quinta-feira, 2 de outubro de 2025

Sushi e Sashimi

Indiscutivelmente a culinária brasileira é um sucesso pela sua variedade e significado cultural que representa. Cada região tem suas iguarias e conquista até mesmo os paladares mais exigentes. Com traços marcantes, sejam de origens indígenas, portuguesas ou africanas, nossos cardápios conquistam os penitentes (com licença Zé Paulinho) antes mesmo de baixar à mesa. Do tacacá paraense, passando pela caldeirada maranhense, sarapatel e buchada pernambucanas, moquecas baianas e capixabas, frango ao pequi goiano, feijoada carioca, o virado à paulista e os churrascos gaúchos, um cidadão desavisado esquece qualquer regime de moderação alimentar. Não obstante essa riqueza de cozinha e a extravagância da maioria desses pratos, o brasileiro é chegado a provar das receitas estrangeiras que, sem pedir licença, invadem o mercado gastronômico nacional fazendo imensos sucessos. Muitos são tão comuns que chegam a confundir o grande publico. Quem não aprecia uma boa pasta italiana, um filé à parmesana ou uma popular pizza? E um filé mignon à cordon-bleu, originário, provavelmente, da cozinha francesa? São tão populares que a maioria chega a pensa se tratar de culinária brasileira. Fiz esta introdução para focar numa verdadeira curiosidade gastronômica que nos últimos trinta ou quarenta anos invadiu o Brasil e faz tremendo sucesso. Refiro-me à culinária japonesa. O caro leitor ou leitora pode até discordar, mas, é surpreendente a popularidade dos sushis e sashimis, principalmente entre os mais jovens.
Recordo, a propósito, que na década de setenta, quando estudei na USP, em São Paulo, a presença de orientais na Universidade era algo notável. Normal, considerando que a maior colônia japonesa, fora do Japão, está no Brasil. Principalemnte no estado de São Paulo. Pois bem. Não tardou muito e influenciado por três colegas niseis, da minha turma, fui conhecer o bairro oriental (japonês sobretudo) na cidade. O bairro da Liberdade. Experiência formidável. No Recife a presença nipônica era ainda muito tímida. Aquilo me encantou de forma indelével. O monumental Tori (portal japonês) a iluminação temática e os jardins lá existentes encheram as vistas do "pau-de-arara". Percorrer as ruas do bairro, explorar lojas e comprar “sourvenirs” foi muito divertido. Senti-me em pleno Japão. Vide foto a seguir.
Entretanto, a grande pedida daquela noite foi jantar num típico restaurante japonês. Sentado no chão e a uma mesa quase no solo, fui apresentado, pela primeira vez, aos hashis, famosos palito (ou palitões?) que substituem os talheres ocidentais. Recebi uma verdadeira aula e saí daquela noite como um craque no manejo, que terminou me ajudando anos após, durante uma temporada que passei em Tóquio. Eu sempre digo que o primeiro sushi você jamais esquece. Comer peixe e frutos do mar crus! Aquilo era muito forte para um novato, acostumado a comer feijão com farinha e carne de sol. Contudo, quando se é jovem nada disso é barreira. Foi meter as caras e concluir que era delicioso. Questão de cultura e pronto! Quando, já no Recife e ainda nos anos 70, pus-me a procurar um restaurante japonês. Coisa ainda rara. Havia um no Hotel do Parque, da Rua do Hospício, que passei a frequentar. De lá pra cá a coisa mudou de figura e explodiu. Hoje tem restaurante japonês em todos os bairros da cidade. Aliás, chineses também. Eles interagem seus cardápios e a sociedade “deita e rola”. Meus filhos são aficionados em cozinha oriental. Vez por outra, vejo-os indo comer Rámen (Lámen), que é um outro item muito apreciado e sofisticado do cardápio niponico (Vide foto a swguir). Tenho um netinho de cinco anos que é vidrado em sushi frito, conhecido como carioca.
Interessante que não percebo essa popularidade da cozinha japonesa em outros países que circulo. Tive o cuidado de verificar em recente viagem à Europa. Não vi facilmente comidas japonesas em Portugal, Itália ou França. Em Madrid, meu filho com a esposa e meu neto encontraram um num primeiro andar de uma rua pouco movimentada. Estive lá os acompanhando e percebi tudo muito ao puro estilo nipônico. Aqui no Brasil já agregaram modismos locais e você come sushi contendo mangaba, goiaba ou manga. Isso, sem falar no carioca, inventado para agradar aos que não toleram comer peixe cru. O japonês raiz deve se escandalizar com essa invenção dos cariocas. É isso pessoal! A coisa é tão popular aqui no Brasil que,outro dia, dei de cara com um japonês ambulante, empurrando sua carrocinha, numa rua da cidade interiorana de Gravatá (Agreste de Pernambuco), vendendo sushis e sashimis, em pleno sol do meio-dia. Fotografei e coloquei ai abaixo para provar o que digo. Vi um vendedor feliz com seu negócio e uma matutada inserida na cultura oriental. Brinque! Não preciso dizer mais nada. Quem diria nos anos setenta? Hoje se come até numa carrocinha.

4 comentários:

Dina Jorge Correia disse...

Não consigo gostar de comida crua. De nenhum lugar. Do carpaccio ao sushi. Não consigo. Mas concordo contigo quanto a enorme popularidade da cozinha japonesa.

José Paulo Cavalcanti disse...

Tem nada que pedir licença, mestre Girley. Só que, aqui pra nós, odeio suchi. Perdão. Há braços lisboetas.

Gildson Brasileiro disse...

Aqui no Rio, temos excelentes restaurantes japoneses e até Katia, que resiste, hoje já está gostando.

Silvia Brasileiro disse...

Maravilha de texto! Nós amamos a comida japonesa. Quando as meninas eram pequenas iamos com Gilsy, toda quarta feira, ao restaurante de dona Kiko, na rua Amelia.

Sushi e Sashimi

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