segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Riscos da Copa Brasileira

A ficha anda caindo por todos os lados. Falo da conscientização brasileira a respeito do evento Copa do Mundo 2014. Quatro anos passam num “piscar de olhos”. Sobretudo levando em conta os preparativos necessários, num país como o Brasil.
O recente sorteio das chaves para a Copa da África do Sul, os alertas que vêm sendo dados a respeito das dificuldades que os sul-africanos andam administrando e os ensaios de preparação que se esboçam no Brasil, já deixam meio mundo preocupado com o corre-corre que o evento poderá gerar “aqui em casa”.
Semana passada, por dois momentos, tive oportunidade de discutir o tema. No primeiro, numa plenária do Rotary Club Recife Casa Amarela, a questão foi exposta, de maneira ampla, por um especialista em turismo. Tratou da questão apontando as necessidades urgentes e as prováveis repercussões positivas para nosso país, enfatizando a exposição na mídia mundial, que, dependendo da nossa competência em vender nosso produto turístico, significará uma cartada decisiva para a consolidação do Brasil na rota do turismo internacional.
Na segunda ocasião, para minha surpresa, foi com um motorista de taxi – meu conhecido – que aproveitou o percurso que fizemos, para me pedir conselhos sobre o que fazer na ocasião da Copa, porque, segundo ele, não vai querer perder a “boquinha” de faturar uns dólares. Ele tem consciência de que pode ocorrer um grande movimento de turistas, decorrente da chave do Recife. “vai ter nego querendo ir aos jogos naquelas lonjuras da cidade da Copa, mas, com certeza, vai ter algum sujeito que vai me pedir para ir às praias, restaurantes, mercado, boates, Olinda e outros lugares. Como é que eu vou me comunicar com essa gente?”
Minha opinião a respeito do assunto é muito ambígua. Explico: acho ótimo que o Brasil seja sede de uma Copa do Mundo, como já foi em 1950. Mas, o mundo mudou e o campeonato propriamente dito mudou de figura. É mais grandioso e mais massificado, graças às facilidades da comunicação moderna. Nem se compara com o de sessenta anos atrás. Ao mesmo tempo em que folgo em ver uma Copa do Mundo, ao meu alcance sem sair daqui, sinto uma profunda preocupação com o que se vai oferecer ao visitante. Como vamos preparar este “imenso continente” para receber contingentes de turistas torcedores dos times que disputarão a Taça?
Há uma imensa diferença em fazer uma Copa num país europeu, por exemplo, rodeado pelo maior número de países que geralmente participam do torneio e fazer cá na America do Sul e num país tão extenso. Pior: num país sem a infra-estrutura adequada para atender às necessidades dos torcedores. Imagine o país, a cuja equipe toque jogar partidas em lugares distintos e distantes. O que vai acontecer quando seus respectivos torcedores procurarem meios de locomoção? Será que, daqui para lá, vão dotar este país de meios de transportes suficientes, seguros e operando a contento para atender a demanda. Temos poucos aviões, com passagens caras. Não temos rede ferroviária como a Europa dispõe, o transporte rodoviário é a desejar e também caro, as rodovias são vergonhosas e, sobretudo, perigosas. Como vai ser? Eis aí uma pergunta que não cala!
O taxista lembrou, preocupado, que se no sorteio de definição das chaves, que só vai acontecer no final de 2013, cair, para o Recife, times como da Coréia, Japão, Rússia ou Alemanha, a confusão vai ser grande demais. Ele tem razão. Num país com dimensões continentais e uma população que, na maioria esmagadora, não sabe o que significa cruzar uma fronteira e muito mal fala português... Sei não.
Faço idéia do que pode ocorrer em localidades mais remotas como no Mato Grosso e no Amazonas. Não vai ser fácil.
Resta muito pouco tempo para preparar este país para o evento. Se houver dinheiro e competência a Copa do Mundo pode mudar a cara do Brasil. Vou torcer que isto aconteça. Se a coisa não se der em bons termos, adeus turista internacional... o risco é grande!

NOTA: Imagem obtida no Google Imagens

5 comentários:

Potiguara Guimaraes disse...

Realmente vai ser um problemão, se eu estiver vivo até lá, vou pagar pra ver.Não agredito que vamos melhorar em nada nos transportes aéreo,nem terrestre.Mas pra mim, o pior será depois da copa, o que fazer com o que se gastou tanto.

Abraço

Baiano da Nigeria disse...

O Brasil merece sediar uma Copa do Mundo mas, francamente, não acho que deveria ser a de 2014!!! O Caderno de Encargos da FIFA está me cheirando ao Plano de Metas do JK que, diga-se, foi quase totalmente cumprido, e afundou o país em inflação, golpe de estado e, escuridão.
E porque digo isso? O Brazil de 1950 erá um país rico, saído da Guerra com imensos saldos comerciais e sem os problemas de hoje! Dutra teve a oportunidade (e o dinheiro) para construir Brasilia e desistiu!!! Tinha duvidas do local e do custo!!! JK foi em frente e resolveu fazer crescer 50 anos em 5. Deu no que deu!!! Foi o paraiso das empreiteiras que levaram tijo de avião, certo? Acabou saindo como ladrão, execrado pelo povo!!! Deu em Janio e sua vassorinha, em renúnica, em Jango, e em general, general, e mais general!! Não foi facil consertar essa bagunça.
Agora, temos 4 anos (na verdade, 2 anos) para fazer o que não foi feito nos ultimos 20 anos!!! Afinal, tudo tem que estar pronto um ano antes da Copa das Confederações! Isso significa 2012.
O Recife precisa de mobilidade, certo? E a monstruosidade que fizeram com a Conde da Boa Vista? Ajuda nesse projeto? Os canais do Recife precisam ser despoluidos e repaginados, certo? Voce já viu como estão os canais do Arruda, Derby-Tacaruna, e do Jordão? E que tal essa Cidade da Copa em São Lourenço? Ainda se discute quem vai jogar lá depois da Copa!!! Meu Timbu já disse que prefere outro lugar!!!!
Mas, sejamos otimistas e vamos torcer que o time faça em campo o que a geração de 50 não fez. Que sejamos hepta!!! Vamos ganhar primeiro a Copa da Africa, certo?? Viva o Brasil...
Baiano da Nigeria

Mauro Gomes disse...

Estou preocupado.
Mauro Gomes

Claudinei Florencio disse...

Amigo Girley,
parabéns!, sua manifestação sobre o tema, soma com a nossa, defendida em nossas matérias e projetos.
Nosso último trabalho, o 8º Construbusiness, abordou algumas questões sobre um programa de eficiência pública e privada, que sinaliza em linguagem simples, necessidade de redução da burocracia, em todas as etapas das inúmeras obras que serão necessárias, para atender esse grande evento.
Pretendemos difundir essa questão. Temos (setor público e privado) que ser rápidos, eficazes e eficientes, pois como diz um outro grande amigo - Dr. Bernasconi (pres. do Sinaenco) - Seremos vitrines ou vidraças ?
Oportunamente, boas festas ao amigo e familiares.
Claudinei Florencio (SP)

Jayme Lielson V. Salgues disse...

Girley, como de salutar habitualidade em tudo que escreve, nem sempre no que diz, sensacional. Reservo que se diz pra turma não pensar quer ele é santo, acima de qualquer deslize. Palavras se perdem no tempo e copm o vento, mas, o que se escreve. Ahhh! o que se escreve, tem responsabilidade. Fica pra sempre.
Encontro quando em vez o GB em eventos e elogio seus artigos e ele, com aquele sorrisão diz, comente.
Pois bem, tinha vinte e tantos anos, fui fazer um curso de 4 meses na Scotland Yard. Fiquei impressionado com o rouge-rouge da Estação Vitória, com seus onibus estalando de novinhos e o tal do underground, que só depois vi que era o metrô. Lá se vão outros mais de 20 anos, e o cuidado com a coisa pública continua a mesma.
Apesar de ser esperto, policial federal experimentado, fui aconselhado (ordenado) a não visitar a Irlanda, em finais livres de semana, pela simples possibilidade de um incidente qualquer.
A COPA 2014 taí, o governo federal só está preocupado em fixar a imagem da Dilma, como se sua cara feia afugentasse bandido, tirasse fome, proporcionasse emprego, diminuisse filas, evitasse lixo nas ruas, escoasse água das chuvas, educaasse transito caótico e fizesse chover no sertão.
Aqui só se fala em SUAPE. "PRESSAL" é papo de botequim. 2010 bate na porta da dor por seus sofrimentos e mazelas, causados por todos os desmandos de políticas públicas e atos de corrupção, além de uma impunidade generalizada.
Torci tanto contra a COPA. Mas, incompreendido... perdi.

Jayme Lielson - jaymelielson@gmail.com

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