sexta-feira, 30 de maio de 2008

SAN MARINO – República da Liberdade (Pé no Mundo Serie 2 No. 4)

Cidade-Estado, pincipado, países minúsculos, sempre exerceram muito fascínio na minha cabeça de viajante. Para quem vive num país de dimensões continentais, como o Brasil, percorrer um outro em poucos minutos ou num par de horas é, sem dúvidas, uma experiência pouco comum. É o que sinto, por exemplo, ao entrar no Vaticano ou em Mônaco. Ou quando passei pelo Liechtenstein e Andorra.
Movido por esse tipo de interesse, não tive dúvidas de visitar, nesta minha última viagem à Itália, a República de San Marino. Um enclave no território italiano.
A trajetória entre Bolonha e Rimini, na costa do Mar Adriático, Leste da Itália, foi vencida em mais ou menos uma hora, num confortável trem Inter-City. Dali até San Marino foi um salto. Num moderno ônibus de linha, que parte da frente da estação ferroviária italiana, o visitante alcança a mais antiga república da Europa, a República de San Marino.
O país, encravado no território italiano, entre as províncias da Emília-Romana e Marche, tem apenas 60 km², divididos entre nove municípios – o que corresponde a nove castelos – esparramados sobre o Monte Titano, de cima do qual se avista o país inteiro.
Segundo a história, na verdade é uma lenda, San Marino foi fundado no Século IV, por um eremita, com um grupo de seguidores, que se afastaram no monte, fugindo de perseguições. Desde o século XII o país tem uma sólida estrutura política, baseada num estatuto, transformado na atual Constituição, capaz de suportar crises provocadas por forças endógenas e exógenas.
No século XVI foi ocupado por César Bórgia. Várias vezes os Estados Pontifícios tentaram anexar a república. Quando Napoleão invadiu a Itália respeitou a independência da republica e ainda propôs a ampliação do território. Isto foi no final do Século XVIII. Após as guerras napoleônicas, em 1815, o Congresso de Viena reconheceu a soberania do País.
Durante o século passado problemas políticos envolvendo membros dos partidos comunistas e socialistas impuseram várias crises, sem que qualquer dessas pusesse em risco a autonomia da velha república.
Mas, deixando a história de lado, minha experiência atesta que percorrer San Marino é uma das mais interessantes visitas do gênero. Não suplanta, é verdade, a beleza de Mônaco, mas é, no seu todo, um conjunto de castelos parecidos com os dos contos de fada ou tirados dos filmes de Walt Disney. As ruas são estreitas e repletas de arcadas e sólidas construções de pedra e cal. Lojas, bares e restaurantes preenchem esses espaços, fazendo a alegria do visitante e mantendo a base econômica local. Como se trata de uma zona de livre comércio, tudo que se comercializa por lá é, mais ou menos, 40% mais barato do que na Itália, ali bem juntinho. Ao lado disso, a paisagem que se descortina do alto, com Mar Adriático ao fundo e as belas construções locais, compõe um mix dos mais atrativos para o turista.
O ônibus que faz linha internacional, entre a Republica e Rimini, não tem como chegar ao topo do Titano e, por isso, a partir de certo ponto um teleférico transporta as pessoas até o centro da Vila San Marino, lugar central do País. Preferi subir, aos poucos e a pé, valendo-me de ladeiras e escadas, parando aqui e acolá, examinando lojas e degustando bebidas ou petiscos oferecidos nas casas comerciais, até atingir o alto do Monte.
Do alto do monte, pude dizer que vi uma republica por inteiro, num abrir e fechar de olhos, com uma paisagem que, no Brasil, costuma-se dizer ser parecida com um presépio.
Naturalmente que tudo aquilo tem um que de Itália. No idioma, na gastronomia, nas manifestações artísticas e no modo de ser, o samarinês se espelha no italiano, preservando, contudo, sua independência e sua história secular de liberdade.
Giuseppe Garibaldi, O Homem dos Dois Mundos, depois de lutar pela liberdade no Sul do Brasil, Uruguai e durante as lutas pela unificação da Itália, se exilou em San Marino. Encontrei por lá, em praça pública, uma placa em mármore assinalando o agradecimento de Garibaldi pela acolhida recebida.
Na entrada do país um grande portal sustenta um letreiro que diz “Bem-Vindo a Terra da Liberdade”. Isto, indiscutivelmente, transmite uma sensação de bem-estar.
As fotos e clip desta matéria - da autoria do Blogueiro - ilustram a descrição deste singular país.
Clique abaixo e sinta a sensação de um passeio relâmpago em San Marino. Duvido que não sinta vontade de arrumar a maleta e ir até lá. Boa Viagem!


7 comentários:

Corumbá disse...

Caro Girley:
Como sempre, fantástica história e descrição da viagem. Senti-me assistindo o Globo Repórter e, no fim, Chico José...rs
Parabéns e obrigado!
Aguardo mais.
Corumbáeh

Anônimo disse...

Querido contador de visitas, conheço um pouco daquela região (italiana) mas a riqueza de detalhe em sua mensagem, faz lembrar momentos felizes em viagens pelo velho mundo. Lindo, parabens. Rolim

Anônimo disse...

Querido contador de visitas, conheço um pouco daquela região (italiana) mas a riqueza de detalhe em sua mensagem, faz lembrar momentos felizes em viagens pelo velho mundo. Lindo, parabens. Rolim

Anônimo disse...

Oi, Girley, quanto tempo!!

Acabo de chegar de férias da Tailandia também cheia de historia para contar, mas não resisti ao seu chamado e vim dar uma bisbilhotada aqui no blog. Como sempre, ótim! Estou adorando esse giro cultural pela Itália, não deixe de contar suas aventuras aqui, tá?

Abração,

Bruna

Anônimo disse...

Caro amigo,
Gostei de rever a Itália, tudo é muito bonito. Parabéns!!!!
Ina Melo

Anônimo disse...

Querido Girley, estou adorando conhecer a Itália, tendo você como comentarista.
Beijos, Clécia

Anônimo disse...

Gostei Girlei .parabéns

Saulo Gorestein

Voltando

Tenho tido dificuldades para emitir uma postagem semanal. Confesso. De tempos em tempos, essa dificuldade bate e termina cravando um estranh...