Esta semana
vou deixar de lado minhas preocupações com os tropeços políticos reinantes no
país e, ao mesmo tempo, poupar meus leitores desse tema recorrente e de certo
modo esgotado amplamente pela imprensa aberta. Contudo, vou tratar de outro
assunto também preocupante e que chama a atenção, de qualquer cidadão ou cidadã
de são juízo. Refiro-me aos problemas que atingem e afugentam os turistas no
Brasil.
Tenho sempre
argumentado que, melhor do que qualquer campanha promocional de turismo, o
chamado “boca-a-boca” emitindo opinião elogiosa a um país ou determinado local
tem um efeito positivo e, muitas vezes, mais eficaz. Gosto muito de escutar
referencias de pessoas que visitam lugares e me estimulam a visitá-los.
Principalmente quando se trata de reconhecidos e experientes viajantes. Assim,
receber bem um forasteiro visitante pode resultar num importante vetor de
promoção turística.
Turista em
geral é sempre muito exigente. Quer sempre ser rodeado de salamaleques,
cortesias e bons tratos. Eu pessoalmente sou assim. E tem certa lógica. Ninguém
se abala dos seus cômodos para padecer num lugar estranho. Salvo, obviamente, aqueles
aventureiros que embarcam em viagens plenas de “emoções” e com muito estresse.
Escalar o Everest, ver de perto regiões em conflito, dar uma de Amyr Klink e se
perder em trilhas selvagens são bons exemplos. Tem muitos assim.
Infelizmente
tenho visto noticias de casos absurdos de agressões, alguns fatais, aos
visitantes estrangeiros que tentam descobrir o Brasil. Chegam ávidos por entrar
em contato com essa gente alegre e hospitaleira, curtir o sol e o mar
constantes, tomar muita caipirinha, sambar e assistir uma partida de futebol.
Tudo como propalada pelos agentes promotores. Para alguns, no entanto, nada
disso é permitido por conta da insegurança e o despreparo da gente. Outro dia vi na TV a reportagem da turista sul-coreana
que foi assaltada no Rio de janeiro em pleno calçadão de Copacabana. Perplexa, incrédula e sem dominar o idioma
local passou por momentos de apuros inesperados. Outro caso foi do casal de
namorados estrangeiros sequestrados por marginais, sujeitando-os a uma série de
maltratos, incluindo estupros seguidos à jovem turista. Em Fortaleza(CE) outra
jovem estrangeira foi assaltada e seviciada de modo cruel. Há os que são assassinados
sem pena e sem dó. Não há nada mais negativo para um país que deseja
desenvolver sua atividade econômica do Turismo – como é o caso do Brasil –
quando registrados casos extremos desse tipo. Todos, diga-se de passagem, divulgados
amplamente na mídia internacional.
O que me fez
pautar este assunto foi o episódio vivido pela violinista sérvia, Vera
Stefanovic, e a cantora lírica brasileira Thayana Azevedo, no último fim de
semana, aqui no Recife. Passageiras de um cruzeiro marítimo, vindo de Buenos Aires,
Rio de Janeiro e Salvador, tentaram aproveitar a parada de meio dia na dita Veneza
Brasileira para ver sua gente, o artesanato regional e provar da culinária
local. Nem bem desembarcaram, quando ainda diante do Terminal Marítimo do
Recife, foram assaltadas por dois delinquentes armados. Tentando salvar a bolsa
com documentos e dinheiro, a violinista reagiu e foi atingida por um golpe de
arma branca, saindo com ferimento grave na cabeça. Essas moças jamais
recomendarão uma visita ao Recife. Quiçá ao Brasil. Com razão! Essa reação tem uma
lógica. Eu faria o mesmo. A propósito, lembro que certa vez fui ameaçado de
morte por um taxista numa cidade do interior do Marrocos. A cidade se chama Tétouan.
Não aconselho ninguém passar por ali.
Uma coisa é
certa: o brasileiro precisa ser mais bem preparado para este novo tempo em que
as pessoas, cada vez mais, mantêm, nas suas programações de vida, viagens
através dos mais distintos, ágeis e provocativos meios de transportes modernos,
que facilitam deslocamentos aos mais sedutores destinos nos quatro cantos do
planeta. Naturalmente que para que isso ocorra de modo satisfatório e tranquilo
por aqui é preciso que haja revolucionários programas governamentais de
Educação e Segurança Pública que garantam condições dignas para receber o
turista visitante.
Muito pouco
são os brasileiros que percebem a importância econômica da atividade turística.
Esses mesmos marginais, que hoje agridem, poderiam estar incluídos na força de
trabalho direta ou indireta do setor.
5 comentários:
Triste historia, pero hoy por hoy, se debe hablar de los millones de brasileños que te reciben con los brazos abiertos y créanme, que para muestra solo basta un botón y ese eres tú y tu familia, que son personas increíbles, acogedoras, amorosas, etc
Además, están a dos meses de las olimpiadas, tu país necesita eso, créeme. Hay que invitar a la gente, no alejarla.
Susana Gonzalez
Parabéns, Girley, pelo excelente artigo. Você foi no cerne da questão.
O Brasil perde uma quantidade enorme de turistas que deixam de vir ao país por conta da violência.
Agora ainda temos as arboviroses, o virus da influenza A H1N1, a microcefalia, para ajudar a afastá-los.
Ninguém, principalmente se for mulher ou idoso pode se aventurar pelas calçadas sozinho, e muito menos à noite. Depois das 18h o policiamento ostensivo é recolhido. As ruas mal iluminadas, as calçadas esburacadas, obrigam o turista a andar olhando para o chão, para não cair num buraco e quebrar a perna.
Pode contar que, os bandidos ficam à espreita. Botou o pé na rua, eles dão o bote.
Há 50 anos o professor, ecologista, João Vasconcelos Sobrinho (veja na wikipedia) já alertava para o crescimento demográfico desordenado, falta de educação, de políticas públicas de planejamento familiar, agravado pelo desemprego e falta de oportunidades para os jovens, que não estudam e nem trabalham. Ele dizia que em 30 anos as pessoas de bem só poderiam sair às ruas em grupos e armados.
Nao falo do crime organizado, falo do bandido pé de chinelo, que ataca nas esquinas, nos sinais de trâsito, nos estabelecimentos comerciais, além de bares e restaurantes, em qualquer dia e lugar.
Como dizia o colunista social Ibrahim Sued: "Olho vivo que cavalo não desce escada".
Alberto Bittencourt
Bom dia Dr. Girley
Parabéns pelo texto.
Como sempre é muito prazeroso ( não sei se existe essa palavra) lê seus textos
E concordo plenamente
E sabemos que tudo é fruto da falta de educação do nosso povo
Mas o que fazer!!!!
Vanja Nunes
Amigos, há muito que o turismo brasileiro luta pelas últimas posições no ranking mundial.
Ainda que o dólar esteja alto, ninguém de sã consciência vai arriscar a vida num lugar quando pode escolher outros destinos por preços ainda mais atraentes.
Adierson Azevedo
Boa noite,Girley.
A área de embarque/desembarque carece de alguma blindagem.Bem antes dali,no Centro de artesanato,verdadeiros marginais se passam por guardadores de carro.O segurança do centro no Marco Zero disse que até ele foi ameaçado de extorsão querendo pagamento pela vaga que é gratuita.Precisamos de pulso firme,e pressão política.Que se danem as ongs que acham serem gente boa em situação de risco e que tentam dizer do 'direito' deles de trabalhar.Quero nosso direito de ir e vir.O Estado é omisso e merece sr processado e cabeças rolarem.Uma área pública como aquela,sitiada por marginais.Aqui na Praça de Boa Viagem é am esma coisa.Parece máfia de dominio de espaço público.Sonho com pessoas estilo BRADDOCK na Segurança.
DEUS no comando.
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