A situação do Papá Lugo não teria nenhuma repercussão se o cara não fosse um sacerdote, bispo licenciado da Igreja Católica paraguaia e, por cima, o Presidente da República. Nessas circunstancias a coisa é grave e, como não poderia deixar de ser, o bicho pegou o bispo.
Vejam que situação vexatória: o homem é bispo (da Província de San Pedro) e passa ferro na fiel que foi pedir ajuda para solucionar um problema que tinha com o ex-companheiro, do qual havia engravidado e dado à luz a uma menina. Foi em busca de solução e arranjou mais encrenca. O resultado da “conversa” e do “conselho” do pastor foi outro bucho, que desembuchado recebeu o bíblico nome de Lucas. O garoto recebeu assistência financeira de Papá Lugo até que completou os dois anos de idade, quando caiu no esquecimento de papito que, agora, nem atende ao telefone da mãe do garoto e, por conta disso, e vingança pesada da mulher seduzida, se vê em palpos de aranha para explicar ao mundo essa outra travessura de alcova. Ela vive na pobreza, vende detergente caseiro nas portas da periferia de Cuidad del Este, fronteira com Foz do Iguaçu, no Brasil.
É isto aí gente. Estamos diante de mais um, entre os milhares, dos casos de sacerdotes católicos que não conseguem respeitar as regras rígidas do celibato.
Esta história vem de longe. Desde o Século V que a coisa rola, sem que, contudo, tenha sido seguida de maneira rígida. Muitíssimo depois, somente no Século XVI, que no Concílio de Trento (1545-1563) estabeleceu-se definitivamente o celibato sacerdotal obrigatório. Na ocasião a Igreja de Roma teve que tomar atitudes severas para acabar com a gandaia que reinava entre os seus sacerdotes. Descobri nas minhas pesquisas que, antes disso, durante certo Concilio em Costanza(não encontrei a data), na Alemanha, 700 prostitutas foram convocadas para atender sexualmente aos bispos ali reunidos. Assim... naturalmente, sem que houvesse qualquer tipo de restrição ou condenação. Numa nice... Outra coisa que estimulou a decisão de Trento foi a clara intenção de dar uma resposta à recente Reforma Protestante que permitia, e, inclusive, promovia os casamentos dos seus sacerdotes. Quer saber mais? Clique, por exemplo, em: http://forum.cifraclub.terra.com.br/forum/11/120170/ . Vale à pena uma espiada.
O celibato é uma grande hipocrisia e tem sido constantemente combatido e discutido nos concílios ou encontros similares da Igreja Católica, sem que haja algum progresso, não obstante os inúmeros movimentos católicos de renovação em defesa da sua abolição. Bento XVI, o atual papa, já deu seu veredicto sobre o assunto: o celibato é necessário. Que jeito...
O resultado dessa posição radical e retrógrada está explodindo, a cada dia e nos quatro cantos do mundo, através dos Lugos irresponsáveis, por pervertidos sexuais que molestam menores, ou ainda nos escândalos homossexuais intra-muros dos mosteiros e conventos católicos. Incluindo as freirinhas. É. Elas são bem danadinhas, também.

Estudei em colégios dirigidos por padres e irmãos católicos e lembro das figuras que, visivelmente, negavam ao mandamento do celibato. Muitos tiveram a coragem de largar as batinas, casar e constituir famílias. Outros continuavam na “clandestinidade” e outros mais eram homossexuais, cujas peripécias eram comentadas “a boca miúda” pela estudantada fofoqueira e reprimida da época. Pense na fuxicada dos corredores.
Na verdade, deve ser muito difícil para o sacerdote ou uma freira – um ser comum, de carne, osso e sistema nervoso – viver podado dos fortes instintos sexuais. É o tipo da coisa incontrolável. Imagine o seminarista, jovem e indefeso, no explodir dos hormônios da juventude, ver-se obrigado a “segurar a barra”. Coitado... Não tem saída. E o pior: na dúvida e na hora do “pega pra capar” ou dá ou desce. Imagino que deve imperar a lei do mais forte, num tipo de “guerra é guerra...” Uma lástima. Haja hipocrisia.
A meu ver, isso devia ser visto de modo mais atual. A Igreja Católica ganharia muitíssimo com uma mudança dessa regra obsoleta. O mundo mudou e a Igreja congelou!
Seria tão mais fácil flexibilizar aos poucos, restringindo o celibato aos voluntários e, quem sabe, aos aspirantes a cargos mais graduados (cônegos, bispos, arcebispos, cardeais, papa). Quem não tivesse essas aspirações poderia fazer sua vidinha particular, constituir suas famílias e verem-se livres das manobras escusas de alcovas, das condenações e ser um bom sacerdote. Isto reduziria muitíssimo os escândalos de seduções "donjuanescas", pedofilia, homossexualismo, orgias monásticas e qualquer tipo de peripécias sexuais. Como conseqüência positiva, aumentaria as vocações sacerdotais e faria nascer uma Igreja mais humana. E, por esse caminho, Lugo não estaria nessas dificuldades, que já põem em risco sua trajetória política de imenso significado histórico para o Paraguai. Não condeno o bispo. Ele pode ser, até, um mau caráter! Mas foi humano.