sexta-feira, 23 de maio de 2008

BOLONHA – Cenário em Terracota (Pé no Mundo Serie 2 No. 2)

É interessante como as cidades italianas parecem ter, cada uma delas, características arquitetônicas bem próprias. Umas têm avenidas largas, outras muitas fontes e jardins, outra brota no meio das águas, como é o caso de Veneza, algumas, da época medieval, são enclausuradas em altíssimas muralhas, com casinhas de pedra e cal e muitas outras são pequenininhas esparramadas sobre montanhas, como as que vi na passagem pela Toscana. Estas, aliás, vistas de longe, mais parecem miniaturas ou casinhas de brinquedo.
Bolonha, capital da Região da Emilia-Romana, onde passei seis dias, é uma cidade monumental, importante centro econômico e cultural, localizada no meio do caminho entre Roma e Milão, as maiores cidades italianas. É ainda um importante parque industrial e foi sempre uma grande encruzilhada comercial, desde que conquistada pelos romanos no ano 187 AC. Já são, portanto, quase 2200 anos de história e cultura.
Ao longo dos tempos, Bolonha construiu uma cultura própria e, no meio disto, um estilo arquitetônico muito próprio. É austero e caracterizado por galerias e arcadas, que, domina toda a cidade. Ao todo, são 37 km de galerias e arcadas. É algo notável. Engraçado, guardando as proporções e com a licença dos italianos, a Avenida Guararapes, no Recife, é formada de edifícios com galerias, quem sabe inspiradas nas de Bolonha.
Nessa especial arquitetura bolonhesa, o que mais chama a atenção é que todos os prédios comerciais, residenciais, palácios, templos e edifícios, seja qual for o seu fim são pintados na cor terracota, com pequenas variações de tonalidade. É muito interessante. O centro histórico da cidade tem um primoroso conjunto arquitetônico, diferente de qualquer outra importante cidade italiana. São ruas e ruas, sempre com arcadas e galerias, em tons terracota. Como não existe poluição visual, como no Brasil, a beleza plástica das construções seculares reina absoluta e enche a vista do visitante. Em dia de sol o contraste da terracota com o celeste azul do céu é algo notável.
Outra característica, desse cenário, são as torres que fazem a fama e a história da cidade. Conta-se que na Idade Média ocorreu uma grande disputa entre os magnatas da cidade para ver quem construía a torre mais alta. Arrojo e ousadia, para aquele tempo. Quanto mais alta era a torre, mais rica e poderosa era a família proprietária. Assim, surgiram mais de 100 grandes torres, espalhadas pela cidade.
Hoje, a maioria já desapareceu. Restam no máximo 20. As mais famosas e procuradas pelos que visitam a cidade, estão localizadas no centro histórico e pertenceram às famílias Garisenda e Asinelli. Um detalhe interessante é que esta última, que prometia ser a mais alta, não chegou a ser concluída por sofrer uma perigosa inclinação, ameaçando desabar. Até hoje está lá, inclinada como a de Pisa, no ponto da interrupção, fazendo história e tomando conta da cidade com a vizinha Garisenda, mais alta e imponente.
Além das suas características arquitetônicas, Bolonha tem muitos outros atrativos. A cidade é sede da mais antiga universidade européia. Dizem, até, que do mundo. Segundo alguns pesquisadores o termo universidade nasceu em Bolonha.
Pela tradição e alto conceito uma vaga por lá é disputadíssima, por estudantes do mundo inteiro. A afluência é tão grande que se estima ser formado por jovens estudantes, um terço da população local.
Por isto, a cidade é um lugar de intensa alegria, cheio de vida, bares e intensa vida noturna. E, claro, uma cidade cosmopolita.
Outra importante particularidade de Bolonha é a gastronomia, tida como a mais sofisticada da Itália. Come-se muito bem e em qualquer lugar da cidade. As pastas, naturalmente, são as melhores e mais famosas do país. Os tortellini e tortollones pegam o visitante pela boca, deixando-os com gostos inesquecíveis. Os tortellini in brodo (espécie de sopa), al ragu (a bolonhesa) ou al funghi (champions do bosque), são pedidas obrigatórias. Isto, sem falar dos espaguetes, tagliateles, pizzas e lasagnas. Ah! Como entrada o fromagio (queijo) parmegiano temperado com gotas de aceto balsâmico cremoso ou uma boa talhada do prociuto (presunto) de Parma.
Como segundo prato, uma boa pedida pode ser uma vitela ao forno com batatas coradas.
São coisas inesquecíveis.
E, para regar essas iguarias, um bom vinho nacional a base da uva Sangiovesi, que cai muito bem. Para quem gosta de vinho frisante a pedida é um Lambrusco, que é uma especialidade da Região.
Depois, é só curtir devagar para aprender e não esquecer as coisas da Emilia-Romagna.
Por todas essas atrações Bolonha é conhecida por la dolce vita.
Embora não seja uma cidade incluída no roteiro comum do turista brasileiro, Bolonha deve ser descoberta e explorada, pela sua história e seu clima cultural.
Nota: Fotos do Blogueiro, que viajou a Itália em Missão Empresarial do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico do Estado de Pernambuco - SIMMEPE, no periodo 11 a 20 de maio de 2008.

Outros artigos correlatos são encontrados em www.gbrazileiro.blogspot.com




6 comentários:

Anônimo disse...

Mais uma vez!!!
Parabéns... O Sr. só tem a ensinar aos que gostam de de aprender sempre.....seus cometários enriquece a cada
a ser humano que preza o que é bom!!!!

Very Good!!!

Anna Karenina

Anônimo disse...

Ôi, querido!

Acabo de fazer uma viagem a Bolonha através do seu artigo. Adorei! A Itália é surpreendente.Com relação às galerias nos edifícios, que são encontradas frequentemente na Espanha, em Portugal, e em muitos países, até em Cuzco, os edifícios antigos são dotados dessas construções. Aqui no Brasil também são encontradas nos edifício mais antigos de algumas cidades ( Rio, Recife, São Paulo). Acredito, essa é a minha impressão, que essas galerias tinham a finalidade de proteger o transeunte das chuvas, e assim poderem circular pelo comércio sem maiores atropelos.Mais uma vez parabéns. Um abraço, Leony

Corumbá disse...

Caro amigo!

Uma aula de história e um passeio pela Itália. Torço sempre para que você viaje pois , assim, eu conheço mais o mundo.
Um grande abraço,
Corumbá

Anônimo disse...

Gentile Signore Brasileiro,
Anche Io sono andato in Italia questo mese. Sono stato a Roma Maggio 14, 15 .Purtroppo non ci abbiamo incontrato.
Io invece confesso que preferisco la mia Toscana.
Ci parliamo presto.
Salutti,
Valdelirio

Anônimo disse...

Girley,
Agrade�o o envio de seu Blog. Sua narra�o sobre os encantos da It�lia torna a leitura ainda mais prazerosa.
Parab�ns!
M�nica Merc�s

Anônimo disse...

Prezado Girley,

Você me animou em conhecer esse belo país que é a Itália,especialmente a cidade de Bolonha.

Sds.

David Leal

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