Indiscutivelmente alguns episódios “artísticos” da semana que passou balançaram fortemente a sociedade brasileira com polêmicas diferentes das mais corriqueiras: refiro-me à exagerada exposição do chamado nu artístico no Museu de Arte Moderna – MAM, de São Paulo, e outra exposição no Centro Cultural Santander, em Porto Alegre. Na capital paulista, a título de arte e em meio a outras várias peças expostas, um homem despido posou para um numeroso público, chamando a óbvia atenção dos visitantes, particularmente, várias crianças e adolescentes. Mais do que isto, numa espécie de performance erótica, claro, crianças foram convidadas a tocar naquele desconhecido nu, levando a plateia e a sociedade a um debate caloroso e sem fim.
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Eis a cena condenada pela sociedade de são juízo. |
A verdade é
que este tema exige rápida reflexão e deve ser bem pensado respeitando as
opiniões da sociedade, da comunidade científica e das autoridades constituídas.
Usar o argumento do controle da censura como justificativa pode ser uma opinião
apressada. Aliás, apresso-me em afirmar que sou a favor da liberdade de
expressão! Mas, com um senão: tudo neste mundo tem limites. Pratico e admito
essa liberdade até que não venha ferir os bons costumes e a preservação da
ética e da moral. Sei que muitos discordarão de mim. Mas, sei também que outros
muitos concordarão.
Nas minhas
reflexões, antes desta postagem, procurei ver por um retrovisor e conclui que já
se foi o tempo em que discutir sexo e liberdade sexual era um tabu. As nossas
crianças desde muito cedo são estimuladas a pensar nessas coisas, ajudadas pela
TV e pelas relações sociais mais abertas. As escolas mistas dos tempos de hoje
já oferecem oportunidades fantásticas de abrir as mentes infantis para os
relacionamentos homem x mulher, bem como outros arranjos menos tradicionais. Virgindade
é coisa descartável facilmente. Outra coisa, meu Deus, criança alguma, hoje em
dia, cai na velha historia da cegonha. Faz tempo... Soaria como piada! Ao invés
disso, quando já sabe ler, lhe providencia um livrinho, de origem alemã e bem
popular no mundo inteiro, denominado “De onde vêm os Bebês”. Que cegonha, que
nada! Certíssimo! E inclusive causa alívio aos pais que têm dificuldades de
responder perguntas difíceis de filhos mais perspicazes. Eu lembro meu tempo de
criança, quando acreditava piamente nessa tosca historia, e minha mãe anunciava
que o bebê ia chegar a qualquer momento, eu corria para o quintal ou para o
jardim de casa para assistir a aterrissagem da dita cuja. Pode uma coisa
dessas?
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Ilustrações do livrinho alemão, traduzido no mundo inteiro. |
Outra coisa
que me leva a condenar essa exposição do MAM de São Paulo é o fato de que uma
garota pré-adolescente não precisa ser exposta a uma experiência estúpida como
aquela, dado ao fato de que, certamente, ela deve estar familiarizada com um
corpo de um homem despido ou semi-despido na convivência em família. Numa
família bem estruturada – ou até menos do que isto – a nudez dos membros da
família não obedece a rigores rigorosos. Não constitui nenhuma obscenidade.
Qual filha ou filho menor nunca viu pai despido ou mãe despida? Muito difícil!
Nada mais natural. E essas coisas ocorrem de modo tranquilo, sem subterfúgios
ou traumas. Por que, então, obrigar uma garota desempenhar um papel tão
agressivo como aquele lá em São Paulo? A título de arte? Tenha dó. Feriu a sociedade
já tão aberta às mudanças do mundo de hoje com arranjos de famílias pouco
ortodoxos, casamento homoafetivo, transexualidade, entre outros.
Bom lembrar,
ainda, que esse episódio feriu frontalmente o que reza o Estatuto da Criança e
do Adolescente, bem como a legislação vigente a respeito da proteção ao menor em
situação de risco. Essa mãe que estimulou a filhinha manipular o corpo de um
ator repousando no tatame do MAM, certamente desconhecia tudo isto e merece ser
chamada e enquadrada no rigor da Lei. A propósito, o Ministério Público de São
Paulo, em boa hora, já instaurou um inquérito para responsabilizar os autores
dessa “arte” e a própria direção do Museu.
É temeroso
saber que essas iniciativas estão sendo tomadas em importantes capitais do
país, a exemplo do Queermuseum de Porto Alegre. Ali, uma exposição na
exploração do tema sexo, pedofilia e até zoofilia foi cancelada às pressas,
dada à repercussão negativa que causou na sociedade local. As imagens expostas
estavam abertas de modo livre, sem qualquer censura. Escolas levavam suas
crianças para visitas guiadas. Imagine o que se passava pelas cabeças dessas
crianças diante de imagens libidinosas e muitas vezes grotescas. O Centro
Cultural Santander, onde ocorria a exposição teve que administrar apuros.
Viu-se obrigado a pedir desculpas formais e, às pressas também, bolou um
programa de apoio à criança em situação de risco. Já no Rio, a Prefeitura
simplesmente vetou uma exposição, desse gênero. Ainda bem.
A pergunta
final é: o que será dessa sociedade no futuro?
Nós temos
responsabilidade com esse futuro. Estejamos de olho, para esse futuro incerto.
NOTA: Imagens obtidas no Google Imagens