O Recife vem, nesses últimos meses, entregue à sujeira e maus tratos, sem precedentes. Não precisa ir muito longe. O centro da cidade, bem como artérias em bairros importantes, se encontra em estado de verdadeira calamidade. Não dá para mostrar a cidade a um visitante sem passar por dificuldades e vergonha. Isto aconteceu comigo. Acompanhei um cidadão, misto de empresário e turista, pelas imediações da Praça Joaquim Nabuco, Rua da Concórdia e região da
Dado infeliz momento, meu ciceroneado manifestou interesse de se aproximar da murada do rio Capibaribe para ver de perto o manguezal, exuberante a distancia. Um choque! A vergonha foi bem maior. O que vi lá é algo como a antevisão do caminho que, segundo pintam, leva ao inferno. Quanta sujeira! Cá pra nós, de um primitivismo atroz (Foto a seguir). Dizem que as margens do Tamisa, na Londres dos séculos 17 ou 18, eram tão sujas e fétidas que provocava mortes na população, pela falta de higiene pública. Foi do que lembrei e cheguei a comentar com meu amigo visitante.
A partir dali resolvi não inventar mais nenhuma desculpa. Diante daqueles fatos concretos, não havia mais o que fazer ou dizer. A coisa além de feia era a pura realidade. Foi então que resolvi fotografar tudo que me apareceu pela frente e protestar neste espaço, apesar de pouco lido e humilde.
Numa atitude de gentileza, meu amigo, percebendo a minha perplexidade, se apressou em me acalmar com comentários elogiosos ao prédio da Casa da Cultura, ao mérito de transformar uma velha prisão num espaço cultural, o casario da Rua da Aurora, a ponte da Boa Vista, as igrejas seculares, o artesanato que comprou e, por fim, reforçando seu gesto, lembrou que o brasileiro ainda não aprendeu a preservar suas cidades ou cultivar hábitos de higiene coletiva. Isto ocorre, argumentou, no país inteiro, aqui ou na próspera cidade onde vive, no interior de São Paulo. Fiquei agradecido, mas, entalado, sem ter o que dizer, com o abandono da minha cidade. Uma coisa meu amigo tinha razão quando disse que o povão pouco se incomoda em depositar seus descartáveis nas lixeiras apropriadas. A prova estava ali diante dos nossos olhos: cascas de frutas, copos plásticos usados, latas de refrigerantes, pontas de cigarro, sacos plásticos vazios, garrafas, roupas velhas, caixas de papelão, vasos sanitários quebrados, moveis imprestáveis, tudo enfim, é abandonado na via pública a espera da coleta que, infelizmente, não vem.
Ao fim da manhã, peguei meu amigo pelo braço, meti-o dentro do carro, e procurei um local mais digno do visitante. Escolhi a varanda do Country Club, que por sorte sou sócio, onde pude amenizar a péssima imagem que ele guardou dos canais e margens da Veneza Brasileira.
Socorro, Prefeito! Cuide da nossa cidade! Além de ser sua missão, lembro que julho é mês de férias e a cidade precisa estar apta para receber os turistas!
NOTAS: 1) As fotos são do Blogueiro, em momento de desespero.
2) O Blogueiro vai tomar providências para que esta postagem na seja enviada aos leitores de fora, principalmente estrangeiros.