PE.
Girley:Sou suspeitíssima,pois tenho 4 estados-natal.PE/PB/MA/RS.Sou e fui muito bem recebida,pois tenho em Recife e Fortaleza duas 'irmãs' pernambuchas.As familias delas lá abrem coração e portas.O mercado tem doces finos,um luxo,e o estado do RS embala qualquer coisa para viagem.É outro pais,como disse o guia folgado,José Valmir Costa,de quem somos amigos hoje.Na agencia da CAIXA em CAXIAS,tem loja que coloca móveis como mostruário,e estavam impecáveis.Aqui seriam ras gados.Profissionalismo na mão-de-obra é outro capítulo.Em 2006 entreguei documento na mesa do auditorio do DP a ABIH,Roberto Pereira sobre exatamente isso.Mas nós n ão somos bairristas,cearense é.Senão,nos juntariamos para fazer o MELHOR por PE e Recife.Cristina Henriques
Olá Girley!
Parabéns pela matéria. Preservar a memória é um dos meus asssuntos prediletos, hoje já é parte do meu dia a dia.
Denunciar, criticar essas barbaridades também faz parte da preservação da nossa história.
Regina Pinto Ferreira
Olá Tche
Gostei do seu relato. Eu gosto de Porto Alegre e de curtir o por do sol no passeio de barco no Guaíba.
O Centro Cultural Santander é quatro vezes maior do que o daqui. Você escreve muito bem que P.A. não é propriamente uma cidade bonita e que o gostoso é passear em Gramado, Canela e no circuito do vinho.
Sempre tenho uma ponta de tristeza quando vou ao mercado público de São Paulo e ode Porto Alegre e me dou conta como o nosso de São José é tão mal cuidado. A SUDENE, pelo DDL, participou com recursos financeiros e apoio técnico do arquiteto Geraldo Gomes na reconstrução do Mercado de São José
quando do incêndio que destruiu metade do Mercado.
Um grande abraço
Joe
Caro Girley
O Nordeste no meu entender tem uma cultura popular imensa (frevo, forro, bumba meu boi, boi , maracatu, quadrilha,ciranda cantorias e desafios, só para citar algumas) que precisa ser trabalhada como um Centro de Tradições Nordestina-CTN , assim como tem os gaúchos os seu CTG. No meu entender falta a iniciativa privada desenvolver essa área, incorporando ao turismo local. Ha mais de dez anos atrás estive em Natal e no hotel fui convidado a conhecer a cultura nordestina e nos ofereceram o show em duas casas de espetáculos com direito a van levando e trazendo. Escolhi uma delas, salvo engano o nome era Mandacarú, chegamos a uma casa de espetáculos bem montada com um Hall deslumbrante decorado com peças, fotos e artesanato nordestino de forma que você já incorporava o tema. A partir dai entramos em um amplo salão de festas tendo ao fundo um palco onde uma orquestra afinada, tocava MPB da época e clássicos da Musica internacional para dançar.
Nas mesas podíamos pedir bebidas diversas, em especial caipirinha e caninha, servidas de diversas formas e com tira-gosto regionais.
Em determinado momento é anunciado o jantar com um bufet de pratos regionais diversos self service, com o fundo musical da orquestra. Passado um tempo são servidos doces e sorvetes de frutas regionais.
Como se diz no interior "com o comer no bucho" dá inicio ao show e se apresentam dois mestres de cerimônia travestido de Mateus e Caterina, que passam a comandar a festa falando da nossa cultura, contando causos e apresentando a nossa musica e danças começando pelo sertão com o Xaxado e ai segue entremeando,causos, musica dança e piadas com o publico e sempre puxando o publico a participar e dançar como por exemplo a ciranda com os dançarinos e dançarinas ensinando , naquela noite mais de 200 pessoas.
Não preciso dizer que a festa terminou com uma bela apresentação de frevo e seus passos, carregando depois todos para o salão. Grand Finale.
O interessante que ao sair me foi oferecido um vídeo ( fita na época)em que mostrava as paisagens do RGN, Natal as nossas tradições nordestina, artesanato, pratos típicos e o show, incluindo "você" dançando e participando do espetáculo. Todos compraram as fitas. Uma lição de empreendedorismo.
Naquela época o turismo no Recife era muito superior ao de Natal e hoje não é mais, houve uma inversão. Naquela ocasião no Recife se o turista quisesse conhecer a nossa cultura, tinha que se aventurar a culinária no Buraco da Otília(Hora do Almoço), que diga-se de passagem muito bom, na ocasião, onde meu prato predileto era "de tudo um pouco".
Na noite a opção, se fosse dia de espetáculo, podia ir com muito sacrifício no deslocamento ao Balé Popular do Recife, organizado pela família Madureira, brilhante espetáculo teatral, mas sem a participação do publico.
Por essa e outras é que o nosso turismo cultural se esvai, ficando o turismo de negocio e as idas as praias de PORTO.
Mas é o resto as opções do interior? Ninguém sabe ninguém vê, ou seja, nosso turismo cultural esta morrendo, tirando as iniciativas dos BRENAND (Ricardo e Francisco)e alguns outros.
Na área publica a FUNDAJ morreu e não sabe, aparelharam politicamente, o Museu do Homem do Nordeste, antigo Museu do Açúcar de estudos e repercussão internacional, salvo engano esta fechado a anos em reforma, espero que o novo presidente traga a FUNDAJ as suas origens e pujança que o seu patrono merece, pois nem o centenário de Joaquim Nabuco foi comemorado como merecia, pois não sei, se a época, o presidente da fundação conhecia sua historia.
Mas como sempre a esperança é a ultima que morre, faço votos que o nosso brilhante governador, cumpra a sua promessa de resgatar uma divida histórica do Nordestino com um homem chamado LUIZ GONZAGA - O Rei do Baião, que no século passado divulgou nossas tradições como ninguém e que merece seja implantado o seu memorial em um antigo armazém do Porto do Recife.
Breno Rodrigues de Sousa
Boa noite professor,
Ainda não conheço o RS tche, mas pretendo... estou deixando por último com medo de gostar muito e não querer mais voltar... ah, adorei o vídeo!
Beijão,
Danyelle Monteiro
Postar um comentário