Quem sabe,
dentro de alguns dias, D. Dilma venham a ter razão ao afirmar que a crise
internacional seja a responsável pelas sérias dificuldades pelas quais passa,
atualmente, a economia brasileira. Sim, porque até agora não passa de uma “desculpa
de amarelo”. Tem sido apenas uma tentativa de enganar a comunidade
internacional. A crise de hoje foi toda forjada aqui dentro no governo dela
mesma. E as perspectivas não são nada boas...
Vejamos, então,
as razões das perspectivas piores: primeiro, a crise que reina na Europa, com a
Grécia em clima de falência não pode ser nada bom para meio mundo, incluindo o
Brasil. Tudo vai depender das negociações que rolam, neste fim de semana, entre
a República Helênica e as autoridades da União Europeia, em Bruxelas. As responsabilidades
que os gregos assumirem e as possibilidades de executá-las, definirão o quadro
a seguir. A dívida, que é impagável, com o acréscimo que agora pleiteiam do Banco
Central Europeu (Vide foto a seguir), de Euros 53,4 Bilhões, se tornará
do tipo que vai levar para as calendas gregas (*). Se já era difícil antes,
acredito que pior será daqui prá frente.
O segundo
motivo, no qual D. Dilma pode se pendurar, é o que se desenha prasbandas da China. A coisa começa a se
complicar por lá, também. E esta pode ser uma razão muito mais forte do que a
primeira. Nossa dependência é bem maior neste caso. Tudo indica que “estourou
uma bolha” que os filhos de Mao inflaram nos últimos anos. O dragão se agitou e
anda querendo pegar a turma que esbanjava. A Bolsa de Xangai deu um chabú, em três semanas registraram-se
perdas de US$ 3,2 Trilhões (na China os números são sempre fora do normal!), o Banco
Central Chinês socorreu com uma injeção de
US$ 81,0 Bilhões para os grandes bancos do país, mas, a coisa não garantiu
a recuperação. Os chineses estão com as mãos na cabeça. (Fotos a seguir)
Ao mesmo
tempo, o FMI reviu seus estudos e já antecipou, esta semana, que a economia
brasileira, ao invés de recuar 1%, como anunciado antes, vai decrescer 1,5%,
este ano. Olha aí, pessoal, o resultado disto é que o que estava ruim pode
ficar pior.
Diante de
tantas incertezas, tive a curiosidade de pesquisar dados das relações
comerciais entre o Brasil e as duas economias em crise. Consultei as estatísticas
do Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) e descobri coisas bem concretas
e que podem revelar os riscos que corremos. Vejamos a seguir.
Com a Grécia
– ela em separado – nossas relações comerciais são irrisórias, não causam
nenhum temor, nossas exportações, para aquele destino, não passam de US$ 0,1 Bilhão.
O país, além de ser um minúsculo mercado (11 milhões de habitantes) foi em 2013
nosso 82º parceiro comercial. Representa 0,1% do comercio exterior do Brasil.
Isto, então, não é nada. Os produtos principais das nossas vendas são: café (40%
das exportações), açúcar, calçados, fumo, minério de ferro e automóveis. Tudo
em quantidades insignificantes em se falando de comércio internacional. O saldo
da balança comercial é sempre favorável ao Brasil. US$ 36,0 milhões em 2013.
Já no caso
da China a conversa é outra. Mercado fantástico de 1,3 Bilhão de Habitantes e
PIB de US$ 10,36 Trilhões. Pense no que seja abastecer esse mundão! Somente em
2014 o Brasil mandou, para consumo dos chineses, toneladas de mercadorias, de diferentes
naturezas, que resultou num valor total de US$ 46,0 Bilhões. O Brasil é o 7º
maior vendedor para o mercado chinês. Observem que isto representa muita coisa.
Ao mesmo tempo, é verdade, compramos deles toneladas de produtos, sobretudo
manufaturados (98% das compras), mas, o saldo da balança comercial tem sido
sempre favorável ao lado brasileiro. Em 2014 foi de US$ 3,28 Bilhões. É bom, né? Se os chineses entrarem em recessão
as exportações brasileiras poderão sofrer tremendo baque. E aí, vem a pergunta
mais adequada: para onde venderemos as “montanhas” de soja, minério de ferro, petróleo
bruto, açúcar e fumo que habitualmente são produzidas justamente para atender
as demandas daquele destino?
Desse modo,
minha gente, preparemo-nos para escutar discursos atualizados da nossa “presidenta”.
Certamente, mais clamorosos. O bicho pode (vai) pegar.
(*)Calendas (daí o termo
calendário) era o primeiro dia de cada mês no calendário romano. Não havia o
termo calendas no calendário grego. Quando os
romanos ironicamente falavam das “calendas gregas”, queriam referir-se a uma data que não existia.
NOTA: Dados estatísticos obtidos em www.brasilglobalnet.gov.br e fotos
no Google Imagens.
6 comentários:
Como sempre nos explicando direitinho cada assunto que acontece no mundo ! Gosto de ler seus artigos, explana de uma maneira simples e fácil de entender. Sou sua fã, desde muito tempo.
Elda Galvão Diniz
Prezado Girley,
É isso aí: os discursos calorosos, mas pouco convincentes, estão na ordem do dia. Os inocentes irão aplaudir e os sábios deverão recuar mais e mais. Artigo de excelente qualidade e profundo conhecimento. Leio e releio. Estou sempre à espreita de mais um. Parabéns sempre!!!
Abraços, Eliana Pereira
Gosto muito de suas postagens cunhado, me ajuda a entender melhor a razão dos nossos problemas financeiros nacionais e internacionais.
Ana Fernandes de Souza
Caro Girley
Se estava preocupado com os rumos de nossa economia desastradamente comandada pelo ex-presidente e pela atual presidente do Brasil, com suas observações tão pertinentes, os horizontes ficam para lá de sombrios, para não dizer catastróficos !
Grande abraço,
Manoel
Os números dizem muito...todos de olho na China.
Danyelle Monteiro
Como sempre nos explicando direitinho cada assunto que acontece no mundo ! Gosto de ler seus artigos, explana de uma maneira simples e fácil de entender. Sou sua fã, desde muito tempo.
Elda Galvão Diniz
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