domingo, 25 de fevereiro de 2024

Abusou do improviso

Indiscutivelmente o assunto da semana, e que ainda repercute, é sobre a infeliz fala do Presidente Lula, numa coletiva internacional, na Etiópia, comparando as ações de Israel na faixa de Gaza ao inqualificável Holocausto praticado pelo sanguinário Hitler na década de 40 passada, durante a 2ª. Grande Guerra. Infeliz, sobretudo, porque remete a uma possível intenção de colocar em cheque o Estado de Israel, parte ativa do conflito em tela. Sem sombra de dúvidas, o que está acontecendo em Gaza é algo deplorável e estarrecedor. Uma guerra de proporções dantescas em nome de resposta aos ataques terroristas de 7 de outubro perpetrado pelo Grupo Hamas. Nada, porém, pode ser comparado com o monstruoso processo do Holocausto. Este, na verdade, se constitui na página mais que negra da História da Humanidade. Algo singular e sem chances de repetição. Do meu ponto de vista, considero que o Presidente brasileiro deixou-se tomar de forma desmedida pelo seu pretenso projeto de estadista de nível internacional e terminou tropeçando no improviso, diante daquela plateia de Addis Abeba, capital da Etiópia. Duvido que haja recebido aprovação do corpo diplomático brasileiro. Faltou mais diligência dos assessores politico-diplomático da presidência. Imagino que o patrono da Diplomacia Brasileira, o Barão do Rio Branco, deve ter se revirado na urna mortuária diante de tanta incompetência. Fico mais pasmo diante do fato de que não haja qualquer sinal de pedido de desculpas pelo lamentável tropeço politico. Não tem sido à-toa que embaixadores sejam chamados a fornecer subsídios que levam a uma distensão do mal-estar resultante entre as duas nações. O Brasil é tradicional parceiro politico e comercial de Israel e isto vem provocando um tremendo afastamento, culminando com a consideração de Lula como uma persona non-grata em Israel. Dessa forma, adeus projeto de estadista internacional ou premio de Nobel da Paz que ele ousa perseguir.
Por outro lado e pensando bem, é lamentável que estejamos em pleno Século 21, às voltas com conflitos de guerra devidos aos interesses espúrios de lideres políticos que, na verdade, lutam por um lugar de destaque de estadistas históricos e que desesperadamente buscam maneiras de inflar seus prestígios políticos e preservarem-se no topo do poder. É dessa forma que se comportam os dois principais personagens dos conflitos que nos afligem: Vladimir Putin e Benjamim Netanyahu que são dois mandatários de baixíssimas popularidades nos seus respectivos domínios e se valem de qualquer oportunidade de “faturar” popularidade. O Hamas não calculou corretamente a onda que provocou e deu no que deu. Além de serem desumanos e terroristas provocaram uma bagunça ilimitada no tabuleiro da geopolítica mundial que já vinha se desarrumando pelas investidas destruidoras do “ditador” russo sobre a frágil Ucrânia. Por fim, é patético perceber que o presidente do Brasil se meta nessas confusões históricas da humanidade, conforme descrevi em outro recente post, sem que, no fundo, no fundo, acredito que nem faça ideia das razões que essa gente se engalfinha ao último nível de degradação que é uma guerra muitas vezes fraticidas. Cuida do teu terreiro Lula, onde ¼ da população não dispõe de serviços sanitários, faltam politicas efetivas para a melhoria da saúde pública historicamente abandonada, a insegurança publica mata mais do que as guerras comandadas por Putin e Netanyahu, as prisões de (in)segurança máxima são puras balelas, a educação básica é falha e o cidadão do futuro é mal preparado para o porvir.

8 comentários:

Antônio Magalhães disse...

Ele abusou dos brasileiros. O rei do deboche.

Castro Alves disse...

Esse criminoso nunca me representou! Fico muito triste com o que está se passando.....

José Otávio de Carvalho disse...

Muito lúcida sua apreciação sobre as declarações do Presidente Lula e a precisa análise do contexto geopolítico das duas guerras. Atribuo os equívocos no campo diplomático e relações internacional à estreiteza ideológica do "influenciador" Celso Amorim.

Fernando Brasileiro disse...

Muito bom , perfeito.

José Paulo Cavalcanti disse...

Depois diga se foi processado por Alexandre de Moraes, mestre Girley. Muito bom. Abraços lisboetas.

Ana Miranda disse...

Abusou mesmo ! Se queria aparecer mais conseguiu ,porém a consequência foi desastrosa e com repercussões.

Édson Junqueira disse...

Girley boa noite . Impecável como sempre . Parabéns

Ricardo do Rêgo Barros disse...

Realmente passou de todos os limites da diplomacia, mas, mostrou pra que veio, réu confesso de ser admirador de Hitler, quiçá queira fazer o mesmo com seus opositores, como já declarou quando se referiu as velhinhas golpistas de Bíblia na mão "essa raça tem que ser extirpada".
Aproveito para sugerir o posto sobre quantos Stalin matou dos seus e outro sobre a quantidade que Mao exterminou da China.

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