“Pela minha mãe, pela minha mulher, pelo meu
avô, pela minha netinha que está pra nascer, por titia que me criou, por...”
Que ridículo! Era uma sessão de trabalho na Câmara Federal ou um circo de
cavalinhos em dia de grande plateia? Menos mal que o esperado show de Tiririca
não aconteceu. Vai ver que ele estava indisposto. Foi lacônico e rápido ao
expressar seu voto pelo Sim. Isto sem falar no despautério de alguns que não
pouparam palavras ofensivas ao Presidente da Casa. Não, alto lá. Não estou
defendendo o individuo Deputado Eduardo Cunha, implicado até os dentes na
Lavajato. Mas, estou me referindo ao cargo por ele exercido. Tudo na vida
requer ritual próprio e respeitoso quando necessário. Se colocá-lo naquela
cadeira foi uma escolha errada, paciência. Sendo culpado, que pague na forma da
Lei pelos crimes cometidos.
Aquilo de
domingo (17.04.16), em Brasília, foi um puro testemunho do quanto o eleitor
brasileiro é incapaz de escolher as pessoas certas como representantes. De todo
modo, nunca é demais lembrar que aquilo é o retrato do Brasil. Aquele linguajar
muitas vezes chulo combina como o nível cultural da Nação. E os parlamentares
sabem disso. Agora, tem uma coisa: fico envergonhado por saber que aquela muvuca foi transmitida para o mundo
inteiro. Que eu saiba, a CNN Internacional fez cobertura maciça. Um canal de TV
argentino transmitiu, ao vivo, com alcance até o Chile. Às Globo e Band
Internacionais muitos foram os expectadores. Que vexame.
Mas,
deixando de lado o folclórico parlamento brasileiro, ocorre-me uma questão: e
agora Brasil? Sim, e agora o que pode acontecer? Dolorosa interrogação.
Bom,
acredito que ainda vamos atravessar um período bem difícil. Com Dilma no poder
ou Temer no comando a coisa me parece bem tumultuada. E é no campo econômico
onde vamos sentir as piores consequências. E Economia ruim é catastrófica para
qualquer Governo. Vejamos: cenário de Dilma salva pelo processo final do impeachment no Senado. No Planalto tentando
remontar seu governo, buscará saídas para finalmente mostrar que pode governar.
Prevejo que não será uma missão fácil. Pelo contrário, será necessária uma força
sobre-humana para quem foi sempre concentradora de poder, pouco afeita aos
diálogos e experiência sofrível em política partidária. Contará a contragosto
com oposições derrotadas que não perdoarão e, mais do que antes, farão de tudo
pior para atropelar a mandatária. Imagino derrotas esmagadoras, como a do
domingo passado. E nesse cenário quem pagará o pato seremos nós, os pobres
coitados cidadãos comuns. Principalmente os mais pobres. O recém-prometido
governo de conciliação – que poderia até ser a “salvação da barca” – se revela
como um projeto inviável em face do clima que se estabeleceu. Pouco provável
que os partidos opositores se dignem entrar nessa coalizão.
Já o cenário
oposto é o do impeachment efetivado e
Michel Temer assumindo o Governo. Ao contrário do que muitos imaginam, também
não será fácil. O programa de recuperação econômica, denominado Ponte para o Futuro proposto
recentemente pelo PMDB, encontrará pela frente verdadeiros impeditivos para
sair do papel. A situação degradada nas quais se encontram os quadros político
e econômico requerem significativas estratégias, muitas das quais de difíceis
desenhos e complexas construções. E o ponto mais delicado e desafiador será o
resgate da credibilidade, nos níveis domésticos e internacional. Em apenas dois
anos e meio de governo? Tenho dúvidas. A remontagem de um novo governo com a adoção
de medidas necessariamente impopulares, como as reformas desejadas na estrutura
de Governo (redução da máquina e dos gastos públicos), tributária,
previdenciária e política vão ter de constar nas ordens do dia-a-dia. Junte tudo
isto às reais possibilidades de enfrentar uma oposição desmedida que o PT vai
desenvolver e sinta o tamanho do dilema no qual o país vai mergulhar.
Resultado
prático: o país já parou de vez, instalou-se um vácuo de poder, a nação sofre
como se vivesse um terremoto e, como só acontece depois de um tremor de terra,
vem um tsunami. Vamos ter de arranjar forças e coragem para sobreviver a este
tsunami político-econômico que nos “brindam” os governantes de plantão.
Doloroso.NOTA: Foto colhida no Google Imagens
5 comentários:
Parabéns pelas palavras Girley e acredito que o Brasil encontrara o caminho para sair dessa crise. O primeiro passo foi dado e que todos que estiverem envolvidos paguem com a mesma moeda.
Vi la votación, la consigna que dieron, fue muy desfavorable, además agregar al canalla q agrede a la presidenta, fue de muy mal gusto, y la visión q das del panorama económico q viene, me da mucha tristeza por Brasil, pero según he leído, también afectará a muchos países en el mundo. Ojalá, q esta situación sea más optimista.
Susana Gonzalez (México)
Parabéns Girley. Falou e disse. Mas, como acredito que "rir é o melhor remédio" sem sair do sério, cito que está sendo dito por aí = "17-04 - Tira Dilma /// 21-04 - Tiradentes" ... José Artur Paes
Um circo dos horrores presidido por um ladrão, como tão bem descrito pela imprensa internacional... Um bando de bons moços preocupados com a família, netos, esposas, menos com a democracia, com a vontade da maioria. Agora tudo indica que o país será governado por um cara que não tem voto nem pra deputado federal, um golpista conspirador e olhe que sou apartidária. As eleições estão chegando, vamos ver a resposta das urnas, se essa turminha passará. Na minha opinião, só novas eleições uniriam o país, fora disso, da vontade soberana do povo, não há legitimidade.
Danyelle Monteiro
Até 2018 vamos atravessar um mar de tormentas e, na hipótese muito provável do impeachment da Presidenta, o Vice Michel Temer terá uma tarefa de Hércules que é por o Brasil nos trilhos em tão pouco tempo e, com escasso apoio popular, para implantar medidas amargas que irão afetar ainda mais os já combalidos bolsos da nossa população. E nas próximas eleições teremos um dilema entre apoiar o mentecapto Bolsonaro e, do outro lado, a Marina "Seringueira" Silva como um sucedâneo do PT. Com esses políticos so nos resta orar muito para o barco da nossa frágil Democracia não ir a pique e a rematada tolice da volta dos militares ganhar eco nas ruas. Que Deus nos proteja!
Ronaldo Leocadio
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