Minhas explicações foram, de algum modo, rechaçadas veementemente. “Prefiro Recife, cidade pequena, porém decente...” alguém comentou.
No tocante à insegurança, afirmei sentir mais tranquilidade circulando em São Paulo e no Rio, porque este problema nessas duas cidades tem endereços certos (de modo geral nas periferias e favelas dominadas pelo tráfico de drogas), enquanto que no Recife parece ser em qualquer lugar. Digamos que sei por onde andar nessas duas cidades em questão. Já no Recife, infelizmente, ando, por todo lado, sobressaltado. Quem acompanha este Blog, deve lembrar os relatos que fiz, entre outros, sobre os ousados assaltos na porta do meu prédio, em pleno bairro dos Aflitos. Atualmente, a vizinhança anda literalmente aflita e entrando apressada nas garagens, antes que apareça um assaltante. Resultado: somos integrantes de uma comunidade de aflitos, quem sabe para fazer jus ao nome do bairro. A policia faz rondas e plantões na região, mas, tolo é quem confia...
Tenho amigos que optaram viver no bairro de Aldeia, Camarajibe, região metropolitana do Recife, mas que já relatam casos de assaltos. Estamos sem opção.
Mas, afinal, onde se vive bem? O mundo está muito difícil. Eu disse o mundo, não foi o Brasil. O processo de urbanização, a vontade de viver com as vantagens do progresso, muito mais fáceis nas grandes cidades, as dificuldades de abrigar os imensos contingentes populacionais que migram do campo para as urbi, de países pobres para ricos, transformam o planeta num caldeirão de infinitos conflitos sociais e guerras. Tanto faz aqui, como ali ou acolá. Poucas são as ilhas de tranqüilidade.
As reações dos leitores e amigos, junto com novas reflexões, induziram-me perambular pela internet na busca de informações para compor esta postagem. No InterJornal, da PRNewswire (http://www.interjornal.com.br/) encontrei uma matéria interessantíssima: um estudo do Instituto Legatum (http://www.li.com/) publicado em Nova York, em novembro passado, dá conta dos resultados de uma pesquisa, envolvendo 104 países, classificando-os com base num certo IPG - Índice de Prosperidade Global 2008, calculando segundo o modo que esses países fomentam o crescimento econômico e o bem estar das pessoas. Brasil e México saíram empatados na 43ª. Posição, abaixo do Chile, que veio em 27º. lugar – o melhor classificado entre os latino-americanos –, da Argentina, em 31º., Uruguai no 36º. e Costa Rica classificada na 38ª. posição. Ainda no âmbito da América Latina, tive a curiosidade de conferir a situação da Venezuela que, apesar de Hugo Chaves, veio no 58º. lugar e a Colômbia que saiu no 61º posto. Outros países da América Latina como Nicarágua, Equador e Bolívia, só fui encontrar entre os piores classificados (quartil inferior) devido aos seus governos ineficientes, baixos níveis de educação, altamente dependentes de ajuda externa, desemprego crônico e baixas expectativas de vida.
Uma coisa admirável desse IPG é que considera, além do sucesso econômico, outros aspectos interessantes como fortes laços familiares e comunitários, liberdade política e religiosa, educação e oportunidade e, por fim, ambiente saudável. Numa referência maior o Índice “constata que as pessoas e os governos têm um papel na promoção da prosperidade nacional”. Alan McCormick, diretor do Legatum observou que “o índice revela que os governos sozinhos não podem determinar a prosperidade, mas podem fomentar um ambiente que encoraje a prosperidade através da redução da dependência de ajudas e na implementação de políticas inteligentes que permitam aos cidadãos viver de maneira produtiva. Os cidadãos são responsáveis por aproveitar as oportunidades que acompanham o aumento da liberdade e privilégios”.
Naturalmente que conferi, também, o ranking na sua parte superior. A Austrália é a ilha da prosperidade e da tranqüilidade que qualquer um deseja. É o país campeão dessa corrida. Lá existe progresso, liberdade e bem-estar social. Depois dela vêm Áustria e Finlândia. O Japão, país que tenho especial admiração e conheço bem, vem, para minha surpresa, somente em 13º. lugar, seguido pela França, Canadá, Noruega, Reino Unido e Bélgica, empatados no 14º. Os Estados Unidos ficou classificado na 4ª. posição. Os piores situados foram Zâmbia, Mali e Iêmen, este o último colocado. Ah! A serena e sempre neutra Suíça é a 7ª.

NOTA: Foto obtido no Google Imagens