sexta-feira, 19 de setembro de 2025
Como antigamente
“Olha só, como antigamente!” foi essa a expressão da turista, por mim ciceroneada, quando circulando pelo Recife, há poucos dias. Referia-se ao ver, em plena Avenida Rui Barbosa, no nobre bairro das Graças, do Recfe, uma carroça pilotada por um popular e movida por tração animal. Concordei. Como antigamente, mesmo. Essa cena já não se vê nas grandes cidades brasileiras. Coisa do passado. Por aqui essa situação vem sendo um problema delicado e de difícil solução. Boa parcela consciente da sociedade, poderes públicos municipais e Sociedade Protetora dos Animais vêm lutando no intuito de coibir esse tipo de exploração e maltrato animal. Existe, até mesmo, uma legislação própria com vistas à extinção desse antigo e renitente meio de transporte. Os praticantes resistem e se manifestam em revoltas com a coibição, alegando ser esse o único meio de sustento e a, consequente, falta de colocação no mercado de trabalho. Acredito, também, que por falta de outra habilidade ou pelas tradicionais e populares demandas, particularmente nos subúrbios da cidade. É bem comum avistar carroceiros fazendo entregas de materiais de construção ou recolhendo descartes de papéis e papelões, entre outros materiais, destinados a processadoras desses materiais. Os carroceiros do Recife vêm protestando, através de manifestações e bloqueios de vias importantes, contra a proibição definitiva da tração animal na cidade, prevista para 31 de janeiro de 2026. Outra dia, vi-me prejudicado na agenda pessoal devido a um desses movimentos em plena avenida Agamenon Magalhães, talvez a mais importante da cidade. A Prefeitura do Recife está se preparando para implementar o que se denomina de Programa Gradual de Retirada de Animais, visando proteger os animais e oferecer alternativas de reinserção profissional no mercado de trabalho, além de apoio financeiro, através de indenizações, capacitação e encaminhamento para novas vagas de trabalho.tudo com base numa Lei Municipal de 2013. (Lei 17.918/20113). Para tanto a Prefeitura já realizou um censo no qual cadastrou carroceiros, aplicando um microchip nos animais e um adesivo identificador nas carroças a serem incluídos no Programa. Nem todos foram listados. A ideia é de indenizar os carroceiros elegíveis pela entrega voluntária dos animais e das carroças, seguido de uma capacitação profissional e busca para novas fontes de sustento. Prometem vagas nas equipes da limpeza urbana ou encaminhamento para empreendedorismo. Porém, em se tratando, no final das contas, de um Programa com forte caráter politico e, ainda por cima, se tratando de um ano de eleições, paira entre os carroceiros uma pesada nuvem de dúvidas. O que está em jogo é a sobrevivência de uma categoria social enraizada nessa prática – de pai para filho - hoje inaceitável. O futuro dessa gente promete muitas emoções nas humildes franjas suburbanas da capital. Segundo pude tomar conhecimento há promessas de muitas revoltas e novas manifestações. Há pretensão coletiva da classe de obter uma prorrogação dessa proibição. Aourei que esse problema não se restringe ao Recife. Outras grandes capitais já lutam ou lutaram com esse tipo de proibição. Belo Horizonte e Cuiabá, entre essas. Numa visita à Goiânia (GO), ano passado, notei que catadores de papel e papelão usavam carroças, na verdade carretas, puxadas por veículos a motor. Um progresso digno de aplausos. Não tenho certeza se tratar da substituição definitiva da tradicional carroça puxada a tração animal. Contudo chamou-me atenção.
Por aqui a Sociedade Protetora dos Animais se posiciona, naturalmente, a favor da proibição e justifica suas teses com os relatos de maltratos dos animais, chicoteados sem dó, com rebenques, e, sobretudo, mal alimentados. Isto, aliás, devido às precárias condições financeiras dos chamados tutores desses animais. Recordo haver visto, muitas vezes, animais soltos nas baixas, beiras de canais e várzeas dos arredores da cidade buscando se alimentar de capim. Podem até se fartar mas, será esse o tipo de alimento conveniente para esses animais trabalhadores e barbaramente explorados? Esperemos ver o que acontecerá. NOTA: Foto Ilustração obtida no Google Imagens.
domingo, 14 de setembro de 2025
Abandono Doloroso
Uma das coisas mais prazerosas que sinto é, visitando uma cidade ou um país, notar os cuidados e preservações dos patrimônios histórico-culturais locais. Este é um assunto recorrente, aqui no Blog do GB. Vez por outra, me sinto na condição obrigatória de denunciar os desmandos que observo aqui por perto e no restante do Brasil. Quem sabe, num futuro... Esses dias tocou-me a oportunidade de visitar Olinda ciceroneando familiares em visita a Pernambuco e não pude deixar de notar o quanto o nosso Sitio Histórico (Monumento da Humanidade - UNESCO) carece de maiores cuidados, da limpeza urbana em geral à preservação dos seus monumentos. Percebe-se que a alta frequência de turistas, nacionais e estrangeiros, ávidos por descobrir traços originais da História da Região e, obviamente, do próprio Brasil terminam por produzir detritos, muito dos quais, abandonados nas vias públicas e recantos inapropriados. Devido claramente por falta de educação ou, acredito, por falta de coletores de lixos estrategicamente postos e ao fácil alcance dos visitantes. Presumo que a municipalidade se revela incapaz de administrar, seja por pura incompetência ou pela provável incapacidade financeira. O curioso é que não vi um porvidencial gari por onde andei. Claro que a situação pode ser agravada pela falta de atitudes mais civilizadas do público visitante, agravada pela visível ignorância do pessoal local, interessado, apenas, com o faturar nos seus negócios. Ambulantes, tapioqueiras, flanelinhas, pipoqueiros, entre outros, fazem a “festa” sem se preocupar com o meio ambiente que ocupa. Há cantinhos, digamos mais recônditos, que servem descaradamente de mictório, exalando constantemente o desagradável odor pelas redondezas. É um abandono doloroso. Não posso esquecer que, ao circular por certas vias, um dos meus convidados, observando moradores, nas calçadas de suas residências, exclamou assustado, “é curioso ver que tem gente que mora nessa bagunça!”. Doeu-me até a alma. Fiquei mudo e emendei com um comentário elogioso sobre o primeiro beco que surgiu. E pensar o quanto é difícil viver num país em que atirar lixos em via pública e urinar nos bequinhos mais reservados não gera qualquer tipo de penalidade, a situação fica realmente impraticável. Lugares, como Cingapura que multa em milhares de Dólares o cidadão que come na rua ou que suja a via publica, bem poderia servir de exemplo. Talvez até funcionasse, já que aplicar multas se constitui esporte favorito de muitos agentes oficiais. Complicado.
Passados poucos dias tocou-me receber e orientar visitantes oriundos do Rio Grande do Sul, sedentos por conhecer o Recife e Olinda. Claro que tratei de dar as melhores informações, tanto históricas, quanto contemporâneas. Acredito que contribui. Contudo, pensado nesses, estive, neste domingo, circulando no centro do Recife, indo à missa na Igreja da Conceição dos Militares. Trata-se de um dos templos históricos mais bonitos da cidade e recentemente restaurado. (Vide foto a seguir). A beleza é de tal grandeza que os mais conhecedores do assunto não cansam de afirmar que se trata da Capela Sistina de Pernambuco. O templo data de 1726. Ou seja, completará 300 anos no próximo ano. Formidável.
Localizado numa das ruas mais antigas da cidade, a Rua Nova (antiga Rua Nova de Santo Antônio, no século XVIII, Rua Barão da Victória, em 1870 e Rua João Pessoa, em 1930. Sem que esses nomes pegassem na população, voltou a se chamar simplesmente de Rua Nova em 1937) se constitui num ponto fora da curva do ambiente deteriorado da capital pernambucana. Uma maldade ver aquela tradicional artéria tão abandonada. Lamentavelmente, os grandes centros urbanos, as capitais brasileiras, estão todos abandonados dolorosamente. É um verdadeiro crime o que se comete com nossa historia urbana. Saindo da Igreja da Conceição e caminhando nas redondezas, onde antes a cidade fervia de lojas elegantes e casas de chá frequentadas pela alta sociedade, deparei-me com verdadeiras perversidades contra o patrimônio cultural da cidade. É assustador, por exemplo, ver o fantástico mural frontal do edifício que abrigava o antigo e elegante Magazine A Primavera, da autoria do renomado artista pernambucano Francisco Brennand, emporcalhado por inomináveis pichadores que perambulam pelas madrugadas da cidade Maurícia acabando com o há de belo para se mostrar aos visitantes e para ilustração das nossas melhores amostras culturais. Vide foto a seguir.
Para concluir cabe, então, uma pergunta que não cala: até quando viveremos tantos desmando e tanta ignorância ambulante? O velho Recife – a Capital mais antiga do Brasil – prestes a completar 500 anos vive um doloroso abandono. Abram os olhos senhores administradores da Urbe!
sábado, 6 de setembro de 2025
Labaredos na Corte
O cidadão honesto, cumpridor das suas obrigações cívicas, precisa ter paciência e sangue frio para se postar à margem dos processos que rolam no Planalto Central. O risco de se queimar é constante porque a Corte pode pegar fogo a todo o momento. É esta a sensação que percebo muitas vezes. A semana que hoje termina, por exemplo, exigiu-me permanente atenção com as encenações esdruxulas constatadas na Praça dos Três Poderes. Como se não bastasse o julgamento da chamada Trama Golpista, no STF, fiquei pasmo ao tomar conhecimento de alguns fatos absurdos e inacreditáveis. Imagine que, nas caladas da noite de terça-feira passada, o Senado, aproveitando certamente as atenções voltadas ao julgamento da Primeira Turma do Supremo, teve a ousadia de mexer e modificar uma das maiores conquistas institucionais brasileiras, a Lei da Ficha Limpa, fruto de uma vitoriosa proposta popular. Relembrando, para quem não se lembra, ou nunca prestou a atenção, falo da Lei Complementar No. 64/1990, cujo objetivo foi elevar a moralidade e probidade administrativa impedindo que pessoas condenadas gravemente usem do voto popular para escapar das punições legais ou visando se manter no poder. Pois bem! Na noite de 02 de setembro de 2025 (esta semana!) o Senado aprovou o Projeto de Lei 192/2023 (já enviado à sanção presidencial). Isto, quer dizer que, o que estava garantindo a decência e a honestidade às nossas instituições representativas e executivas foi para o beleléo! Uma atitude, dos nossos representantes, que representa um vergonhoso retrocesso institucional. Por essas horas, tem desonesto e portador de ficha s, haja voiuja, vibrando e já preparando campanhas tranquilas no futuro próximo. Essa coisa indecente pode bem ter tomado como modelo a recente vitória de Donald Trump para presidente dos Estados Unidos. Com várias e claras condenações e uma ficha sujíssima tornou-se presidente mais uma vez e os resultados estão aí. Outra surpresa da semana, e ameaça de incêndio no Planalto Central, foi a retomada das discussões parlamentares visando à revogação ou redução da Autonomia do Banco Central do Brasil, conforme PLP 19/23, do Psol. Pior, ainda, que na mesma esteira, o Centrão levanta uma bandeira que questiona a estabilidade dos diretores do Banco. As propostas e ideias põem em risco outra conquista nacional que não suporta um retrocesso desse nível. Imagine o BC ser transformado numa Autarquia diretamente subordinada ao Presidente da Republica. Que perigo! Pense numa tentação dessas! Taxa de juros e controle da inflação ao bel prazer do plantonista. E, para fechar a semana com “chave de ouro”, lembro que a crescente movimentação no Congresso, para colocação em pauta a discussão acirrada, do Projeto de Anistia aos julgados culpados no âmbito da Trama Golpista. Haja emoção. Do meu posto de observador fico “roendo unhas”. Sinal da possibilidade de incêndio resulta do avanço rápido do entusiasmo das bancadas opositoras e um Governo, pressentindo reais abalos, decidindo pela liberação de 2,2 Bilhões de Reais para despejar via cobiçadas emendas PIX. Comprando votos favoráveis, claro. É uma vergonha fazer politica dessa forma. Nesse clima de eventuais “incêndios” fico imaginando do que servirá esse esforço e, vamos e venhamos, essas cenas apaixonantes e desgastantes do julgamento da tal Trama Golpista. No final das contas, coisa corre riscos de em nada resultar. É uma Corte em ebulição a toda hora. Isso sem falar de outro possível foco de incêndio que é a evolução da CPMI do INSS. Sinto desgosto e desespero diante desse quadro de futuro confuso e inseguro. NOTA: A ilustração foi obtida no Google Imagens.
segunda-feira, 25 de agosto de 2025
Salve o negro brasileiro
Meu último post foi portador da minha confissão de impaciência e perplexidade com o quadro politico nacional nesses tempos recentes. A coisa, como pode facilmente ser constatada, saiu do controle e de forma inusitada. A sociedade está desencantada e cansada da bagunça instalada. Ninguém suporta mais a inútil polarização politica, a insegurança pública, bem como a jurídica, a sempre viva inflação e tudo mais que negue a tranquilidade nacional. Pior, ainda mais, é assistir as influências externas que estamos sofrendo no nosso dia-a-dia como poucas vezes ocorreu, ameaçando a soberania nacional e destruindo a tradicional e respeitada diplomacia forjada por Rio Branco. Mesmo considerando que o mundo “encolheu” deitado numa rede mundial de relacionamentos formais, fico pasmo com tantas guerras, desentendimentos entre povos e nações, apontando para um futuro sombrio aqui e acolá. De nada valeu, e recordo por oportuno, a esperança que reinou, no pós Segunda Grande Guerra, quando criada a Organização das Nações Unidas, hoje levada a trote e com prestigio limitadíssimo. Tempos estranhos e difíceis, no qual os aspirantes ao papel de conciliador são enxotados pelos que se aproveitam das efêmeras vantagens de passageiros dos bondes chamados de Poder. Mas, paciência... Este não é tema de pauta de hoje. Seria até redundante continuar nesta conversa. Como o desestimulo que venho enfrentando também tem limites não resisti à provocação desta semana. Estou pasmo com o recente “pronunciamento politico” do cidadão que, a maioria do eleitorado brasileiro colocou, mandando e desmandando, no Palácio do Planalto, em 2022. O dito político experiente e “pai dos pobres”, na sua “fluência arrebatadora” largou uma das suas pérolas que costumam brotar dos seus reais sentimentos (Sorocaba, interior de São Paulo, 21/08/2025), consagrando uma das suas verdadeiras visões de povo. Inacreditável. Contudo, real. “Como pode um desdentado e, ainda mais, negro compor um material publicitário do Governo Brasileiro?” Foi a dolorosa questão do Presidente da Republica tendo às suas mãos um exemplar do material, num evento politico, destinado a promover feitos do seu Governo. Mandou destruir, na hora. Manda quem pode e obedece quem tem juízo. Na declaração, o presidente chegou a perguntar a membros do governo se achavam bonito colocar um homem negro sem dentes em um material publicitário governamental.
Podia nem ser bonito mesmo, mas, não precisava frisar que era um negro. Um homem desdentado e pronto! Foi demais. Contudo, foi oportuno porque, afinal ninguém consegue enganar um povo, por todo tempo. Negar a existência de indivíduos negros no Brasil é negar às raízes da cultura nacional e ferir sem dó tantos valores intelectuais que contribuíram para a grandeza desta Nação. É negar aos milhões de eleitores que confiaram, e acreditam até hoje, num “líder” que posa de Salvador da Pátria. Ah, não! Paciência tem limites. Tomo as dores de um povo que nos trouxe e preservam, depois de séculos, valores culturais inestimáveis, não obstante pressões como esta em tela, desde suas crenças religiosas e espiritualidade criando religiões afro-brasileiras como o Candomblé e a Umbanda transformadas em legítimos sustentáculos da diversidade religiosa nacional, além de passar pela música, pela literatura, ciências e culinária. Negar a matriz cultural africana brasileira é o maior testemunho de ignorância de um individuo que não vive sem ritmos como o samba, o maracatu e a capoeira. Que não dispensa as iguarias culinárias que invadiram as mesas dos brancos, vindas das oprimidas senzalas. Chega de preconceitos! Salvemos os negros brasileiros que zelam, resistentemente, pelas suas identidades e seu orgulho de brasilidade. Foi doloroso Seu Lula!
quinta-feira, 14 de agosto de 2025
PERPLEXIDADE
Busquei muito outro titulo para hoje. Nada feito. Ao contrario do que alguns pensam naturalmente que tenho acompanhado o desenrolar dos lamentáveis episódios políticos brasileiros nas últimas semanas. Por um lado a luta pelo poder caracterizada pela insana polarização partidária transvestidas pelas já batidas retóricas ideológicas. E, por outro, o envolvimento do Brasil, de modo adverso, nessa incrível Guerra Tarifária encetada pelo presidente Donald Trump dos Estados Unidos revelando, objetivamente, uma inédita movimentação comercial que ultrapassa a propalada defesa da economia norte-americana, mas, com fortíssimo teor geopolítico-econômico. Principalmente quando analisando o imbróglio com o caso brasileiro. É desanimador perceber que estamos enroscados num ambiente onde o Poder é o principal projeto de um governo ou de qualquer outro que venha se eleger. Não tenho mais idade para me iludir com promessas e mentiras eleitoreiras. Daí minha perplexidade. Entre outras coisas, procuro identificar um Projeto de Governo para o desenvolvimento socioeconômico nacional e não o encontro em parte alguma. Nem no governo de plantão ou nos discursos daqueles que aspiram ao comando. Vejo sim uma disputa de “unhas e dentes” para se aboletar na cadeira mais alta do Palácio do Planalto. Cansei dos proselitismos políticos onde só usam termos de cunhos ideológicos, muitas vezes sem saber o que dizem, quando de fato é o Poder que interessa. E a Nação está cheia de iludidos, que se contentam com Fundos Partidários e Emendas Parlamentares. Vergonhosos.
Como faz falta um líder verdadeiro, capaz de enxergar as verdadeiras necessidades nacionais. Aliás, nesses que vejo circulando, percebo que mal sabem o significado de Nação e nacionalidade. Pior é perceber claramente que usam a grife da Democracia sem, nem mesmo, saber praticá-la. A propósito disso, tem nada mais vergonhoso do que ver os três poderes da República – bases de uma verdadeira nação democrática – disputando abertamente posições de mando, cada um querendo provar que pode mais. Este não foi o Brasil prometido pelos meus ancestrais. Meu falecido pai, de modo insistente, garantia que a geração dele estava nos preparando um país de futuro feliz e farto. E eu confiava piamente. Hoje vivo em estado de perplexidade. Imagino a baita surpresa que teria meu velho se fosse possível levantar do túmulo para dar uma voltinha entre nós. Seria uma dolorosa decepção.NOTA: Ilustração obtida no Google Imagens.
sexta-feira, 27 de junho de 2025
Xote in Rock
Entre as muitas noticias e repercussões sobre os festejos juninos deste ano em Pernambuco, uma se destaca e tem meu total apoio. Refiro-me às criticas que a consagrada Elba Ramalho fez após sua recente apresentação no palco de eventos em Caruaru. Com propriedade e autoridade de quem sabe da importância da música regional, ela manifestou sua opinião sobre a “diversidade” com a qual montaram a grade de atrações deste ano. Ocorre que por manobras e estratégias politicas, além das perspectivas de faturamentos, as Prefeituras pernambucanas visando atrair grandes públicos (potenciais eleitores!) nos festejos juninos dão preferencias e pagam cachês milionários a nomes de prestígios nacionais sem levar em conta seus gêneros musicais. Resultado é que sambistas, roqueiros e sertanejos se apresentam debaixo de aplausos frenéticos, ao invés de interpretes de xotes, xaxados e baião. Forró? Ah, esse já é batido demais. Os trios de pé de serra, que faziam as festas de antanho (termo mais do que próprio) nem pensar. Quando muito, conseguem espaços nas festinhas familiares ao redor de uma fogueira e de uma mesa de acepipes de milho. Lá nos denominados pátios do forró de Caruaru ou Gravatá, por exemplos, rolam espetinhos pré-fabricados e salsichões na brasa, pipocas para não dizer que não tem milho. E muitas cervejas e cachaça. Ah! Outra curiosidade é o fato de que não aparecem mais pessoas com as tradicionais roupas de matuto... Ninguém quer mais dar pistas de uma coisa chamada de matuto. Aliás, não existe mais matuto. Atualmente as mocinhas exibem trajes moderninhos, shorts bem cavados, com partes das nádegas à mostra, botas até os joelhos e blusinhas compradas na Shopee! Quando toca um rock elas se requebram e mostram para o que vieram. Neste caso, como não tem xote, elas se remexem segurando o short. Quando se fala em dançar uma quadrilha, como no passado, correm apressadas e exibem uma rica fantasia, como se fossem desfilar na Marques de Sapucai (Rio), numa noite de carnaval. Tenha dó. Eram tão lindas as roupas caipiras. Fui um gritador e quadrilhas de primeira. Quando entrava julho naõ conseguia falar de tão rouco. Alavantu! Anariê! Olha a chuva! Choveu!
Tenho criticado de modo veemente, neste espaço, as formas politizadas das promoções dos nossos festejos populares. Trata-se, na prática, duma forma moderna de distribuir “pão e circo”. Contudo, estão passando dos limites. Por oportuno, recordo que no carnaval do Recife, com a proposta de multicultural, vejo, com frequência, apresentações de indiscutíveis valores artísticos nacionais sem que, na maioria, não entendem de carnaval pernambucano. Inúmeros valores vocais locais ficam sem boas oportunidades e se contentam com palanques das periferias.
Observemos que nunca se ouviu falar do Maestro Forró, Alcymar Monteiro, Santana ou Elba Ramalho, por exemplos, sendo atrações principais nos festivais de Barretos (Festa do Peão/SP) ou de Parentins (Boi Bumbá/AM).
Lamentavelmente, vemos sendo apagados nossos reais valores culturais, colocando o rock no espaço do xote e do forró, sem que apareça um salvador das nossas tradições, como ocorre em todo país civilizado e ciente dos seus valores ancestrais.
sábado, 14 de junho de 2025
Comidas de Mercados
Sempre fui ligado em comidas de mercados públicos. Muitas vezes ouvi críticas por essa minha mania. Nunca tive preconceito ou medo de saborear das gastronomias populares por onde ando. E, não deixo de provar das iguarias dos mercados locais de onde vivo, no Recife. Posso garantir que não há melhor bolinho de bacalhau do que os produzidos pelo Bar e Restaurante Bragantino, no Mercado da Encruzilhada, aqui perto da minha casa. Tão bons quanto os melhores que se come em Portugal. O mesmo posso dizer do Arroz de Braga feito por lá, também. Indo a São Paulo não perco a chance de dar uma passada no Mercado Central e comer o famoso sanduiche de mortadela com um bom chope gelado. Outro Mercado Central que aprecio e onde já estive varias vezes é o de Santiago do Chile. Vale à pena explorar as delícias de frutos do mar oferecidas por lá, incluindo os filé e caldillo de Côngrio. Deliciosos. No mesmo mercado o visitante tem oportunidade de saborear a famosíssima Centolla, um caranguejo gigante de carne adocicada servido frio e inteiro. É geralmente caro. Mas vale à pena o gasto. Outro mercado, por onde andei, e não posso esquecer é o Sydney Fish Market, tido como o maior mercado de peixe do Hemisfério Sul, além de ser um famoso ponto turístico da Austrália. Ali o visitante pode saborear as iguarias mais sofisticadas de pescados, num ambiente diferenciado e atrativo. Outro mercado inesquecível é o de Coyoacan onde se pode experimentar das diversas comidas típicas mexicanas. É preciso cuidado, porém, com as dosagens de pimentas. Mexicano não dispensa de uma boa e ardida pimenta.
Mas, minha ideia de falar de mercados públicos nesta postagem surgiu ao recordar das visitas a mercados quando da recente ida à Europa. Destaco dois desses, onde me deliciei de riquezas culturais e gastronômicas locais. Refiro-me ao Mercado da Ribeira, em Lisboa (Portugal) e ao Mercado de São Miguel, em Madrid (Espanha). Dois pontos preciosos e imperdíveis para quem anda fazendo turismo pela Península Ibérica. No primeiro saboreei um belíssimo bacalhau, grelhado, daqueles que somente em Portugal se come. (Foto a seguir) Numa mesa de calçadão, recebendo a brisa vinda do rio Tejo, logo à frente, numa deliciosa tarde de primavera e do modo que a vida passa e pede que os relógios parem de funcionar.
Já em Madrid, numa entrada no São Miguel, uma simples vista d´olhos faz com que as papilas gustativas se agitem e mande recados de sabor ao cérebro antes mesmo de qualquer coisa provar. Esse mercado é especializado em oferecer finger-foods, denominadas de tapas, na Espanha. São espécies de petiscos com uma infinidade de recheios preparados na hora, em cada balcão que se sucedem. Recheios de camarões, lagosta, bacalhau, especiarias diversas, presuntos, lascas de jamón (Vide foto a seguir) entre muitos outros e até caviar. Os preços são bem módicos e o cliente pode sair empanturrado. Naturalmente que boas taças de vinhos são vendidas como bom acompanhamento. As tapas são o que nós chamamos de “tira-gosto” aqui no Brasil. Depois de uma farra dessas fico desejando que nossos mercados saibam melhor explorar o nicho do turismo gastronômico com competência e, sobretudo, responsabilidade pelo produto oferecido. Sei que mercados de Belo Horizonte e Porto Alegre reúnem condições favoráveis e já oferecem bons cardápios.
Soube, outro dia, que nosso Mercado de São José, no Velho Recife, vem sendo reformado e preparado para esse tipo de atração. Tomara, mesmo porque se trata de uma bela estrutura projetada em Paris, em 1872, ao modelo do Mercado de Grenelle. (vide foto abaixo). É o mais antigo em funcionamento no Brasil. O prédio, propriamente dito, uma construção de ferro, foi trazida desmontada da, França para o Recife, no porão de um navio. A obra de montagem ficou a cargo de Louis Vauthier, francês que viveu no Recife e deixou inúmeras obras arquitetônicas, entre outras o belíssimo Teatro de Santa Isabel. Boto fé nesse projeto do nosso Mercado e já me vejo tomando caldinho de feijão com batida de maracujá, pitanga ou cajá. Comendo sarapatel com farinha, mão-de-vaca e chambaril. Buchada e caldeirada! Coxinhas de galinha e croquete de feijão. Tapioca! E, basta! Já estou satisfeito desde já. Simbora! (Vide foto do mercado abaixo) NOTA: fotos do Blogueiro e do Google Imagens.
terça-feira, 27 de maio de 2025
Um olhar sobre o Meio-Ambiente
Ao longo da minha recente viagem à Europa, tive oportunidade de conferir, por onde passei, alguns detalhes comportamentais do europeu em geral, quanto às preocupações com a preservação do meio-ambiente. Não sou especialista nessa área, mas, como cidadão responsável, sinto-me comprometido com qualquer movimento que venha contribuir para a melhoria e preservação do planeta. Aliás, minha curiosidade tomou corpo a partir do momento em que observei a expressiva quantidade de veículos, inclusive coletivos, movidos à eletricidade. Nessa crescente curiosidade, e a caminho de Paris, lembrei-me e tive o cuidado de refrescar a memória revendo as razões e os propósitos do famoso Acordo de Paris, celebrado em 2015, durante a 21ª Conferência sobre a Mudança do Clima (COP 21). Anotei que a ideia e os propósitos visam enfrentar os impactos das mudanças climáticas, como o aquecimento global e recentes eventos extremos, promovendo um esforço das nações signatárias de adotarem medidas que contribuam para limitar o aumento da temperatura media global a menos de 2ºC (Meta de 1,5ºC), zerar as emissões de carbono na segunda metade do século, gerar programas nacionais de adaptação dos países vulneráveis e mobilizar financiamentos climáticos a partir de países mais ricos. Muito bem... Desprovido de métodos científicos, não pude e nem era possível na ocasião conferir providencias adotadas do referido Acordo, nas minhas andanças turísticas. Lembrei, de pronto, das oposições de Donald Trump e alguns outros parceiros. Contudo, vários aspectos saltavam aos olhos e fui anotando. Antes, porém, vi que a Europa talvez nunca antes haja recebido tantos turistas e isso implica no crescente aumento da produção de dejetos e queima de gás carbônico. Tenho pra mim que a Pandemia reteve as populações em rigoroso regime de reclusão e, ao recobrarem o poder de circulação, decidiram por correr o mundo. A Europa, por seus atrativos, vem tendo que suportar levas extraordinárias de visitantes que, na prática, impõem desafios de ordens das mais diversas, muitos dos quais de ordem ambiental, difíceis de serem cumpridos. Surpreendeu-me, por exemplo, deparar-me, no centro de Madrid, com uma montanha de lixo, em pleno meio-dia de primavera, aguardando a coleta sem que houvesse seletividade e jogada, naquele ponto, pelas casas de negócios da Praça Puerta Del Sol. (Vide foto abaixo). Conversando com o taxista que me conduziu de volta ao Hotel fui informado das dificuldades locais para coleta a tempo, assim como para o processamento. Não quero dizer que a cidade estivesse suja e mal tratada. Pelo contrário, no geral, havia limpeza e a beleza comum da capital espanhola.
Outro detalhe que me chamou atenção foi o quanto, aos poucos, o plástico vem sendo sumariamente abolido da produção de utensílios domésticos e utilitários corriqueiros tão comuns noutros lados. No Brasil, por exemplo. Percebi que nos supermercados europeus quase não existem sacolas plásticas, estas substituídas pelas de papel Kraft, que são cobradas no ato de check-out. É tanto que já se tornou comum fregueses que levam suas sacolas duráveis ou carinhos domésticos para transportar suas compras. Cheguei a sentir acanhamento ao pedir uma sacola para conduzir pequenas compras que realizei. Recebi, mediante alguns centavos de Euros. Ou seja, além de servir de hábito educativo para preservação do meio ambiente, pesa no bolso. Nas prateleiras dos supermercados, por sua vez, o plástico tende, também, a desaparecer. Copinhos de agua e café, garfinhos e faquinhas, pratinhos descartáveis são rigorosamente de cartolina folhados de madeira. Descartáveis biodegradáveis, portanto. Vide fotos.
O curioso é que ainda é possível encontrar descartáveis jogados em pontos das grandes cidades que, segundo aquele mesmo taxista (cidadão diferenciado) são devidos a turistas que invadem as cidades, oriundos de países pouco preparados e sem programas educativos quanto à preservação do meio-ambiente. É inegável que há sinais de conscientização da sociedade, embora haja forças mais fortes contrárias e que se opõem aos esforços defendidos pelo Acordo de Paris. É inadmissível e mesmo indecente o posicionamento do atual presidente dos Estados Unidos. Justo num dos países que mais poluem a atmosfera e contribuem para o aquecimento global. Sinto algum desânimo quanto essa melhoria sonhada. No Brasil, por exemplo, será preciso um esforço politico-social para enfrentarmos tanta poluição. Admirando o Lago Leman (Genebra) fiquei deslumbrado com a limpidez. Translucido. Peixes a vista! Tristemente, lembrei-me do nosso rio Capibaribe (Recife) poluído e fétido. Apenas um exemplo, entre muitos outros, mundo afora. Esperemos a COP-30 programada para se realizar em Belém do Pará, de olho na Amazônia, que não para de arder em chamas. Quem sabe haja um novo pacto e que, ao menos, sensibilize o Brasil. NOTA: Imagens ilustartivas da autoria do Blogueiro.
terça-feira, 13 de maio de 2025
Um novo Leão rugindo em Roma
Foram dias de emoção e surpresa, que por pouco não presenciei, o intervalo de tempo que ocorreu entre a morte do Papa Francisco e a eleição do seu substituto, no Vaticano. Estive circulando na região poucos dias antes desses momentos e pude observar a movimentação reinante na Praça de São Pedro e arredores. Muitos na expectativa do desfecho final, tantas vezes vaticinado, do pontificado do Papa Francisco e outros tantos já especulando sobre a nova figura que surgiria após o anuncio da escolha, com a simbólica fumaça branca numa chaminé dos telhados da Capela Sistina. O ser humano é curioso. Vive e curte sem limites as sequencias de eventos dessa magnitude. Vi gente orando em voz alta, alguns chorando, gente sorrindo, procissões (Vide foto), fiéis em romarias, curiosos, até mulçumanos turistando e observando tudo aquilo. Multidões. Já visitei o Vaticano outras vezes mas, nunca vi tanta gente naquelas redondezas. Filas de três a quatro horas para adentrar à Basílica. O mundo parecia haver marcado um encontro naquele largo. Ah! Vi também muitos negociantes aproveitando a oportunidade. Por ali, as pessoas parecem abrir os bolsos e deixam tudo que pedem. Ambulantes, restaurantes, guias de turismo, cambistas, lojas, bares, sorveteiros, enfim, toda sorte de comercio. Lembrei-me que se Cristo aparecesse de repente, com certeza, iria expulsar aquela gente, sob chibata, como expulsou os vendilhões do Templo de Jerusalém. Ao vivo e a cores, experimentei um clima asfixiante. Honestamente, senti vontade de me retirar o quanto antes. E, na minha pressa, terminei sendo roubado na saída. Pickpockets por todo lado fazendo seus “negócios”, também. Como num passe de mágica, bateram minha carteira com dinheiro, identificações e cartões de crédito. Com isto não preciso dizer mais nada.
Saí de Roma para visitar Paris, onde senti certo alivio. A cidade mais arrumada, menos gente nas ruas e um clima mais tranquilo. Mesmo “sem lenço e sem documentos”. Foi lá que, passado o Domingo da Páscoa, tomei conhecimento do passamento de Francisco. Luto no Mundo Cristão, a Notre Dame repicando os sinos por 88 vezes – a idade do Papa Francisco – e as noticias sobre as exéquias e os preparativos para o Conclave (*). Naturalmente que minha visita a Paris foi, em paralelo, tomando sentido nos acontecimentos de Roma e imaginando o rebuliço. Cumpridos os dias de luto e a recepção dos Cardeais Eleitores, o mundo se voltou para a chaminé da Capela Sistina na expectativa do sinal positivo. Não tomou muito tempo, em minha opinião. Dois dias... Foi mais rápido do que se esperava, diante de tantas incertezas politicas mundiais e as esperanças de paz. Afinal, um Papa, além de ser o Bispo de Roma, Chefe Supremo da Igreja Católica é, também, um Chefe de Estado. O Vaticano é um país Independente, encravado no coração da Itália. Se a escolha desse novo Chefe de Estado pode perecer ter sido rápida e fácil, aos olhos de nós pobres mortais, sem duvidas trouxe algumas surpresas. Falava-se muito numa escolha entre italianos, com a ideia de que a Igreja Católica de Roma deveria retornar aos padrões conservadores. Outra hora falava-se num africano, depois num europeu das vizinhanças do Vaticano e, por fim, deu zebra. Escolheram um norte-americano, nascido em Chicago. O primeiro ianque a ocupar o trono de Pedro. Para alguns, de imediato, foi uma resposta politica da Igreja Católica às loucuras que atualmente são praticadas pelo Presidente Trump, com sérias repercussões negativas pelo mundo inteiro. Resposta politica ou não o mais significativo, a meu ver, foi que Robert Francis Prevost, o Cardeal eleito, escolheu o nome de Leão XIV, ao invés de Francisco II ou Pedro II, como se ventilou. Por que? Quem é, afinal, esse Cardeal norte-americano? De onde saiu? O que fez na vida? Ninguém, ou muito poucos, sabia. Lentamente, aquele simpático e relativamente jovem (69 anos) Papa apresentado à Urbi et Orbe, traz um Curriculum Vitae expressivo, uma folha corrida profícua, dupla nacionalidade (com orgulho é peruano) e profundo conhecedor dos regimentos eclesiásticos da Igreja Católica de Roma, além de estar ciente da pobreza e desigualdades reinantes no mundo de hoje.
Com base nisso tudo, é de se concluir que a escolha do nome Leão XIV pode dizer muito das suas intenções visto que Prevost aponta para uma admiração a Leão XIII, famoso pelas suas defesas revolucionárias dos menos favorecidos e dos trabalhadores, lá no final do século 19, inicio do século 20. De pronto ocorreu-me lembrar de que aos 15 ou 16 anos, como aluno do Colégio Marista do Recife, tive minha primeira ideia de quem foi Leão XIII, ao me debruçar, nas aulas de Religião, analisando sua Encíclica Rerum Novarum, publicada em 15/05/1891, provocando uma repercussão ainda hoje vigente, pelas defesas à classe operária mundial. Conta-se, inclusive, que Leão XIII combateu, à distancia, a escravidão no Brasil. Essas observações podem nos dar uma indicação de como poderá ser o Pontificado do novo Bispo de Roma, Leão XIV. Que Deus o inspire e que seu “rugido” desde o Vaticano promova a paz entre os povos e o progresso da Sua Igreja. NOTA: Fotos Arquivo do BLog e Google Imagens.
(*) A tradução de Conclave é Com Chave, significando que a escolha de cada Papa é a portas fechadas.
quarta-feira, 7 de maio de 2025
É de amargar
A gente junta os trocados poupados, reúne a família num “tour de force”, atravessa o Atlântico e procura ver no Velho Mundo o que há de história, cultura, solidariedade e ordem democrática, entre outros atributos. Enche-se de conhecimentos, enxerga sem dificuldades um povo ordeiro, honesto e cumpridor dos seus deveres sociais ao respeitar os terceiros, ao atravessar uma rua, ao ser atendido num negócio da esquina ou num transporte público. Tudo leva a crer que funciona de modo exemplar e inerente à cultura secular local. São lições inesquecíveis.
Depois disso, vem o retorno trazendo uma sensação de amargo. Já na fila de embarque do avião do regresso se notam a avidez e a falta de respeito de alguns passageiros que disputam os primeiros lugares da fila de embarque, sem respeitar os que, de direito e antecipados, se colocaram presentes e a tempo regulamentar. Aí, é de amargar perceber que os costumes do outro lado já se antecipam ainda cá.
Preâmbulos à parte, o que mais amarga, e logo ao desembarcar, é que nada mudou. Pelo contrário, até piorou. Estou pasmo com essa monstruosa nova onda de corrupção do Governo, prejudicando os pobres e desvalidos aposentados do INSS. É tão chocante e repugnante que resolvi deixar de lado minha pauta sobre a viagem que fiz à Europa, em abril, para manifestar minha revolta e indignação. Pode ser uma manifestação humilde e pequena. Mas, é uma obrigação de quem tem a mínima noção de civilidade e compromisso social. Não sei mais onde essa canalha de líderes governamentais vai chegar. É a raça toda! Ministro, Adjunto, presidente do INSS, filho de Ministro, irmão do Presidente... E lá se foram Bilhões de Reais nas mãos dos ladrões que seguramente ficarão impunes. É de amargar perceber, mais uma vez que, no Brasil, o crime e a corrupção sempre compensam.
E a coisa não fica por aí. É vergonhoso ver o Lula aceitar um convite de Putin para uma comemoração dos 80 Anos do Dia da Vitória, contra o Nazismo, na II Grande Guerra. Curioso é lembrar que sempre vi esse tipo de comemoração ocorrer na Normandia (local do desembarque das forças vitoriosas), com a presença de lideranças mundiais em peso. De repente, o Putin resolve fazer uma cerimonia em Moscou, com a presença inclusive de Xi Jimping.
Percebo, pelas noticias que acompanho, se tratar de um evento de baixo prestigio internacional e até mesmo um motivo mascarado para promover um encontro com outras intenções, haja vistas às personalidades que confirmaram participar do encontro, entre os quais o Maduro da Venezuela. Minha opinião é de que nosso presidente está cometendo mais um erro politico internacional ao aderir a esse encontro, colocando o Brasil numa situação pouco confortável face ao resto do mundo. Fiquei sabendo que o ucraniano Valodymyr Zelensky está mordido. Com razão ao lembrar que o Lula prometeu mediar o conflito com os russos. Outra coisa que chama atenção é a continuação da “excursão governamental” à China. Muito estranho. Francamente. Conversava com Jimping, em Moscou, e papo encerrado. Outra curiosidade foi tomar conhecimento que a Janja foi antes, para cumprir um programa oficial envolvendo temas como educação, saúde e pobreza, levando igualmente um séquito de auxiliares. Na programação dela consta uma apresentação do Ballet Bolshoi. Essa senhora está sabendo aproveitar e não se cansa de viajar e de gastar o dinheiro da Nação. É de amargar, mesmo.
Por fim, uma tristeza de ver aquele horror que foi um show da tal de Lady Gaga (nome ridículo) nas areias de Copacabana, apinhado de uma juventude desorientada e aparentemente sem destino certo. É, ou não é de amargar?
NOTA:Ilustrações obtidas no Google Imagens
sexta-feira, 2 de maio de 2025
Europa Maravilhosa
Acabo de retornar de mais uma viagem à Europa. É sempre prazeroso visitar o Velho Continente. Um prazer que se renova a cada vez e como sempre ocorreu nas várias oportunidades que a experimentei. Como simples turista, em missões oficiais e assessorando comitivas empresariais, terminei multiplicando essas minhas idas para aqueles lados. Por sorte, conheço toda a Europa Ocidental e parte do Leste. Não posso esquecer que foi em 1969, recém-formado, que desembarquei pela primeira vez por lá, entrando por Portugal. Foi uma viagem de turismo, por iniciativa própria. Entrei numa excursão denominada de Europa Maravilhosa, operacionalizada por uma grande agencia turística portuguesa, que levava um grupo grande de brasileiros, num tour terrestre, a bordo de um ônibus, durante 35 dias. Uma jornada nada comum atualmente. Era uma época em que fazer uma coisa dessas era um verdadeiro luxo. Recordo, inclusive, que entrar num avião ainda se constituía num programa para muito poucos. Poucos, aliás, se aventuravam em visitar a Europa. Nada do que hoje virou coisa comum. Era um destino reservado somente para pessoas muito ricas, por vezes com filhos estudando na Suíça ou na Inglaterra e, finalmente, um programa seleto. Nada disso, porém, me intimidou, formei um grupo mais intimo de amigos, juntei minhas economias, fiz uma mala e me mandei. Como prometiam os agentes de viagem foi mesmo uma Europa Maravilhosa. Perdi as contas de países, cidades importantes e regiões deslumbrantes por onde passamos. Eu diria que não faltou nada de importante para percorrer. Londres, Paris, Roma e Madrid foram esquadrinhadas pelo nosso grupo. Todos muito jovens, razão pela qual estávamos sempre dispostos e ávidos por descobrir o mundo que se abria.
Mas, de lá para cá, tenho dificuldade para precisar o número de vezes que desembarquei no Velho Mundo. Uma coisa, contudo, que posso afirmar é que, nesses 53 anos, a Europa vem mudando muito. Ditaduras perversas, como as de Franco (Espanha) e Salazar (Portugal) caíram, reinados se modernizaram, democracias floresceram, papados se sucederam, países se agruparam numa União de Estados, com vistas à proteção conjunta e ao progresso. É uma Europa diferente, sem dúvidas, embora resiliente nos seus costumes e tradições, o que é formidável. Na prática, o progresso transformou aquele mundo, antes muito austero, sombrio e de nacionalismos radicais, num espaço geopolítico melhor estruturado e mais moderno. Não. Não me esqueci das renitentes disputas do Leste e, particularmente, da Guerra da Ucrânia. Mas, é tema para outra hora.
Apesar do progresso e das mudanças registradas, obviamente, nem tudo são flores e, como qualquer outro lugar deste mundo e o Estado Europeu moderno carrega uma série de problemas sérios a resolver. Nesse domínio, por exemplo, um grande destaque é para a questão das correntes migratórias formadas por levas de africanos e mulçumanos. Acredito que a proximidade das regiões em conflitos, as dificuldades de sobrevivências nas origens, o desejo coletivo de viver, e viver dignamente, leva a que esse problema ocorra com severa gravidade em inúmeras regiões do Continente. As variáveis emprego, segurança, alimentação, habitação, educação, saúde, meio-ambiente, entre outros, são itens que formam a lista de preocupações dos lideres locais e regionais. Na minha visão atual e mediante o que pude observar, nos vinte dias que circulei, no findo mês de abril, por Lisboa, Madrid, Roma e Paris, nada pode ser mais complexo e problemático do que administrar essas correntes de imigrantes que não param de desembarcar nas costas no Continente, via os mais diversos meios de transporte, inclusive os barcos rústicos e improvisados que atravessam o Mediterrâneo sem cessar. Essa gente chega, sem noção exata do destino que desejam, perambulam pelas grandes cidades, muitos vivem ao relento, pedem esmola, roubam, assustam nativos e visitantes e, quando muito e após muito penar, arranjam um subemprego para suprir suas necessidades básicas. Vide fotos a seguir. A da tenda foi em pleno Vaticano. O individuo ao relento foi em Paris, proximo a Notre Dame e a pedinte ajoelhada em plena Av. dos Champs Elisées (Paris).
Ora, meu Deus, esses imigrantes não buscam ver a tal Europa Maravilhosa que eu busquei no passado e sim a forma de sobreviver, visto que nas suas origens a paz sumiu, a fome impera, as lutas tribais e étnicas se multiplicam expulsando-os sem destino certo. Muitos desembarcam sem saber aonde chegaram. Homens, mulheres e crianças. Doloroso.
Seja como for, e apesar dos senões acima considerados, a Europa será sempre Maravilhosa para mim. Dessa vez, então, tive o prazer dobrado ao contar com a companhia da maior parte do meu núcleo familiar, incluindo um netinho de cinco anos de idade. É da Europa Maravilhosa que pretendo falar nas próximas postagens e conto com sua visita ao Blog.
NOTA: as ilustrções fotograficas são da autoria do Blogueiro.
sábado, 29 de março de 2025
Aonde vamos parar?
Indiscutivelmente vem sendo cada vez mais desanimador acompanhar a marcha da situação politico-econômica nacional. É preocupante e curioso como, recentemente e muito embora as nefastas contendas politicas, o quadro econômico que vinha se sustentando começou a desequilibrar e a marcha tem sido desanimadora. A inflação, que, aliás, nunca deixou de ser um tema recorrente de debate, especialmente após um período de relativa estabilidade econômica, vem dando sinais de persistência e assusta o consumidor. Os preços do café e do ovo têm sido bandeiras dos clamores, mas, muitos outros produtos já revelam preços majorados e a situação volta a preocupar o mercado e os cidadãos brasileiros. Aonde vamos parar? Vejamos algumas razões da situação. A inflação conforme medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), tem mostrado uma trajetória de alta nos últimos meses. Uma combinação de fatores, como o aumento dos preços de commodities, alta nos custos de energia, e mesmo o impacto residual das políticas econômicas anteriores são apontados como justificativas do desequilíbrio observado. A recuperação pós-pandemia também trouxe desafios adicionais, com a escassez de alguns insumos e a dificuldade de reequilibrar a oferta e demanda. Nesse ambiente é importante considerar que a elevação no preço de produtos como petróleo, alimentos e fertilizantes impacta diretamente os custos de produção e transporte, gerando, inevitavelmente, repasse para os consumidores. Não há para onde correr porque o giro do carrossel econômico faz parte do jogo. E para completar é obvio que a inflação no Brasil não ocorre de forma isolada. A instabilidade econômica global, guerras, e políticas monetárias de outros países, como os Estados Unidos, também impõem severos impactos no mercado local. O Banco Central, no esforço de combater a inflação, tem elevado a taxa de juros, o que pode ajudar a controlar a inflação, mas, por outro lado, impacta o crédito e o consumo, criando um ciclo que afeta diferentes setores da economia. Para a inocente dona de casa que dirige o carrinho de compras, entre as gôndolas do supermercado, o que resta é somente lamentar e sofrer na hora da conta final. Não há orçamento que resista. Mas, desanimador mesmo é escutar o noticiário, no radio do meu carro e no engarrafamento do trânsito recifense, que de acordo com o mercado financeiro e as estimativas do Banco Central, o Brasil deve continuar enfrentando um cenário de inflação elevada, com esperanças de desaceleração somente nos últimos meses do ano. O controle da situação seguirá, certamente, nas mãos do BACEN com a “cautelosa” postura em relação à taxa de juros. Tomara que as influências externas tomem rumos de paz e prosperidade. Que a Ucrânia seja pacificada e que Trump enxergue as loucuras que vem cometendo. Pra onde estamos indo? NOTA: A ilustração foi obtida nos Google Imagens.
quinta-feira, 13 de março de 2025
FELIZ ANO NOVO
Pode parecer estranho, nestes dias de março, meu desejo de Feliz Ano Novo. Para o leitor(a) estrangeiro, principalmente. Mas, para o brasileiro comum soa como algo quase que normal. Acontece que no país do carnaval, como o Brasil, todo mundo resolve adiar seus planos e projetos passados os festejos de Momo. Como em geral a coisa acontece em fevereiro, o mês de janeiro e parte de fevereiro vira tempo de festejos, de férias, curtição de verão, praia e cachaça. O gran finale são os três dias de folia. Somente após isto que o ano começa de verdade. A cada ano a movimentação se amplia. Cidades nas quais o carnaval era um tempo “morto”, como os casos de São Paulo e Belo Horizonte, já se notam manifestações volumosas e atrativas para foliões antes adormecidos. O Ministério do Turismo garante que mais de 50 milhões de pessoas vai às ruas comemorar o Carnaval Brasileiro. Certamente a mais popular festa do país. Este ano a coisa foi, segundo noticiários, mais retumbante do que nunca. Mesmo porque houve mais tempo para os preparativos e para o popular “esquente” das baterias, visto que o tal gran finale se deu em pleno mês de março. Já vi muitas vezes essa ocorrência cronológica, porém não tão fincada no terceiro mês do ano. Como o carnaval é uma data móvel, diferente de outras como o Natal, por exemplo, este é definido com base na data da Páscoa, definida, por sua vez, com base no calendário lunar e no equinócio de março. Para os que desconhecem e melhor situar, equinócio de março é quando o dia e a noite têm a mesma duração. A Páscoa cai sempre no primeiro domingo após a primeira lua-cheia depois do equinócio de março. Daí é só calcular 47 dias antes da Páscoa e tome carnaval. Complicado? Nada. Somente à primeira vista. Por oportuno é bom lembrar que essa data de Páscoa (centro desses cálculos cronológicos) foi estabelecido em 325 d.C. num concilio realizado na cidade de Nicéia, na Turquia. Com base nessa tradição histórica foi que tivemos este “início” de ano tão retardado. Vá compreender esta doidice brasileira.
Mas, tem uma coisa. Se por aqui a brasileirada faz o ano se arrastar no começo, no resto do mundo o ano começa, muitas vezes, antes que o outro termine. Este ano, por exemplo, foi uma parada indigesta viver janeiro e fevereiro no mundo afora. Guerras, fomes, acidentes aéreos estranhos, inundações e coisas semelhantes assustaram meio mundo. Para completar, no domínio politico, a posse de Donald Trump, na presidência dos Estados Unidos, com ideias e decretos mirabolantes, para seu país e para o resto do mundo, mostrou que 2025 veio fervendo. E a brasileirada em geral sambando na base do “tô nem aí”. Por essas que este país não vai adiante! Claro que, para os disputantes do Poder, em Brasília, digo, as bandas do azul e do encarnado sentiram e provocaram suas cócegas, mas, nem por isso deixaram de jogar tudo para depois do Carnaval. O descuido dos de plantão foi tão grande que o prestigio do Chefe levou um tombo violento e, ao que parece irrecuperável. Já, o café e o ovo? Ah! Esses dois estão desaparecendo das mesas de desjejum. Para os que tinham direito a isto, no ano passado, é claro. Feliz Ano Novo!
NOTA: Ilustração obtida no Google Imagens
terça-feira, 25 de fevereiro de 2025
O carnaval que o tempo levou
Fui um grande folião no passado. Esperava o carnaval o ano inteiro e com certa ansiedade. Não havia festa melhor na minha vida. Brinquei muito. Dos grandes bailes e blocos que antecediam o período momesco até a quarta-feira de cinzas. Inebriado com os festejos, calibrado com “combustíveis” ingeridos e de par com algum amor à época, por pouco não chorava quando os últimos clarins anunciavam a chegada da quarta-feira ingrata. Foi uma época vibrante e rica culturalmente falando. Como bom pernambucano, sempre fiz valer a tese de que o réveillon é a porta de entrada do período carnavalesco e que o ano só começa depois do carnaval. Nessa pisada, não perdia nenhum dos grandes momentos dos nossos festejos e mantive sempre acesa a ideia de que no Recife se faz o melhor carnaval do Brasil. E isto não é à toa,ao lembrar que o estado de Pernambuco, face às suas origens históricas, é berço de inúmeros ritmos diferentes, na maioria ligados aos festejos carnavalescos. Frevo, frevo-canção, frevo de bloco, frevo-lírico, maracatu, maracatu-rural, caboclinhos, bumba-meu-boi, entre outros. As variações são inúmeras e as manifestações se desdobram no correr do ano. Até os famosos trios elétricos nasceram no Recife, patrocinados pela Coca-Cola. Tempos depois foram capitalizados pelos baianos a partir da famosa dupla Dodô e Osmar (vide Foto a seguir quando de visita ao Recife em 1959), tomando conta do Brasil. Sem dúvidas, uma modernidade. O progresso da comunicação e as facilidades de deslocamentos sociais levaram esses ritmos pernambucanos a outras regiões do país, bem como trouxeram ritmos alienígenas exercendo influencias das mais variadas. Ora enriquecendo, ora deturpando os locais. Nada a reclamar porque faz parte do jogo de intercambio social.
O carnaval de agora, é verdade, se tornou mais retumbante, cresceu nas manifestações populares, recebeu mais incentivo oficial e ganhou um perfil bem diferente dos observados na segunda metade do século passado. Aquilo dantes o tempo levou e, naturalmente, não volta mais. Lembro, quando menino, do corso nas avenidas com carros e caminhões circulando com grupos fantasiados e das batalhas de confete e serpentina. Para refrescar e perfumar os ambientes havia o saudoso lança-perfume. (foto a Seguir)
Nos clubes sociais os bailes rolavam as quatro grandes noites, animados por orquestras afinadíssimas com os ritmos e a energia vibrante dos convivas. Dá saudades... O folião do passado, que repousa dentro de mim, ainda se aventura em participar dos festejos no atual formato e não se cansa de mirar pelo retrovisor para o que atrás ficou. Comparar aquilo com a versão de hoje é quase impossível. Não tem mais confetes e serpentinas. Nem lança-perfume! Tem, sim, as grandes multidões atrás dos trios elétricos, o desfilar dos astros da música pop agitando e provocando alegria, o deboche e o escrache do Sitio Histórico de Olinda, o monumental Galo da Madrugada (Foto no final do post) e o palco do Marco Zero. É um colorido diferente do antigo. Por sorte ainda posso registrar a resiliência dos tradicionais blocos, troças e maracatus. Mas, percebo que o tempo levou algo muito bom e tranquilo, dando de troco uma avalanche de alegrias que os mais antigos têm dificuldade de assimilar. Querem ver uma coisa? Tem nada mais curioso observar que já não se dança como no passado, dando voltas num salão notando que, ao invés disso, os foliões postam-se de pé diante de um palco monumental, auxiliado por telões adjacentes, assistindo ao desfilar de cantores (muitos dos quais desconhecidos e cavando notoriedade) que preenchem as noitadas do carnaval. Acho muito curioso. Desculpem-me os jovens porque nada é mais saboroso do que abraçar uma morena ou uma loura, não importa a cor, como lembrou Capiba num belo frev-canção (Cala Boca Menino) e rodopiar num salão ao som de um frevo rasgado executado sob a batuta de um saudoso Nelson Ferreira ou de um José Menezes, como fiz nos salões do Clube Internacional do Recife ou do Clube Português do Recife, hoje às escuras no tríduo momesco. Paciência, deve ser coisa da idade. Bom carnaval caros leitores e leitoras.
domingo, 16 de fevereiro de 2025
Corrupção Endêmica
Noticia boa para se comentar é, definitivamente, coisa rara no Brasil. Aliás, e melhor pensando, no resto do mundo. Uma lástima. Ao nosso redor são as mancadas governamentais, assaltos, desastres, inflação e por ai vai. No resto do mundo são as disputas de espaços hegemônicos, guerras, desastres naturais, falhas humanas e tantas outros, muitas das quais surpreendentes. Quando chega o fim de semana e procuro assunto a destacar sempre me deparo e me estimulo com notícias negativas. Poucas, muito poucas são as que sobrepujem as decepcionantes. Esta semana, por exemplo, meu destaque vai para os dados publicados dos IPCs - Índice de Percepção da Corrupção, de 180 países, em 2024, publicados pela Transparência Internacional, uma organização anticorrupção no mundo, sem fins lucrativos, com sede em Berlim e com atuação internacional. Seus objetivos estão voltados ao rastrear e combater a corrupção e às atividades criminosas ligadas a atos de corrupção (Fonte: Wikipedia). O IPC é considerado como o principal indicador de corrupção do mundo. Vem sendo produzido desde 1995 e é respeitado internacionalmente. Avalia sempre 180 países, atribuindo notas de 0 a 100. Quanto maior a nota, maior é a percepção de integridade do país pesquisado. É ai onde o “bicho pega”. Nosso Brasil tirou nota 34. Na minha época de ginasial, eu levava uma nota vermelha no Boletim mensal. Dos 180 países pesquisados, o Brasil ficou no 107º. colocado junto com Malauí, Nepal, Níger, Tailândia e Turquia. A nota máxima foi da Dinamarca, com 90, seguida por Finlândia, Cingapura, Nova Zelândia, Luxemburgo, Noruega e Suiça, com notas de 88 a 81, respectivamente. Por curiosidade, vi que o Uruguai, nosso vizinho, tirou nota 76 e aparece em 13º. Lugar. Os Esatdos Unidos teve nota 65 e ocupa a 28ª. colocação.
Embora não seja surpreendente, para quem vive o dia-a-dia dessa situação, ficar na 107ª. colocação é indiscutivelmente calamitoso. Essa classificação joga luzes sobre uma Nação onde a honestidade e a dignidade são coisas abstratas na cabeça dos nossos governantes e de uma sociedade habituada a burlar e trapacear nos seus meios mais próximos. É o passar à frente numa fila de espera, o adulterar embalagens no supermercado, aplicar golpes por vias eletrônicas, subornar os fiscais do transito, abusar de menores e idosos, deteriorar o meio-ambiente, entre outras barbaridades. Somos um país de bárbaros. Das corrupções nas esferas governamentais nem é bom falar, haja vistas para os que governam o País, os estados e municípios. Acredito no levantamento da Transparência Internacional e lamento o quanto esse resultado venha prejudicar a Ordem e o Progresso do país. Ficar classificado entre países como Turquia, Tailândia e Nepal se constitui numa posição onde, o quanto se sabe, são países sem controles éticos, com regimes imperiais e onde as populações vive sem esperança democrática e sem futuro digno. Será este, também, nosso quadro político-social? A propósito da nossa deplorável posição entre 180 países pesquisados, o Diretor-Executivo da Transparencia Internacional no Brasil afirmou que “em 2024 o Brasil falhou, mais uma vez, em reverter a trajetória dos últimos anos de desmonte da luta contra a corrupção. Ao contrário, o que se viu foi o avanço do processo de captura do Estado pela corrupção”. Ainda acrescentou que o que se viu foi “a presença cada vez maior e explicita do crime organizado nas instituições estatais, que andam de mãos dadas com a corrupção”. Dói muito, enquanto cidadão honesto, pagador dos seus impostos e procurando respeitar o próximo de forma digna e correta, como me vejo. Curioso mesmo foi a reação do (des)Governo, via Corregedoria Geral da União (CGU) afirmando que “o uso desse IPC para embasar debates públicos pode levar a distorções, alimentando narrativas que minam as instituições democráticas”. Detalhe importante: o índice se baseia em pesquisas com grupos específicos, entre os quais empresários de diversos segmentos. Durma-se com um coisa dessa. É uma moléstia endêmica. NOTA: Foto ilustração obtida no Google Imagens.
quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025
Sociedade Doente
Quando jovem não fui muito chegado ao futebol. Minhas simpatias eram mais voltadas ao basquete ou ao voleibol. Não os praticava é verdade, porém, sempre estava nas arquibancadas, fossem no Colégio ou nas quadras da cidade. Nos jogos colegiais era uma diversão imperdível. Acredito que foi a Copa do Mundo de 1970 que mais me aproximou da modalidade. Aquilo foi decisivo para me fazer torcedor exaltado e, por fim, admirador. Cheguei, mesmo, logo após a Copa e estando de férias no Rio, ir ao Maracanã assistir ao amistoso das seleções do Brasil e do México, numa espécie de jogo da amizade e de agradecimento do Brasil aos mexicanos pelo apoio dado durante o campeonato mundial. Ver de perto nossos “heróis” dos gramados foi o máximo da minha nova “paixão”. Meu distanciamento anterior devia-se aos preconceitos dos meus pais que consideravam o futebol um esporte praticado por maloqueiros. “Menino de família admira outra modalidade esportaiva que não essa!". Era o discurso doméstico.
Foi preciso o Brasil ser tricampeão para que me desse conta da leseira. Ainda assim, continuei sem frequentar os estadios ou campos para assistir a uma partida de futebol. Acontece que tudo tem seu tempo... e, quem tem filho faz de tudo pela alegria do pequeno. Meu filho de 13 anos fez-me embarcar nessa vibe. Sim, porque ou ele ameaçava ir ao campo de todo jeito. Com minha negativa inicial, ele me apresentou a estratégia de ir com os colegas de Colégio. “Ah. Não. Eu levo você!” disparei na hora. Lá fui eu à Ilha do Retiro e torcer pelo Sport, junto com ele e os colegas. Fui contagiado pela alegria do filhote e da multidão em campo. Quanta energia, quanto colorido, quanta alegria. Como num passe de mágica, virou paixão! Mas, é uma historia longa, que passa por vários momentos deliciosos, incluindo duas oportunidades de acompanhar o time do Sport Clube do Recife nas participações de jogos internacionais. Fomos ao Chile (Copa Libertadores) e à Colômbia (Sulamericana). Já pensou? Hoje, não perco por nada de assistir aos jogos do meu time na TV. Sim, porque já não preciso mais acompanhar o menino de antes aos estádios da vida. Prefiro meu sofá, acompanhado de um whiskey on the rocks. Acontece, porém, que essa história está ficando muito longa e a pauta de hoje não passa por ai. desse modo, estou querendo comentar e lamentar as badernas e luta campal, das torcidas organizadas do Sport e do Santa Cruz, levadas a cabo no último sábado (01/02/25), antecedendo uma partida entre os dois clubes, no estádio do Arruda. Sempre entendi e sempre pensarei que o verdadeiro futebol é uma das mais salutares e apaixonantes formas de diversão e lazer. Popular no mundo inteiro. No Brasil, faz parte da cultura. Está na alma do nosso povo. É motivo de alegria, de meio de vida, de profissionalismo, de negócio e de, enfim, fraternidade. Infelizmente, como se sabe, há sempre os tais “pontos fora da curva”. Sendo uma prática tão popular é inevitável que representantes de todas as camadas sociais participem mediante seus modos de vida, nivel esducacional, origens, hábitos e defeitos. Aquilo que assistimos no sábado passado, aqui no Recife, ultrapassou todos os limites da maldade e da crueldade humanas. Seria um bom exemplo do que alguns cientistas denominam de degenerescência eugênica? Não consigo entender como hordas (bandos indisciplinados, malfazejos, provocando desordens, brigas etc.) que se dizem torcedores organizados, com apoio das agremiações, com formalização oficial (as organizadas têm CNPJs, inclusive! Devem ter contadores, tesoureiros e dirigentes dos mais diversos e, supostamente, comunicadores sociais. Em tempos de redes sociais, a coisa ganha dimensões inimagináveis para “pobres coitados, que nem eu”! Foi assim, conforme noticiado que as “organizadas” acertaram o confronto armado que empreenderam nas ruas do bairro da Madalena. Verdadeira guerra. Imagens divulgadas, ao vivo e pelas redes, resultou em polvorosa meio mundo, na cidade e alhures. A repercussão foi nacional e internacional. Meu filho (aquele jovem que me referi no inicio) morando hoje em Goiás, tomou-se de pavor e começou a nos monitorar, por celular, visto que estávamos de regresso do litoral sul (Porto de Galinhas) naquela infausta ocasião. O “campo de batalha” era justo numa das nossas opções de percurso. As noticias eram das mais assustadoras. Uma guerra civil! A mente humana é pródiga em fabular. Não deu outra. As noticias eram das mais alarmantes. Números de mortos e feridos ganharam cifras espantosas. Imagens eram inacreditáveis. Em alguns momentos imaginei que fossem montagens por aplicativo de IA. Na verdade e lamentavelmente coisas absurdas (recordem o verdadeiro conceito de absurdo, meus caros leitores) foram puras realidades. A cidade parou. As famílias recolheram-se e os negócios fecharam. Os restaurantes ficaram sem clientes. As autoridades locais, apanhadas de surpresa, montaram um gabinete de crise “para salvar a cidade”. A policia foi incapaz e conter os ânimos acirrados. A região parecia exalar um cheiro de medo coletivo. Sinceramente, não compreendo como podem alimentar tanto ódio. O linchamento do presidente da organizada do Sport Club Recife foi, sem dúvidas, um dos fatos mais chocantes. O cidadão foi despido, açoitado com objetos dos mais diversos e, por fim, agredido pelo ânus, aparentemente com um caibro de madeira, gerando um imagem inacreditável ao serem difundidas, pelas redes sociais. Em paralelo, as medidas emergenciais adotadas, pela Senhora Governadora e seus secretários competentes, são enérgicas, embora injustas para o torcedor honrado e honesto. Ficou definido que os próximos jogos dos dois times em tela ocorrerão sem torcidas. Ora, meu Deus, os merecedores de condenação são esses maloqueiros – a grande maioria com entradas registradas na policia e vários condenados pela Justiça, poradores inclusive de tornozeleiras – que fazem do futebol uma “cortina de fumaça” para expandir seus instintos selvagens, suas frustações e seus desajustes sociais. Resumo da ópera: muitos feridos e 12 em estados graves. Alguns ainda em recuperação hospitalar, até hoje. E, para alivio da sociedade, inúmeros irresponsáveis presos ou procurados, dadas suas respectivas fichas policiais. Aos Clubes, uma determinação legal dando curto prazo para que cessem os apoios dessas (des)organizações, pelo visto, criminosas. Nunca me lembrei tanto do meu pai, quando classificava de maloqueiros os frequentadores de estádios de futebol. Ele era torcedor do Santa Cruz. Na minha visão de hoje, considero que faltam Governos fortes neste país e neste estado, que enxerguem esses desmandos e adotem politicas consistentes que proporcionem saúde, educação e segurança efetivas para garantir ao povo um futuro digno e estruturante de uma sociedade sadia e promissora porque esta aí está gravemente doente. Que construam um mundo no qual o Futebol seja um motivo de união e pura diversão. Pronto, falei. NOTA: foto ilustração do aquivo pessoal do Blogueiro. Jogo no Chile.
sexta-feira, 31 de janeiro de 2025
No Balanço da Rede
E lá se foi Janeiro. Não sei se para vocês, caros leitores e leitoras, mas, para mim foi um abrir e fechar de olhos. Quando eu ainda tinha vontade de curtir mais o recesso, ao balanço da minha rede, o tempo passou. Deve ser coisa de idoso, para quem o tempo “não para”.
Sem ter como cessar o relógio, estamos de volta e às voltas em montar uma pauta para comentar o que vimos, ouvimos ou vivemos. É o que, aliás, não falta.
Enquanto balançamos a rede, afagamos os netinhos que vieram de longe nos visitar, mas, sem perder de acompanhar as loucuras deste mundo de Deus. Acredito, que Ele, tão atônito quanto este Blogueiro, põe as mãos na cabeça e lamenta as idiotices praticadas. Povinho mais desorientado. Vamos lá.
No âmbito doméstico nossa tristeza com as especulações do mercado que jogaram lá pra cima a taxa de cambio e a moeda americana subiu uma escada íngreme apavorando quem tem consciência das consequências. As autoridades monetárias se empanturraram de Rivotril, o Chefe da tribo apertou, as manobras externas ajudaram e, por sorte, estamos entrando num novo mês com as verdinhas menos valorizadas. Nem por isso, a Petrobrás dormiu no ponto. Amanhã, quando Fevereiro brotar, o óleo Diesel já estará mais caro nas bombas. E o povão só vai sentir o que isso significa quando guiar um carrinho do supermercado entre as gôndolas de mercadorias. Outra coisa que me fez rir até hoje, foram as trapalhadas da questão do PIX. Quanta irresponsabilidade. Foi culpa de quem, afinal? Da comunicação destrambelhada ou da vontade ferrenha de arrecadar mais? Quem sabe, as duas coisas, tudo junto e misturado. Que doidice. Esse Governo está afundando na inexperiência politica. E ainda dizem que o Chefe é competente. Também coitado, com aquela dama que o acompanha atravessando fora da faixa a entrando na contramão... Sinceramente. Estamos com perspectivas muito duvidosas.
Se, dentro de Casa, as coisas foram tão desastrosas, o que dizer dos disparates de Mr. Trump, ao assumir seu segundo mandato em Washington? Valha-me Deus! Quase rompi a rede e “quebrei a padaria” de tanto sentar e levantar, sem balançar, assustado com a récula de Decretos malucos, na primeira hora de Casa Branca. Tem coisa mais absurda do que mudar a denominação do Golfo do México para Golfo das Américas? Essa cara nunca estudou História. Nem a do país que governa. Mas, nem vou tecer considerações sobre este ponto. Querer tomar a Groenlândia? Cogitar anexar o Canadá! Retomar o Canal do Panamá! Negar a existência dos LGBTs? “Só quero homens e mulheres. PT saudações!” (Eita, PT!) E, sem piedade, deportar imigrantes irregulares que vinham reforçando a força de trabalho dos States. Vai gerar crises agudas, lá dentro e cá fora. Restaurantes, bares e similares, entre outros serviços, sem mão de obra disposta a ganhar a vida com a vibe do americanwayoflife. Para completar as trapalhadas ianques, li esses dias num artigo assinado por Humberto Martorelli (Advogado pernambucano) no Jornal do Commercio do Recife (30/01/25) que um parlamentar democrata do Mississipe, Bradfor Blackmon, apresentou um projeto de lei “que propõe tornar ilegal as ejaculações sem intenção de fecundar um embrião”. Ora, ora... tem coisa mais patética do que essa? O que dirão os produtores de camisinhas? A galera jovem está tão preocupada na hora da trnsa...
Para não dizer que não falei de flores, destaco que dois fatos das ultimas semanas fez-me balançar a rede com mais calma e alivio. Foram: o acordo de cessar-fogo entre o Hamas e Israel e a disposição de Putin de conversar as autoridades de Kiev. NOTA: Ilustração obtida np Google Imagens
Nossa rede continua inteira. Mas, foi por pouco.
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