Uma coisa que sempre chama muita atenção, nos quatro cantos do mundo, são os preços dos produtos Made in China. É impressionante o poder de competitividade de tudo quanto vem de lá. A qualidade quase sempre é sofrível, mas, o preço de mercado é arrebatador.
A explicação é dada pela planilha de custos da produção deles, que são infinitamente mais baixas, se comparadas com qualquer outra do planeta.
O Brasil com uma carga tributária descomunal, acrescida de obrigações sociais muito pesadas, perde longe neste jogo competitivo, dentro e fora do mercado doméstico.
Na China não tem nada que se compare com os nossos encargos sociais, PIS, COFINS, ICMS, ISS e outros muitos Is da vida brasileira. O jogo lá tem outro formato. Por exemplo: demitir um empregado é simples e indolor. Manda embora e esquece o nome do sujeito. Tente isto aqui no Brasil.
Enfim, não existe nada que atropele a produção. E, ai de quem atropelar.
A explicação é dada pela planilha de custos da produção deles, que são infinitamente mais baixas, se comparadas com qualquer outra do planeta.
O Brasil com uma carga tributária descomunal, acrescida de obrigações sociais muito pesadas, perde longe neste jogo competitivo, dentro e fora do mercado doméstico.
Na China não tem nada que se compare com os nossos encargos sociais, PIS, COFINS, ICMS, ISS e outros muitos Is da vida brasileira. O jogo lá tem outro formato. Por exemplo: demitir um empregado é simples e indolor. Manda embora e esquece o nome do sujeito. Tente isto aqui no Brasil.
Enfim, não existe nada que atropele a produção. E, ai de quem atropelar.
Claro que é tudo muito mais fácil, devido ao regime centralizador/comunista de governo.
Mas, nesse contexto, o que mais chama a atenção do mundo é a chamada relação capital/trabalho chinesa. Muito já se falou e escreveu sobre isto. Este muito, contudo, pode ainda ser pouco.
Recordo de artigo, que li em 2005, num jornal britânico, relatando a estratégia chinesa de produção em alto mar (fábricas offshore). Impressionante. Navios gigantescos, estacionados no meio do Pacifico, transformados em fábricas, geralmente de quinquilharias, recebem, a cada seis meses, levas de operários, trazidos do Continente, para trabalhar durante um semestre, 18 horas por dia, com salário liquido mensal de, aproximadamente, US$ 50,00. Ao fim dos seis meses, são levados de volta às origens, felizes da vida com o “pé-de-meia” que fizeram, sem seguro social, seguro desemprego ou qualquer outra coisa do gênero. A produção em alto-mar é para atender, mais rapidamente, o mercado norte-americano, seu maior comprador. Inteligente logistica, sem dúvida.
Ainda sobre regime de trabalho – em minha opinião, regime de escravidão – li relatos arrepiantes, na Home Page do Doutor em Direito Europeu, Jorge Rodrigues Simão, português, residente em Macau, nas beiradas da China. Segundo ele, na China, só para a multinacional Mac Donald's, trabalham 70 milhões de jovens mulheres com jornada diária de 14 a 18 horas, 15 minutos para as suas refeições e 4 horas para dormir em beliches, em alojamentos, nas próprias fábricas. Antes de dormir são revistadas para comprovar que nada roubaram. O ambiente com portas de metal e barrotes nas janelas, parece mais um quartel. Numa das fábricas, 600 mulheres jovens trabalham como robôs, sem levantar os olhos, dar um suspiro ou falarem entre si. Todas vieram do campo tentando sair da pobreza. Têm horários reduzidos para ir ao banheiro e, somente, quatro horas para dormir. Uma sirene ruidosa anuncia cada novo dia, muito antes de amanhecer. As jovens levantam-se, vestem as fardas e agrupam-se em fila, para, descer as escadas, e se dirigir aos seus postos de trabalho. Essas moças são conhecidas como “dagongmei”, recebem salários de 1.500 Yuans, por mês, o que equivale a 135 Euros, dos quais são descontados a comida e o “alojamento”, que, em geral, são compartimentos onde dormem até 15 jovens. Nessas condições, piores que celas de prisão, não é de se estranhar que a maioria sofra de anemia, dores menstruais ou problemas de visão, visto que muitas trabalham na montagem de diminutos produtos a olho nu e sem descanso. Outras são intoxicadas pelo contacto com produtos químicos utilizados no trabalho ou simplesmente desmaiam de cansaço depois de intermináveis períodos de trabalho e uma “ração” de, apenas, um simples prato de arroz cada dia. Haja crueldade.
Se não apresentarem um rendimento como exigido, um sistema de penalizações permite aos chefes reduzir o salário ou os oito dias de férias anuais. Oito dias de férias, por ano!
Para essas “dagongmei”, algumas com apenas 12 anos de idade, que fazem sorrir de satisfação o consumo desenfreado e paranóico dos ocidentais, estas fábricas são a sua casa, a sua família e a sua cela.
O Comité Industrial Cristão de Hong Kong, uma ONG que se dedica a resgatar os menores que trabalham em semelhantes condições, enviou uma equipe de pesquisadores a uma fábrica e ouviu histórias comoventes como a de uma criança de 12 anos que disse: “Os meus pais não queriam que eu viesse. Chorei e implorei para que me deixassem, porque queria ver o mundo. A minha família tem outros três filhos, mas todos vão ao colégio. Quero poupar dinheiro para que os meus pais possam sobreviver”.
Pois é, na semana em que se comemora o dia internacional da mulher, vale à pena parar um pouco e lembrar dessas pobres mulheres chinesas, escravas do século 21.
E lembre-se também, ao cair na tentação de comprar um produto chinês, coisa muito fácil de acontecer nos nossos dias, pensem nessas “dagongmei” que deram seu sangue para você sorrir.
Sugestão de uma boa leitura: “As boas mulheres da China” Xinran – Companhia das Letras. 2003. Uma leitura comovente. Imperdível.
Mas, nesse contexto, o que mais chama a atenção do mundo é a chamada relação capital/trabalho chinesa. Muito já se falou e escreveu sobre isto. Este muito, contudo, pode ainda ser pouco.
Recordo de artigo, que li em 2005, num jornal britânico, relatando a estratégia chinesa de produção em alto mar (fábricas offshore). Impressionante. Navios gigantescos, estacionados no meio do Pacifico, transformados em fábricas, geralmente de quinquilharias, recebem, a cada seis meses, levas de operários, trazidos do Continente, para trabalhar durante um semestre, 18 horas por dia, com salário liquido mensal de, aproximadamente, US$ 50,00. Ao fim dos seis meses, são levados de volta às origens, felizes da vida com o “pé-de-meia” que fizeram, sem seguro social, seguro desemprego ou qualquer outra coisa do gênero. A produção em alto-mar é para atender, mais rapidamente, o mercado norte-americano, seu maior comprador. Inteligente logistica, sem dúvida.
Ainda sobre regime de trabalho – em minha opinião, regime de escravidão – li relatos arrepiantes, na Home Page do Doutor em Direito Europeu, Jorge Rodrigues Simão, português, residente em Macau, nas beiradas da China. Segundo ele, na China, só para a multinacional Mac Donald's, trabalham 70 milhões de jovens mulheres com jornada diária de 14 a 18 horas, 15 minutos para as suas refeições e 4 horas para dormir em beliches, em alojamentos, nas próprias fábricas. Antes de dormir são revistadas para comprovar que nada roubaram. O ambiente com portas de metal e barrotes nas janelas, parece mais um quartel. Numa das fábricas, 600 mulheres jovens trabalham como robôs, sem levantar os olhos, dar um suspiro ou falarem entre si. Todas vieram do campo tentando sair da pobreza. Têm horários reduzidos para ir ao banheiro e, somente, quatro horas para dormir. Uma sirene ruidosa anuncia cada novo dia, muito antes de amanhecer. As jovens levantam-se, vestem as fardas e agrupam-se em fila, para, descer as escadas, e se dirigir aos seus postos de trabalho. Essas moças são conhecidas como “dagongmei”, recebem salários de 1.500 Yuans, por mês, o que equivale a 135 Euros, dos quais são descontados a comida e o “alojamento”, que, em geral, são compartimentos onde dormem até 15 jovens. Nessas condições, piores que celas de prisão, não é de se estranhar que a maioria sofra de anemia, dores menstruais ou problemas de visão, visto que muitas trabalham na montagem de diminutos produtos a olho nu e sem descanso. Outras são intoxicadas pelo contacto com produtos químicos utilizados no trabalho ou simplesmente desmaiam de cansaço depois de intermináveis períodos de trabalho e uma “ração” de, apenas, um simples prato de arroz cada dia. Haja crueldade.
Se não apresentarem um rendimento como exigido, um sistema de penalizações permite aos chefes reduzir o salário ou os oito dias de férias anuais. Oito dias de férias, por ano!
Para essas “dagongmei”, algumas com apenas 12 anos de idade, que fazem sorrir de satisfação o consumo desenfreado e paranóico dos ocidentais, estas fábricas são a sua casa, a sua família e a sua cela.
O Comité Industrial Cristão de Hong Kong, uma ONG que se dedica a resgatar os menores que trabalham em semelhantes condições, enviou uma equipe de pesquisadores a uma fábrica e ouviu histórias comoventes como a de uma criança de 12 anos que disse: “Os meus pais não queriam que eu viesse. Chorei e implorei para que me deixassem, porque queria ver o mundo. A minha família tem outros três filhos, mas todos vão ao colégio. Quero poupar dinheiro para que os meus pais possam sobreviver”.
Pois é, na semana em que se comemora o dia internacional da mulher, vale à pena parar um pouco e lembrar dessas pobres mulheres chinesas, escravas do século 21.
E lembre-se também, ao cair na tentação de comprar um produto chinês, coisa muito fácil de acontecer nos nossos dias, pensem nessas “dagongmei” que deram seu sangue para você sorrir.
Sugestão de uma boa leitura: “As boas mulheres da China” Xinran – Companhia das Letras. 2003. Uma leitura comovente. Imperdível.
Foto obtida no Google Imagens.
3 comentários:
Olá Girley:
Fiquei horrorizada com o seu relato sobre o trabalho escravo das chinesas.
Que horror!
Quanta desigualdade! Quanta falta de humanidade!
E nós ainda reclamamos da vida!
Será que não comprar os produtos chineses ajudaria em alguma coisa?
Há uma grande demanda e mesmo assim, elas são exploradas!! E não havendo
comprador o que será delas?
Será que não é o caso de se pensar: Se correr o bicho pega e se ficar o
bicho come...
Um abraço,
Rinalva Figueiredo da Silveira
Rinalva,
Você vai ficar mais emocionada se ler o livro que sugeri, As boas Mulheres da China. Nele a gente tem uma idéia melhor do acontece por lá. Foi escrito por uma chinesa.
Procure nas boas livrarias. Acho que ainda tem. O que li já era da terceira edição.
Obrigado por interagir com o Blog do GB.
Girley Brazileiro
Girley,
É incrível o que você nos relata a respeito de como as mulheres chinesas têm a sua cidadania aviltada, sem falar no ser humano que são. Acredito que a mão-de-obra masculina também não é tratada de modo diferente. No século XXI o ser humano ainda recebe um tratamento de escravo pelas as classes dominantes . Infelizmente não é só na China, mas no mundo todo, até aqui entre nós.
Leony Muniz
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