quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025
Sociedade Doente
Quando jovem não fui muito chegado ao futebol. Minhas simpatias eram mais voltadas ao basquete ou ao voleibol. Não os praticava é verdade, porém, sempre estava nas arquibancadas, fossem no Colégio ou nas quadras da cidade. Nos jogos colegiais era uma diversão imperdível. Acredito que foi a Copa do Mundo de 1970 que mais me aproximou da modalidade. Aquilo foi decisivo para me fazer torcedor exaltado e, por fim, admirador. Cheguei, mesmo, logo após a Copa e estando de férias no Rio, ir ao Maracanã assistir ao amistoso das seleções do Brasil e do México, numa espécie de jogo da amizade e de agradecimento do Brasil aos mexicanos pelo apoio dado durante o campeonato mundial. Ver de perto nossos “heróis” dos gramados foi o máximo da minha nova “paixão”. Meu distanciamento anterior devia-se aos preconceitos dos meus pais que consideravam o futebol um esporte praticado por maloqueiros. “Menino de família admira outra modalidade esportaiva que não essa!". Era o discurso doméstico.
Foi preciso o Brasil ser tricampeão para que me desse conta da leseira. Ainda assim, continuei sem frequentar os estadios ou campos para assistir a uma partida de futebol. Acontece que tudo tem seu tempo... e, quem tem filho faz de tudo pela alegria do pequeno. Meu filho de 13 anos fez-me embarcar nessa vibe. Sim, porque ou ele ameaçava ir ao campo de todo jeito. Com minha negativa inicial, ele me apresentou a estratégia de ir com os colegas de Colégio. “Ah. Não. Eu levo você!” disparei na hora. Lá fui eu à Ilha do Retiro e torcer pelo Sport, junto com ele e os colegas. Fui contagiado pela alegria do filhote e da multidão em campo. Quanta energia, quanto colorido, quanta alegria. Como num passe de mágica, virou paixão! Mas, é uma historia longa, que passa por vários momentos deliciosos, incluindo duas oportunidades de acompanhar o time do Sport Clube do Recife nas participações de jogos internacionais. Fomos ao Chile (Copa Libertadores) e à Colômbia (Sulamericana). Já pensou? Hoje, não perco por nada de assistir aos jogos do meu time na TV. Sim, porque já não preciso mais acompanhar o menino de antes aos estádios da vida. Prefiro meu sofá, acompanhado de um whiskey on the rocks. Acontece, porém, que essa história está ficando muito longa e a pauta de hoje não passa por ai. desse modo, estou querendo comentar e lamentar as badernas e luta campal, das torcidas organizadas do Sport e do Santa Cruz, levadas a cabo no último sábado (01/02/25), antecedendo uma partida entre os dois clubes, no estádio do Arruda. Sempre entendi e sempre pensarei que o verdadeiro futebol é uma das mais salutares e apaixonantes formas de diversão e lazer. Popular no mundo inteiro. No Brasil, faz parte da cultura. Está na alma do nosso povo. É motivo de alegria, de meio de vida, de profissionalismo, de negócio e de, enfim, fraternidade. Infelizmente, como se sabe, há sempre os tais “pontos fora da curva”. Sendo uma prática tão popular é inevitável que representantes de todas as camadas sociais participem mediante seus modos de vida, nivel esducacional, origens, hábitos e defeitos. Aquilo que assistimos no sábado passado, aqui no Recife, ultrapassou todos os limites da maldade e da crueldade humanas. Seria um bom exemplo do que alguns cientistas denominam de degenerescência eugênica? Não consigo entender como hordas (bandos indisciplinados, malfazejos, provocando desordens, brigas etc.) que se dizem torcedores organizados, com apoio das agremiações, com formalização oficial (as organizadas têm CNPJs, inclusive! Devem ter contadores, tesoureiros e dirigentes dos mais diversos e, supostamente, comunicadores sociais. Em tempos de redes sociais, a coisa ganha dimensões inimagináveis para “pobres coitados, que nem eu”! Foi assim, conforme noticiado que as “organizadas” acertaram o confronto armado que empreenderam nas ruas do bairro da Madalena. Verdadeira guerra. Imagens divulgadas, ao vivo e pelas redes, resultou em polvorosa meio mundo, na cidade e alhures. A repercussão foi nacional e internacional. Meu filho (aquele jovem que me referi no inicio) morando hoje em Goiás, tomou-se de pavor e começou a nos monitorar, por celular, visto que estávamos de regresso do litoral sul (Porto de Galinhas) naquela infausta ocasião. O “campo de batalha” era justo numa das nossas opções de percurso. As noticias eram das mais assustadoras. Uma guerra civil! A mente humana é pródiga em fabular. Não deu outra. As noticias eram das mais alarmantes. Números de mortos e feridos ganharam cifras espantosas. Imagens eram inacreditáveis. Em alguns momentos imaginei que fossem montagens por aplicativo de IA. Na verdade e lamentavelmente coisas absurdas (recordem o verdadeiro conceito de absurdo, meus caros leitores) foram puras realidades. A cidade parou. As famílias recolheram-se e os negócios fecharam. Os restaurantes ficaram sem clientes. As autoridades locais, apanhadas de surpresa, montaram um gabinete de crise “para salvar a cidade”. A policia foi incapaz e conter os ânimos acirrados. A região parecia exalar um cheiro de medo coletivo. Sinceramente, não compreendo como podem alimentar tanto ódio. O linchamento do presidente da organizada do Sport Club Recife foi, sem dúvidas, um dos fatos mais chocantes. O cidadão foi despido, açoitado com objetos dos mais diversos e, por fim, agredido pelo ânus, aparentemente com um caibro de madeira, gerando um imagem inacreditável ao serem difundidas, pelas redes sociais. Em paralelo, as medidas emergenciais adotadas, pela Senhora Governadora e seus secretários competentes, são enérgicas, embora injustas para o torcedor honrado e honesto. Ficou definido que os próximos jogos dos dois times em tela ocorrerão sem torcidas. Ora, meu Deus, os merecedores de condenação são esses maloqueiros – a grande maioria com entradas registradas na policia e vários condenados pela Justiça, poradores inclusive de tornozeleiras – que fazem do futebol uma “cortina de fumaça” para expandir seus instintos selvagens, suas frustações e seus desajustes sociais. Resumo da ópera: muitos feridos e 12 em estados graves. Alguns ainda em recuperação hospitalar, até hoje. E, para alivio da sociedade, inúmeros irresponsáveis presos ou procurados, dadas suas respectivas fichas policiais. Aos Clubes, uma determinação legal dando curto prazo para que cessem os apoios dessas (des)organizações, pelo visto, criminosas. Nunca me lembrei tanto do meu pai, quando classificava de maloqueiros os frequentadores de estádios de futebol. Ele era torcedor do Santa Cruz. Na minha visão de hoje, considero que faltam Governos fortes neste país e neste estado, que enxerguem esses desmandos e adotem politicas consistentes que proporcionem saúde, educação e segurança efetivas para garantir ao povo um futuro digno e estruturante de uma sociedade sadia e promissora porque esta aí está gravemente doente. Que construam um mundo no qual o Futebol seja um motivo de união e pura diversão. Pronto, falei. NOTA: foto ilustração do aquivo pessoal do Blogueiro. Jogo no Chile.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Corrupção Endêmica
Noticia boa para se comentar é, definitivamente, coisa rara no Brasil. Aliás, e melhor pensando, no resto do mundo. Uma lástima. Ao nosso re...

-
Prometi interromper meu recesso anual sempre que algo extraordinário ocorresse e provocasse um comentário do Blog. Estou, outra vez, a post...
-
Q uando eu era menino, ia sempre a Fazenda Nova – onde moravam meus avós e tios – para temporadas, muitas vezes por longo tempo, ao ponto de...
-
Entre as muitas belas lembranças que guardo das minhas andanças mundo afora, destaco de forma muito vibrante, minha admiração com os cuidado...
8 comentários:
Um terror.
Futebool e arte parabéns aos atletas profissionais mas infelizmente.malfeitores se passam por torcedores pra fazer bandalhismo estão destruindo a alegria de muitos torcedores que amam o futebol arte é uma pena girley
Amigo Girley como sempre Vc Merece parabéns por este blogspot enviado precisa ser premiado pelos Amigos Obrigada
“ Quando jovem “ ?, mestre Girley. Ainda é. E pronto, desconfio, para entrar em campo e resolver.
Absurdo. Não é previlégio dos Pernambucanos, mas uma doença que assola todo nosso país desgovernado
Muito bom. Sou Sport é sempre frequentei estádio. Nunca vi grande confusão. Desentendimentos tolos, sim. Precisamos de educação. Abraço.
Quando jovem? Amigo a juventude está na alma. Pessoas inteligentes e felizes serão sempre jovens!
Parabéns, Girley. Você expõe com rara propriedade esse aspecto monstruoso, bárbaro e mimético da nossa gente, em aparente processo de regressão. E as autoridades, aturdidas, atiram em todas as direções, menos naquelas que abrigam os violentos... Pior é a perspectiva de emburrecimento global em que estamos entrando, sob o tacão da arrogância e tirania do Norte das Américas...
Postar um comentário