sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Mundo Cão

Fico sempre muito impressionado quando rolam essas noticias de franco-atiradores nos Estados Unidos, a exemplo do que ocorreu, no passado fim de semana, em Las Vegas. Tento entender o que passa pela cabeça de um individuo desses, sem jamais conseguir. Matar mais de cinquenta pessoas inocentemente assistindo a um show de festival de musica country. Inexplicável. Ou então, matar crianças indefesas numa escola pública, disparar uma metralhadora contra estudantes que circulam no largo de uma Universidade ou entrar numa sala de cinema matando, indistintamente, os espectadores, entre outras formas estúpidas. Como entender tanta brutalidade? Estima-se que, nos Estados Unidos, ocorrem 30.000 mortes/ano relacionadas ao uso de armas de fogo, incluindo esses casos de franco-atiradores.  As mesmas estimativas dão contas de que 65% dessas mortes são por suicídio, o que é um percentual expressivo. Desculpe não informar a fonte. Obtive os dados numa leitura ocasional, na Internet.
Imagem do horror em Las Vegas
No caso desses franco-atiradores a única explicação é a loucura. E pode ser mesmo porque, na maioria dos casos, os autores concluem suas chacinas suicidando-se. Matar, se matar e morrer virou coisa banal no mundo de hoje. Os motivos são dos mais diversos. E nem vou falar dos fanáticos terroristas mulçumanos. Em países como os Estados Unidos pode ser, também, a excessiva liberdade de portar arma de fogo e gozar da livre venda destas. É provável.
Como se livrar de uma calamidade dessas? Eis aí um colossal desafio para a sociedade moderna.
Acredito que na verdade o mundo anda cheio de pessoas infelizes e frustradas. Principalmente nas sociedades ditas mais avançadas. Estados Unidos, Suécia e Japão se destacam neste grupo. Acho que falta amor à vida e respeito ao ser humano. E isto é cada vez mais crescente. Infelizmente o mundo moderno cobra demasiado a cada individuo. Homens e mulheres sofrem de toda sorte de dissabores para conseguir realizar seus projetos pessoais e nem todo mundo está preparado para romper as barreiras que lhes são impostas. O acúmulo de responsabilidades do cidadão ou cidadã comum começa ainda na infância. Sem que percebam são tragados desde cedo pela roda viva do viver velozmente. Chega o dia em que a exaustão atinge limites insuportáveis e a pessoa se vê numa encruzilhada de destinos quase sempre muito mais exigentes e, então, desanima. Como consequência vem a depressão, a automarginalização, a falta de apoio de um(a) amigo(a), profissional de saúde ou da família – pouco acreditada ou pouco solidária nessas horas – o desejo de morrer, tendo que viver e enfrentar a luta, sem que disponha de ânimo. Com a vontade de morrer agudizando e sendo esta a única rota de fuga restante, decide cometer o desatino. Mas, como vingança e sinal de revolta resolve que não vai sozinho e decide levar outros juntos. Triste sina de quem estiver na mira desses tresloucados. Mundo cão. Curioso, depois, é ouvir dizer que esses assassinos são descritos como pessoas tranquilas, bem apessoadas, de bons costumes e tudo mais. E há sempre os que se surpreendem com essas atitudes extremas.
Agora já se começa a falar, nos Estados Unidos, sobre a proibição das vendas de armas com a liberdade hoje vigente. Presumo que o desafio será maior ainda. O norte-americano tem na sua formação cultural a ideia da defesa pessoal sempre alerta e isto passa pela necessidade de ter sempre uma arma de fogo à mão. A meninada já cresce com essa ideia incutida na mente e um dos melhores presentes que recebem são exatamente os revólveres ou metralhadoras de brinquedo.
Aqui no Brasil é um tema sempre em evidencia e polêmico. Liberar ou não? Eis a questão. Um plebiscito determinou que fosse proibido. Mas a sociedade anda dividida, em face da escalada da violência versus a falta de armamento para se defender. Na contramão, gangs de traficantes e marginais circulam livremente e sem porte de arma com verdadeiros arsenais, desafiando polícias, forças armadas e, naturalmente, a sociedade indefesa.
Quase concluindo esta postagem, rompe nos meios de comunicação a noticia da atitude insana do vigia de uma creche, em Janaúba, cidadezinha no Norte de Minas, que ateou fogo no estabelecimento, matando várias inocentes crianças e alguns adultos, além de deixar muitos feridos. O monstro terminou se matando com o corpo em chamas. Fala-se que foi uma ação premeditada de um desequilibrado mental que, irresponsavelmente, foi admitido pela administração da creche. É uma atitude dolorosa e avassaladora que choca o Brasil, neste fim de semana.
Pra onde vamos? O que fazer para escapar deste mundo cão?
Enterro coletivo em Janaúba. Cidade pequena em estado de choque.
Dez dias de luto oficial, decretado pelo Prefeito local.
NOTA: Fotos obtidas no Google Imagens

 

7 comentários:

Cristina Brazileiro disse...

Os dois fatos doem na alma.
Cristina Brazileiro

Susana Gonzalez disse...

Hay un documental hecho por un norteamericano, Michel Moore, donde expone esta situación, argumenta q hay países como Canadá q también hay libertad de tener armas y el número de asesinatos por ese medio es mínimo. Desde luego q el libre acceso da la facilidad para hacerlo. Pero a mí me parece y esto q además cuenta con el racismo, es de una sociedad enferma, donde los valores y respeto hacia su prójimo no son inculcados como debiera. Por otro lado, q aunque cruel y desaprovable también, la situación de los fundamentalistas musulmanes es diferente, porq ellos están en guerra y es una forma de subsistencia.
Susana Gonzalez

Adierson Azevedo disse...

Querido Girley, parabéns e muito obrigado por mais uma excelente publicação de seu Blog.

Concordo 100% com suas análises e só tenho a acrescentar que, plasticamente, culpam as armas de fogo por um sintoma mais profundo na sociedade.

Me refiro à insatisfação com a vida. Nos últimos tempos, tivemos aquele piloto que chocou seu avião nos Alpes franceses matando todos os passageiros que voltavam para casa, creio eu, na Alemanha.

E o que dizer desse vigia que matou crianças em MG?

Francamente, isso tudo nada mais é que a ponta de um iceberg macabro!! O mundo está evoluindo e descartando mão de obra num ritmo que vai se acelerar a cada dia!!

A Inteligência Artificial, a Internet das Coisas, a Impressora 3D, ainda não estão a pleno uso e existem estudos que muitos empregos de hoje vão simplesmente desaparecer do dia pra noite!!

Assim sendo, o que estamos assistindo e muito bem relatado pelo amigo, me fazem acreditar que o MUITO PIOR ainda está por vir.

Luiz Montenegro disse...

Ótima reflexão sobre esses assassinatos realizado por fraco-atiradores americanos. O tema é muito complexo. Lembro de uma frase do Robert Wright em seu livro “O animal Moral”, que dizia mais ou menos assim - nós não fomos desenhados para ficar sentado num bureau, pegar um metrô lotado, viajar imprensado como sardinhas, isto numa rotina por anos a fio, numa carga e cobranças cada vez maiores... Alguns desses humanos terminam pirando.
Ab,
Luiz Montenegro

Leony Muniz disse...

Girley

O mundo todo está um verdadeiro caos. O número de casos de atiradores nos EEUU é muito maior do que dizem as notícias que nos chegam. O suicídio também é outra calamidade. Outro dia li uma notícia sobre o número de empregados de diversos níveis, no Japão, que se suicidam em virtude das horas extras de trabalho. Segundo o artigo, lá existem as negociações entre patrões e empregados e estes para aumentar o salário trabalham, às vezes, até 24 h por dia, ou quase isso. O resultado é que chegam a um nível de estafa insuportável, que leva ao suicídio. Uma questão que se coloca é: Por que nos países onde o nível de vida é elevado há tantos suicídios? Fala-se em qualidade de vida. Será que a qualidade de vida diz respeito apenas a viver confortavelmente e consumir, consumir, consumir? Será isso o bastante para se sentir feliz? E o aspecto espiritual, o amor, a comunicação cada vez pior, valores éticos e morais ? Conheço um rapaz que vive na França ( arredores de Paris), casado, divide um estudio de 30m² com outro casal, trabalha como motorista. Aqui, a família tem um nível quase impossível para a classe média da Europa. Casa com piscina, barco, bela casa em Gravatá, carros do ano, viagens, etc. Dá para entender? O ser humano é complicado. A vida está cada vez mais complicada. Tudo é descartável, a tecnologia avança em progressão geométrica e o povo engatinha em marcha lenta, tentando sobreviver. Ainda bem que estou na linha de frente para partir, tentando sobreviver ao caos dentro nos meus limites. Beijão, Leo

José Paulo Cavalcanti disse...

Que belo texto, mestre Girley. Bem pensado. Bem escrito. Parabéns. Abraços do admirador e amigo, José Paulo
Cavalcanti

Adierson Baiano disse...

Boa Tarde Girley,

Li sua coluna ontem e passei as ultimas 24 horas "matutando" sobre suas palavras de conteúdo insofismável e irreparável. Girley, em meu parco entendimento, esse mundo cão vai se expandir em proporções inimagináveis. Há, sem dúvida, um excesso populacional no mundo todo que não terá como se adaptar à 4ª Revolução Industrial que já não bate mais à porta, ela já entrou e está presente no mundo.

A Internet da Coisas (Internet of Things) já está nos lares dos países do Primeiro Mundo, O mesmo de pode dizer da Inteligêngia Artificial e da computação em Núvem. Os empregos de ações repetitivas não voltarão mais. Sem que as pessoas percebessem, diversos empregos já sumiram. Quanto entrei para a Alcoa nos idos dos anos 1980, a empresa tinha umas 30-a-40 secretárias e uns 150 digitadores para perfurarem cartões que alimentariam o computador da empresa, um Burroughs 800. Quanto saí da empresa para o meu Mestrado no Reino Unido, só havia uma única secretária para o Gerente Geral e todos os digitadores já tinham sido demitidos. Sobraram apenas 3, sob meu comando, para digitarem num PC em rede, os dados dos turnos de produção.

Quando cheguei em Londres em 1991, li nos jornais que o sindicato dos gráficos ingleses estava na justiça querendo um moratória no uso das tecnologias Laser e Off-Set na produção de jornais pois iria por na rua milhares de trabalhadores que desenvolveram capacidades na produção de jornais da época de Gutembergh!! A solução foi dada pela Câmara dos Lordes para que os que estivessem em fim de carreira, pudessem se aposentar em 5 anos. Os demais deveriam se adaptar aos tempos modernos!!

Mais recentemente, li que a prefeitura de Londres baniu o UBER da cidade. Ora, nenhuma lei vai impedir o dia de amanhecer e a ciência de evoluir. Se um lugar se fecha por decreto, os saberes e a modernidade vão para onde possam florescer. O Brasil e o mundo, se não acordarem para a realidade de reduzir a população através de políticas de planejamento reprodutivo, esterilizando todos que não querem ter filhos, vai assistir ao aumento vertiginoso da violência pois mais pessoas estarão nas ruas sem saber o que fazer de suas vidas.

O filme Elysium, caso você não tenha assistido, deve servir de advertência para o que virá. E ninguém espere que o final de nossa realidade seja a mesma do filme!!

Abraços Baianos Preocupados!
Adierson

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