segunda-feira, 4 de abril de 2011

Pobre turismo brasileiro

Crescem, cada vez mais, as preocupações quanto à competitividade do Brasil, por ocasião dos mega-eventos Mundial de Futebol de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Há apreensões dentro e fora do país. Esses últimos dias exacerbam-se as criticas quanto ao atraso das obras dos estádios. Especula-se que a situação está pior do que o que ocorreu na África do Sul. Fala-se em politicagem na FIFA, mas, cá prá nós, a verdade está aí e os fatos (e fotos) não negam. Mas também, é preciso frisar que a questão não se resume aos atrasos das construções dos estádios. Há um mundo de outros itens preocupantes, que inclui: infra-estrutura viária, aeroportuária, urbana, prestação de serviços (transportes de massa, taxis, hotéis e restaurantes, segurança, assistência médica de emergência, entre outros), para receber as levas de torcedores estrangeiros. Dá vontade de fugir para bem longe, na hora do “pega...” Também, não é para menos! Uma pesquisa recentemente divulgada, pelo Fórum Econômico Mundial, dá conta de que o Brasil perde posição no ranking mundial de competitividade no setor turismo. O país ficou no 52º lugar entre os 139 países avaliados. Na pesquisa anterior (2009) ocupou o 45º posto. É o 7º destino nas Américas. Foi ultrapassado, agora, pelo México e Porto Rico, que levavam desvantagens anteriormente. Tenho andado muito lá por fora. Quem acompanha este Blog sabe do que falo. Infelizmente há uma brutal diferença entre o Brasil e os países que visitei recentemente. Até a África do Sul surpreendeu-me: aeroporto funcional e ágil (a Copa do Mundo 2010 ajudou muito), estrutura viária e serviços de atenção ao turista sem dever a qualquer outro tradicional destino turístico. Se a comparação for com países da Europa nem se fala. Mesmo alguns países bem remotos como a Nova Zelândia, que visitei recentemente, pude conferir visíveis diferenças da entrada à saída. O Brasil não dispõe de nem um aeroporto que possa receber o mega-avião Airbus 380 (dois andares e até 845 passageiros). A Nova Zelândia tem! Acho que duas coisas estão bem claras para o mundo ligado no turismo: a primeira é que a atividade se expande economicamente e em progressão geométrica na medida em que a comunicação, o marketing turístico e os meios de transportes evoluem de modo acelerado. A segunda coisa é que há um crescente interesse das pessoas – sobretudo os jovens – em correr o mundo e gozar das delicias que é se expor à novas sociedades e culturas e curtir novas paisagens. Tudo isto, sem falar no “boca-a-boca” que se faz no mundo inteiro, que é a melhor propaganda de um destino turístico. Essas coisas têm levado a que países pobres ou ricos se preparem competentemente para receber os visitantes. É um dos melhores nichos da economia globalizada, sem dúvida E o Brasil, coitado, anda capengando. Cada vez mais nos distanciamos da competência, apesar da riqueza cultural, ecológica, gastronômica, etc. Claro que há muitos estrangeiros que visitam o Brasil e volta fazendo um “boca-a-boca” positivo. Mas, há uma imensa legião que volta às origens decepcionada com o receptivo brasileiro: os aeroportos estão ultrapassados (veja foto de Guarulhos - S. Paulo) e em crescente colapso. Ninguém gosta de correr riscos de segurança e aqui é inevitável. Ninguém gosta de taxista suado e fedorento, mas tem que se submeter a esse desconforto. É difícil se comunicar, salvo por gestos e mímica, porque poucos falam inglês ou espanhol. O serviço nos restaurantes deixa a desejar. Os transportes públicos não funcionam e se, por azar, precisar de um socorro médico, corre um risco danado. O Brasil vai despencando no ranking e, pelo visto, tem sombrias perspectivas. Basta ver o perfil do Ministro da pasta do Turismo, que, segundo dizem, não obstante as oitenta primaveras vividas, promove bem um motelzinho de terceira categoria, em São Luis do Maranhão, como sendo uma atração nacional em matéria de hospedagem, tipo fast-food. Pobre Turismo Brasileiro... NOTA: Foto obtida no Google Imagens

6 comentários:

Mauro Gomes disse...

pois é Caro Girley,

A coisa tá ficando preta.

Corremos mesmo um sério risco de passarmos uma vergonha mundial.

Mauro Gomes

Adilson Carneiro disse...

Girley
UMA COPA DO MUNDO DURA NO MÁXIMO 30DIAS. EM 15 DIAS METADE ESTÃO DESCLASSIFICADOS. COMO SÃO 32 PAISES TIRANDO O BRASIL PARA CÁ VIRÃO CERCA DE 1000 PESSOAS POR PAIS. 15 DIAS NO BRASIL COM PASSAGEM DEVERÁ FICAR POR 20 MIL DOLARES.
ESSAS PESOAS FICARÃO EM 10 SUBSEDES . NO CASO DO RECIFE SE VIER UMA CHAVE COMO : AUSTRALIA / ALEMANHA/ NIGERIA E SERVIA
TEREMOS 4000 PESSOAS AQUI E CADA JOGO TERÁ 2000 PESSOAS PODE SER NO CAMPO DAS BARBIES, NOS AFLITOS. NIGERIA SERVIA E AUSTRALIA SÃO PIORES QUE : PORTO CENTRAL E ARARIPINA. ninguem quer ver esses bostas.
A copa poderia ser no ARRUDA, esss imbecis da FIFA pediram 10.000 vagas de estacionamento mas o povo vem todo de avião...
Teremos mais um mega WHITE ELEPHANT, e o povo que se f#*@ na falta dos hospitais etc.
Grande abraço
Adilson carneiro

Corumbá disse...

Girley:
Compatuo fielmente com sua opinião. Aliás, nem imagino quais são ou serão os benefícios de uma Copa do Mundo no Brasil para nossa população, pobre, doente, ignorante, mal-educada e semi-analfabeta, para dizer o mínimo. Fazer disso uma prioridade nacional é ridículo demais...

Mary Caldas disse...

Meu caro Girley

Sua pre-visão no que vai dar a Copa do Mundo daqui há três anos no país dimensiona bem a total falta de infra estrutura no que você intitula muito bem de "pobre turismo brasileiro".
A sua inquietação tem a competência de uma pessoa habituada a viajar, a minha de ter ingressado no turismo há quatro anos e me deparar com situações bem constrangedoras pela total falta de noção/educação das pessoas envolvidas com turismo no desempenho de suas funções mais simples ao lidar com o turista.
Imaginemos agora como será em 2014 quando o fluxo turístico será bem mais elevado?
Muito pertinente o seu texto. Como o Mauro Gomes disse "corremos um sério risco de passarmos uma vergonha nacional" que eu completaria com uma vergonha internacional.
Abraço, Mary

João Conte disse...

Caro Girley, bom dia.
Muito bem levantado.
Forte abraço,
João Conte

Danyelle Monteiro disse...

Boa tarde professor Girley,
De fato a situação é preocupante, porque a área de turismo passa por outras áreas de prioridade nacional; por exemplo, se a situação do transporte público está do jeito que está agora imagine com a quantidade de gente que virá para cá. E os recursos hídricos, de onde sairá a água para todos os empreendimentos? Será que os empregos gerados na fase de operação e durante o período dos jogos compensará o investimento público e os danos ambientais? Ou esse será mais um custo implícito que será pago pela sociedade? Porque enquanto “os turistas” estiverem aqui gerando emprego e renda todo mundo estará feliz, mas depois que forem embora, se não tiver um planejamento que dê continuidade à geração de renda, logo acabará o dinheiro, chegará o desemprego e agora com mais agravantes gerados pelos danos ambientais, ou seja, mais custo para a comunidade local.
O turismo deveria ser encarado como mais uma variável a ser apoiada para o desenvolvimento sustentável, mas o que vemos é o descaso do setor público e da sociedade como um todo; qual o turista que vai querer passear em ruas sujas, mal iluminadas, cheia de trombadinhas, fedendo?
Vai todo mundo(literalmente) querer correr para o paraíso de Porto de Galinhas, que não vai comportar tanta gente.
E mais, copa do mundo a parte eu só espero que não venham com vistas ao turismo sexual, só espero isso; teremos que ficar ainda mais atentos.
Pernambuco tem tanta história pra contar, tantos prédios históricos do período colonial (infelizmente muitos caindo aos pedaços), tantas belezas naturais (e praias marrons de esgotos), tantos bares e restaurantes legais (pena que a maior parte dos funcionários não falam inglês), tantas representações culturais ímpares (pena que não tem apoio nenhum para se apresentarem)... nossa, cheguei a conclusão que a questão do turismo aqui no nosso Estado está intimamente ligada à outras questões indissociáveis e então me veio à mente uma das falas de Ignacy Sachs sobre desenvolvimento sustentável: “Podemos dizer que o desenvolvimento é a universalização efetiva do conjunto dos direitos humanos; por direitos humanos eu entendo não só os direitos cívicos, mas eu entendo direitos econômicos, culturais, sociais e todo conjunto de direitos coletivos.”
Grande abraço,
Danyelle Monteiro

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