segunda-feira, 13 de junho de 2011

Perseguição Vulcânica

Neste fim de semana passado, tomei uma decisão: toda vez que me programar para uma viagem ao exterior, consultarei antecipadamente os centros sismológicos da região destino. Claro! No ano passado “arrastei” as malas do aeroporto do Recife para casa, devido à violenta erupção do vulcão Eyjafjallajökull (duvido você acertar a pronúncia), na distante Islândia. (Para saber mais clique em: http://gbrazileiro.blogspot.com/2010/04/arrastei-mala.htm ). Naquela ocasião, perdi compromissos na Alemanha. Esta semana, para minha surpresa, deixei de ir a Buenos Aires (Argentina) por conta de outra erupção vulcânica, desta vez no Sul do Chile. Outros compromissos foram perdidos. O Puyehue Cordón-Caulle acordou “mal-humorado”, de longo sono e entrou em atividade, espalhando lavras, fazendo chover pedras incandescentes e levantando uma descomunal nuvem de cinzas vulcânicas, a uma altitude média de 10.000 metros, inviabilizando o tráfego aéreo no chamado Cone Sul do continente.
Desapontado com a repetida frustração por conta de vulcões, não tive dúvidas em concluir que eles estão me perseguindo. Já pensou? Estou convencido de que venho sofrendo uma perseguição vulcânica... só pode, gente!
Só que, dessa vez, tive um pouco mais de percalços porque ainda cheguei a deixar o Recife, pronto para uma conexão imediata em São Paulo, o que não aconteceu. Ao invés de tangos e malbecs fiquei, na companhia da minha esposa e meu filho, vagando na apática cidade de Guarulhos, por dois dias. A expectativa foi grande nessas 48 horas. Ficamos de olho na meteorologia que sempre apontava para o pior.
E olha: assim como nós, havia um monte de gente na mesma situação. Eram brasileiros, argentinos, uruguaios, chilenos, europeus, entre outros, numa verdadeira babel. Aeroporto de Cumbica “botando pelo ladrão”. Cervejarias e lanchonetes precisando reabastecer os estoques a cada duas horas. Gente espalhada pelas poucas cadeiras e chãos disponíveis. (Veja as fotos que fiz, a seguir). Os banheiros, meu Deus, eram verdadeiros pântanos. Crianças e velhos em estado de desvalidos. Teve nego que varou a noite, pelos cantos. Pense no caos daquilo lá, no sábado pela manhã. O que antes era um tranqüilo e eficiente aeroporto (ou parecia...), lembrava mais uma estação rodoviária de baixa categoria e numa remota cidade de interior. Naquelas horas de aperto, todo mundo perguntava: e na Copa do Mundo? Se der algum tilt extemporâneo desse tipo, o bichovaipegar... Ah! Vai sim. Eu só sei que voltar para casa que, aliás, conseguimos, foi um alivio. Recuperar as bagagens, no Recife, foi, para mim, uma sorte grande. Hoje é segunda feira (13) vi no noticiário matinal da TV que os céus continuam fechados pelas fumaças e não sai nem chega avião para/de Buenos Aires, Montevidéu ou Santiago do Chile. Aliás, o problema já afeta os vôos para Austrália e Nova Zelândia. P#@@a...
No meio disso tudo, como bons brasileiros e cheios de alto astral, não perdemos tempo e logo nos enturmamos a outros “perseguidos” pelo vulcão, formando uma patota bem humorada e curtidores da vida. Uma espécie de MSV – Movimento dos Sem Vôos. Na primeira noite, 5ª. Feira, no refugio de um hotel de Guarulhos, longe dos Jardins e de um salão tipo Parigi ou Gero, mandamos ver bons vinhos italianos, para regar e tolerar um cardápio de baixíssimo padrão e, por supuesto, molhar as palavras das nossas conversas, com animado grupo (médicos paulistas), até o cair da madrugada. Vulcão, viagens, enfermidades, filhos, romances, empregadas domésticas espirituosas ou ignorantes, vida, entre outros assuntos surgiram seguidamente, forjando, aos poucos, uma “amizade de infância”, neutralizando a frustração de não viajar. Nossa farrinha foi a melhor maneira para recuperar o bom humor, perdido nas salas do Aeroporto de Cumbica.
Como no ano passado, na Europa, o atual caos aéreo latino-americano, faz a festa dos que operam no setor dos serviços das cidades afetadas. Em São Paulo, por exemplo, os hotéis, restaurantes, lanchonetes, comércio, taxistas, locadoras de veículos, boates, casas de massagem, serviços de acompanhantes para executivos, bordéis, botecos e, enfim, tudos que ajudam a matar o tempo, estão rindo à toa. A Terra treme, vomita fogo e baforadas de fumaça e a “macacada” se vira como pode. Não sobrou uma cama de hotel ou motel da cidade. Alegria geral! Menos, naturalmente, nos balcões das companhias aéreas, onde os atendentes sofriam com as exigencias dos “perseguidos” mal-humorados.
Para terminar meu papo semanal, lembro que das crises surge o progresso tecnológico. Por isso, estou seguro de que, muito em breve, aparecerão aeronaves resistentes às prejudiciais cinzas vulcânicas. Quem viver, verá.

Nota: As fotos são da autoria do Blogueiro

8 comentários:

Jorge Morandi disse...

Caro Girley:

Parece que te continuan persiguiendo los fenómenos telúricos. Lamento mucho nuestro frustrado encuentro en Buenos Aires. La ceniza volcánica también impidió la llegada y salida de vuelos desde Tucumán, así que tuve que conformarme con un bucólico fin de semana en casa, añorando los buenos momentos que habíamos programado compartir en Buenos Aires, como el recital de mi querida amiga la Negra Chagra, en parcería con César Isella en La Trastienda (vea el reporte en http://www.latrastienda.com/shows/show/263.cesar-isella-y-la-negra-chagra.html)
Jorginho estuvo por allí y me contó que fue un encuentro muy emotivo y de alto valor artístico.
Ojalá que esto no te desanime para futuros viajes. Acuérdate de este famoso refrán "El ser humano propone y la Madre Natura dispone".
Después de un día de operación normal, hoy volvieron a cerrar los aeropuertos de Buenos Aires y Montevideo. Si vc hubiera conseguido llegar hasta el Río de la Plata: ¡Se imagina si hubiésemos tenido que pasar una semana varados en Buenos Aires!. ¡Seguramente hubiese sido más divertido que su forzosa estadía en Guarulhos!.
¡Al mal tiempo buena cara!
Hasta cualquier momento. Abrazo amigo y cariños al clan Brazileiro.

Manuela Allain Davidson disse...

Eu quero eh teletransporte. Nao sei pq tao demorando tanto a tirar esse projeto do papel...

Manuela Allain Davidson disse...

Eu quero eh teletransporte! Nao sei pq tao demorando tanto a tirar esse projeto do papel.

Danyelle Monteiro disse...

kkkkkkkkkkk, só o Sr. mesmo para se divertir até no caos... professor, eu concordo, acho que o Sr. está sendo perseguido pelos vulcões...as fotos estão parecendo de festa no interior, lotada...kkkkkkkkkkkkkk
Grande abraço,
Danyelle Monteiro

Adonias Costa disse...

Amigo Girley,
Lamento que nessa briga com os vulcões dessa vez você tenha perdido.
Ano passado fiquei apreensivo em não poder viajar à Europa, no mês de maio, em razão das cinzas vindas da Islândia. Graças a Deus, o vulcão se aquietou e eu pude viajar. Dessa feita, estou apreensido em não poder viajar ao Chile no início do próximo mês. Estou torcendo para que esses vulcões voltem a dormir pelos séculos e séculos sem fim.
Forte abraço,
Adonias Costa

Francy disse...

Querido colega sudeniano,

Estávamos em Frankfurt quando soubemos das cinzas vulcânicas assolando os céus do Hemisfério Sul. Para nós, sem problemas, pois retornamos pelo ICE e chegamos a Amsterdam e Leiden numa boa.
abs,

Angela Barreto disse...

Data: Terça-feira, 14 de Junho de 2011, 19:26
Caríssimo Girley
Apesar de todos os transtornos, você e sua família estão bem e de volta ao Recife.
Desconheço um brasileiro que não tenha passado por problemas em aeroportos, independente dos perigos das cinzas de um vulcão ensandecido.
Há dois anos, eu e minha netinha de 11 anos ficamos 20 horas retidas no aeroporto de Florianópolis, sem termos sequer uma cadeira confortável para passarmos a noite.
Não tivemos direito a tomar um copo de leite. A partir da meia-noite., restaurantes e lanchonetes eram fechados até as 06:00 horas da manhã. Isto, é claro, antes da magistral reforma.
Este castigo nós passamos porque perdemos o voo Recife/São Paulo/Recife, marcado para as 14:30 horas do dia 02 de janeiro de 2009, por conta de um infernal congestionamento, que sempre acontece nas estradas de Santa Catarina, nos finais de semana., principalmente em períodos de festas e feriadões.
Ficamos sete horas com o automóvel parado na estrada, e eu, neófita daquele transtorno comum para os catarinenses, pensando que havia acontecido um grave acidente bloqueando a estrada. A TAM não nos colocou em outro avião, naquele mesmo dia, apesar de eu ter ligado da estrada avisando que não chegaríamos a tempo por conta do terrível congestionamento. Filas e mais filas de passageiros esperando desistência, e somente no domingo às 05 horas da tarde, exaustas, conseguimos chegar ao Recife.
Floripa no período festas de final do ano... NEVER!!!!
Ângela Barreto

Corumbah Guimarães disse...

Caro Girley:
Essas coisas acontecem com você de propósito, senão, como ficaríamos sabendo como as coisas se deram?
Não é a toa que você é um bom contador de viaens, aventuras e histórias.
Esse é o motivo.
Obrigado por isso.
Corumbah

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