terça-feira, 5 de abril de 2016

Turismo ameaçado

Esta semana vou deixar de lado minhas preocupações com os tropeços políticos reinantes no país e, ao mesmo tempo, poupar meus leitores desse tema recorrente e de certo modo esgotado amplamente pela imprensa aberta. Contudo, vou tratar de outro assunto também preocupante e que chama a atenção, de qualquer cidadão ou cidadã de são juízo. Refiro-me aos problemas que atingem e afugentam os turistas no Brasil.
Tenho sempre argumentado que, melhor do que qualquer campanha promocional de turismo, o chamado “boca-a-boca” emitindo opinião elogiosa a um país ou determinado local tem um efeito positivo e, muitas vezes, mais eficaz. Gosto muito de escutar referencias de pessoas que visitam lugares e me estimulam a visitá-los. Principalmente quando se trata de reconhecidos e experientes viajantes. Assim, receber bem um forasteiro visitante pode resultar num importante vetor de promoção turística.
Turista em geral é sempre muito exigente. Quer sempre ser rodeado de salamaleques, cortesias e bons tratos. Eu pessoalmente sou assim. E tem certa lógica. Ninguém se abala dos seus cômodos para padecer num lugar estranho. Salvo, obviamente, aqueles aventureiros que embarcam em viagens plenas de “emoções” e com muito estresse. Escalar o Everest, ver de perto regiões em conflito, dar uma de Amyr Klink e se perder em trilhas selvagens são bons exemplos. Tem muitos assim.  
Infelizmente tenho visto noticias de casos absurdos de agressões, alguns fatais, aos visitantes estrangeiros que tentam descobrir o Brasil. Chegam ávidos por entrar em contato com essa gente alegre e hospitaleira, curtir o sol e o mar constantes, tomar muita caipirinha, sambar e assistir uma partida de futebol. Tudo como propalada pelos agentes promotores. Para alguns, no entanto, nada disso é permitido por conta da insegurança e o despreparo da gente.  Outro dia vi na TV a reportagem da turista sul-coreana que foi assaltada no Rio de janeiro em pleno calçadão de Copacabana.  Perplexa, incrédula e sem dominar o idioma local passou por momentos de apuros inesperados. Outro caso foi do casal de namorados estrangeiros sequestrados por marginais, sujeitando-os a uma série de maltratos, incluindo estupros seguidos à jovem turista. Em Fortaleza(CE) outra jovem estrangeira foi assaltada e seviciada de modo cruel. Há os que são assassinados sem pena e sem dó. Não há nada mais negativo para um país que deseja desenvolver sua atividade econômica do Turismo – como é o caso do Brasil – quando registrados casos extremos desse tipo. Todos, diga-se de passagem, divulgados amplamente na mídia internacional.
O que me fez pautar este assunto foi o episódio vivido pela violinista sérvia, Vera Stefanovic, e a cantora lírica brasileira Thayana Azevedo, no último fim de semana, aqui no Recife. Passageiras de um cruzeiro marítimo, vindo de Buenos Aires, Rio de Janeiro e Salvador, tentaram aproveitar a parada de meio dia na dita Veneza Brasileira para ver sua gente, o artesanato regional e provar da culinária local. Nem bem desembarcaram, quando ainda diante do Terminal Marítimo do Recife, foram assaltadas por dois delinquentes armados. Tentando salvar a bolsa com documentos e dinheiro, a violinista reagiu e foi atingida por um golpe de arma branca, saindo com ferimento grave na cabeça. Essas moças jamais recomendarão uma visita ao Recife. Quiçá ao Brasil. Com razão! Essa reação tem uma lógica. Eu faria o mesmo. A propósito, lembro que certa vez fui ameaçado de morte por um taxista numa cidade do interior do Marrocos. A cidade se chama Tétouan. Não aconselho ninguém passar por ali.
Uma coisa é certa: o brasileiro precisa ser mais bem preparado para este novo tempo em que as pessoas, cada vez mais, mantêm, nas suas programações de vida, viagens através dos mais distintos, ágeis e provocativos meios de transportes modernos, que facilitam deslocamentos aos mais sedutores destinos nos quatro cantos do planeta. Naturalmente que para que isso ocorra de modo satisfatório e tranquilo por aqui é preciso que haja revolucionários programas governamentais de Educação e Segurança Pública que garantam condições dignas para receber o turista visitante.
Muito pouco são os brasileiros que percebem a importância econômica da atividade turística. Esses mesmos marginais, que hoje agridem, poderiam estar incluídos na força de trabalho direta ou indireta do setor.

NOTA: Foto obtida no Google Imagens.

5 comentários:

Susana Gonzalez disse...

Triste historia, pero hoy por hoy, se debe hablar de los millones de brasileños que te reciben con los brazos abiertos y créanme, que para muestra solo basta un botón y ese eres tú y tu familia, que son personas increíbles, acogedoras, amorosas, etc
Además, están a dos meses de las olimpiadas, tu país necesita eso, créeme. Hay que invitar a la gente, no alejarla.
Susana Gonzalez

Alberto Bittencourt disse...

Parabéns, Girley, pelo excelente artigo. Você foi no cerne da questão.
O Brasil perde uma quantidade enorme de turistas que deixam de vir ao país por conta da violência.
Agora ainda temos as arboviroses, o virus da influenza A H1N1, a microcefalia, para ajudar a afastá-los.
Ninguém, principalmente se for mulher ou idoso pode se aventurar pelas calçadas sozinho, e muito menos à noite. Depois das 18h o policiamento ostensivo é recolhido. As ruas mal iluminadas, as calçadas esburacadas, obrigam o turista a andar olhando para o chão, para não cair num buraco e quebrar a perna.
Pode contar que, os bandidos ficam à espreita. Botou o pé na rua, eles dão o bote.
Há 50 anos o professor, ecologista, João Vasconcelos Sobrinho (veja na wikipedia) já alertava para o crescimento demográfico desordenado, falta de educação, de políticas públicas de planejamento familiar, agravado pelo desemprego e falta de oportunidades para os jovens, que não estudam e nem trabalham. Ele dizia que em 30 anos as pessoas de bem só poderiam sair às ruas em grupos e armados.
Nao falo do crime organizado, falo do bandido pé de chinelo, que ataca nas esquinas, nos sinais de trâsito, nos estabelecimentos comerciais, além de bares e restaurantes, em qualquer dia e lugar.
Como dizia o colunista social Ibrahim Sued: "Olho vivo que cavalo não desce escada".
Alberto Bittencourt

Vanja Nunes disse...

Bom dia Dr. Girley
Parabéns pelo texto.
Como sempre é muito prazeroso ( não sei se existe essa palavra) lê seus textos
E concordo plenamente
E sabemos que tudo é fruto da falta de educação do nosso povo
Mas o que fazer!!!!
Vanja Nunes

Adierson Azevedoi disse...

Amigos, há muito que o turismo brasileiro luta pelas últimas posições no ranking mundial.

Ainda que o dólar esteja alto, ninguém de sã consciência vai arriscar a vida num lugar quando pode escolher outros destinos por preços ainda mais atraentes.

Adierson Azevedo

Cristina Henriques disse...

Boa noite,Girley.
A área de embarque/desembarque carece de alguma blindagem.Bem antes dali,no Centro de artesanato,verdadeiros marginais se passam por guardadores de carro.O segurança do centro no Marco Zero disse que até ele foi ameaçado de extorsão querendo pagamento pela vaga que é gratuita.Precisamos de pulso firme,e pressão política.Que se danem as ongs que acham serem gente boa em situação de risco e que tentam dizer do 'direito' deles de trabalhar.Quero nosso direito de ir e vir.O Estado é omisso e merece sr processado e cabeças rolarem.Uma área pública como aquela,sitiada por marginais.Aqui na Praça de Boa Viagem é am esma coisa.Parece máfia de dominio de espaço público.Sonho com pessoas estilo BRADDOCK na Segurança.
DEUS no comando.

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