sábado, 11 de maio de 2024

Revolta da Natureza

A semana que finda foi dominada pela maciça veiculação das noticias sobre a tragédia de dimensão inédita que atingiu o estado do Rio Grande dos Sul, devida ao descomunal volume de chuvas naquele estado e o resultante acúmulo das aguas em grande parte da bacia hidrográfica local lá existentes. Uma calamidade pública sem precedentes no Brasil, país cujo povo se ufana de viver “num paraíso tropical, livre de terremotos, maremotos, tornados e vulcões furiosos”. Tirados dessa suposta zona de conforto, o bravo povo gaúcho viu-se, repentinamente, envolto na que, por certo, já se revela como a maior das tragédias provocadas pela mãe natureza em momento de revolta no país. Já tive por várias oportunidades este tema na pauta do Blog. Lembro-me das duas ou três ocorrências em Petrópolis, uma calamitosa em Teresópolis, em Angra dos Reis, no interior da Bahia, todas sempre bem localizadas e sem a dimensão desse atual episódio do Rio Grande do Sul. Mais do que nunca convém lembrar que com a Natureza não se brinca e ninguém está livre de viver momentos de apuros em meio a um repentino mau-humor dela. O resultado é o desmantelo geral do meio ambiente que, aliás, em momentos como este em tela, deita e rola insistinto no pedido socorro. A situação é desesperadora e renitente. Compadecendo-me, junto com a metade do mundo, com o sofrimento do povo irmão não deixei escapar as noticias e opiniões de especialistas no assunto sobre os possíveis erros e relaxamentos cometidos pelas autoridades gaúchas, ao longo das ultimas décadas e após episódio semelhante registrado no distante ano de 1941. Naquela ocasião, depois que o Guaíba subiu tantos metros como na semana que termina e ficou "placidamente" 22 dias na cidade, (vide fotos a seguir das duas ocasiões: 1941 e 2024) diversas medidas corretivas foram projetadas com vistas, particularmente, à proteção da região Metropolitana de Porto Alegre, a capital do estado, embora que algumas nem hajam saídas do papel. E o pior, das que foram executadas e postas em funcionamento pouco vinham sendo preservadas. Imagino que de administração em administração (municipal e estadual) a coisa foi sendo relegada a um enésimo plano, sendo esquecida e o resultado está aí de forma nua e crua. Pode não ser hora de identificar culpados, mas, que eles existem disso ninguem duvida. Salvemos o que e quem for possivel e toquemos o barco. Agora, haja dinheiro – sempre escasso – para reconstruir um estado em petição de miséria com uma sociedade desnorteada, uma economia afundada e um futuro incerto. Serão precisos muitos Bilhões de Reais para dar suporte a um Programa de Restauração.
Enquanto as coisas não se acomodam, as chuvas não param e as águas não escoam não nos resta alternativa a não ser continuar se estarrecendo com as imagens calamitosas divulgadas, os números alarmantes de vitimas, as incríveis somas dos prejuízos preliminarmente estimados e, por uma questão de solidariedade coletiva, arregimentar donativos para socorrer aquele povo sofrido, sem teto, sem roupa, sem comida, chorando as perdas de bens e de entes queridos e, até mesmo e ironicamente, sem água para beber! Tanta água às vistas, ter de correr para não ser tragado pela correnteza e não ter a água potável para beber. É de fazer chorar. Quando o vendaval passar porque “...não há mal que sempre dure” e as contas foram fechadas o Brasil vai sentir, como nunca antes, a importância social e econômica gerada no bravo estado Rio Grande do Sul. O estado gaúcho é um dos principais produtores de alimentos básicos do brasileiro, entre os quais o arroz (o maior produtor do país), feijão, milho, trigo, soja e uva. Todos compondo a lista das perdas irreparáveis devido às enchentes. O prato de feijão com arroz, popular na mesa do brasileiro, deverá ficar mais caro por conta da baixa oferta dos dois produtos. Derivados de milho, soja, trigo e uva, igualmente ficarão bem mais caros. Carnes bovina, suína e avícola, especialidades do estado, também sofrerão altas em vista das severas perdas de animais e, consequente, redução da produção. Na Indústria, segmentos ligados à produção de autopeças, veículos coletivos, linha branca, medicamentos e cosmética sofreram fortes efeitos negativos pelas chuvas. Muitas foram as indústrias que tiveram seus parques fabris inundados pelas águas. Tudo isso resultará num empobrecimento do estado com possibilidade de influenciar negativamente na parcela contributiva para a formação do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro nos próximos cálculos. NOTA: As fotos ilusrativas foram obtidas no Google Imagens.

domingo, 28 de abril de 2024

Haja Cravos

Neste recente 25 de abril lembrei-me demais das minhas andanças em Portugal. Recordo da minha primeira visita, no longínquo verão de 1969, quando tive a oportunidade de observar um país sob o domínio de uma tirana ditadura, desde 1933. Era assustador perceber na fisionomia do cidadão comum as marcas da repressão e os temores que se multiplicavam no país. Naturalmente, à época, pude comparar com o que se vivia no Brasil, sobretudo após a decretação do AI5, no ano anterior, e alimentar o temor de que mergulhássemos em algo semelhante. Foi uma experiência marcante na minha formação de cidadão democrata. António de Oliveira Salazar era o Carrasco não apenas do Portugal europeu mas, também, massacrava com mão-de-ferro um Império Colonial, àquela altura inviável, explorando as riquezas das colônias revoltadas em territórios africanos e asiáticos, subjugados secularmente às leis ditatoriais implacáveis do chamado salazarismo. Circulando nas ruas e avenidas das grandes cidades portuguesas percebiam-se a timidez e o temor do cidadão comum, sempre sob a mira da policia, inclusive a secreta, mantida pelo regime. Portugal, comparado com as outras nações europeias, pelas quais circulei, se apresentava com um clima sombrio e triste. As pessoas, sobretudo as mulheres, trajavam roupas austeras e excessivamente formais, embora fosse pleno verão. Preto, marrom e azul-marinho eram as cores predominantes. As vitrines do comércio da época eram pobres, démodés, desatualizadas e pouco atrativas. Sem colorido! Ali bem perto, em Londres, Mary Quant ditava o uso das minissaias e os Beatles explodiam nas paradas de sucesso. Enquanto isso, as portuguesas andavam pálidas e desbotadas, sem o colorido do pós-guerra que dominava o mundo. Havia proibições curiosas como, por exemplo, a da produção e venda de Coca-Cola, substituída por algo similar com uma denominação local que não recordo. Contudo, como para todo mal há sempre um fim, chegou o dia da derrocada e, há 50 anos, em 25 de abril de 1974, as saturadas Forças Armadas de Portugal, com forte apoio popular, derrubaram uma das mais longas ditaduras da História, num vitorioso episódio que terminou recebendo a denominação de Revolução dos Cravos devido ao fato de que a população distribuiu cravos vermelhos aos soldados que executaram o movimento. Salazar já não existia, morreu em 1970, e havia sido afastado por uma grave doença em 1968 e substituído pelo seu fiel seguidor Marcelo Caetano, que manteve o regime até que foi derrubado, em 1974.
O 25 de Abril se tornou uma data histórica e vem sendo festejada a cada ano de maneira monumental. Neste 2024 as comemorações se agigantaram devido ao caráter “redondo” do aniversário. Jubileo de Ouro! Apresso-me em registrar a comemoração no Blog e manifestar o meu regozijo. Gosto demais de Portugal e sempre que possível volto lá. Já voltei várias vezes. Por sinal, tive a alegria de andar por lá, em 1975 quando experimentei a alegria de assistir na Avenida da Liberdade, principal artéria de Lisboa, as comemorações da data. Folgo em registrar que há uma imensa diferença entre esses dois tempos.
O Portugal de agora é uma festa para os olhos e para a alma. Há um colorido especial, uma vida vibrante. Após queda do regime, o país se modernizou se abriu ao mundo e as cidades oferecem sempre aos visitantes um clima de festa com sabor incomensurável e provocando a vontade de retornar. Haja cravos para comemorar todos os dias. O país faz parte da União Europeia, ganhou progresso, desenvolvimento e se tornou um dos locais mais seguros da Europa, ganhando destaque como atrativo para os investidores internacionais e, de modo especial, um dos mais demandados pelo turismo internacional. Salve Portugal, salve a Democracia e haja cravos hoje e sempre. NOTA: Fotos ilustrações obtidas no Google Imagens.

quarta-feira, 10 de abril de 2024

Lição para não Esquecer

Durante a semana passada acompanhei com interesse de quem viveu a historia, as manifestações que relembraram o golpe militar de 1964. Com um abrir e fechar de olhos completa-se 60 anos. Parece até que foi ontem. Eu era muito jovem, pré-universitário, e dava meus primeiros passos de cidadania buscando “tomar pé” no mar revolto no qual me via mergulhado. Recordo bem aquele 31 de março, quando o rumo político do país sofreu uma brusca “virada-de-chave” conduzindo-o para um tempo de incerteza e escuridão. Vivia-se um mundo completamente diferente do que hoje experimentamos. Era um tempo pós-guerra ainda tentando se restabelecer do grande trauma da II GG, mas às voltas em conviver com outro conflito, não necessariamente bélico, que era a chamada Guerra Fria, sendo travada entre os Estados Unidos e a Rússia na disputa acirrada pela hegemonia politica mundial. Um conflito que, na prática, servia de pauta e apontava caminhos para muitas das sociedades em vias de estruturação ou revisão político-social, seja nos padrões socialistas soviéticos ou nos ditames capitalistas ianques. A América Latina era um dos terrenos mais cobiçados pelas duas partes litigantes. À época, por exemplo, os russos comemoravam a reviravolta politica operada em Cuba e a instalação do Governo de Fidel, permeado de ações que assustavam meio-mundo. A dupla Fidel Castro/Che Guevara e o Paredão Cubano eram temas diários no mundo Ocidental. Assustados, os Estados Unidos buscavam, apressadamente, meios de se proteger e de dominar o que eles sempre consideraram de seu próprio quintal. Quem viveu sabe o que aconteceu. Os ianques exerceram pressão político-econômica e o Brasil entrou nesse beco sem saida. Indiscutivelmente, uma História longa e cheia de capítulos eletrizantes, com rebatimentos graves, ainda hoje remoídos, no Brasil e nos vizinhos Argentina e Chile. Mas, não é o tema central desta postagem. O assunto mesmo é o Golpe Militar de 64, chamado pelos mentores e simpatizantes de Revolução. O movimento apanhou o país numa verdadeira encruzilhada politica, com uma sociedade perplexa face às situações desenhadas pelas polarizadas correntes progressistas e conservadoras reinantes.
Pernambuco, estado sempre atuante e líder, muitas vezes, em todo e qualquer movimento politico nacional foi apanhado pelo Golpe abrigando em seu sítio iniciativas vanguardistas e de princípios contrários às novas ordens dos militares no Poder. Daquela época, são sempre lembradas, entre outras, as Ligas Camponesas, orientada por Francisco Julião (Deputado Federal na época) – defensora do projeto de Reforma Agrária universal e benéfica à população carente e sofrida nas mãos dos grandes latifundiários – e o Movimento de Cultura Popular (MCP) de Paulo Freire e Luís Mendonça. Para completar, era Pernambuco local onde se instalava uma das maiores iniciativas de intervenção local do Governo Federal que foi a SUDENE – Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste, Agencia oficial de caráter regional, encarregada de promover o desenvolvimento socioeconômico regional, idealizada e dirigida por uma das mais brilhantes cabeças do país, que foi o paraibano Celso Furtado. Foram tempos sombrios e aterrorizantes. A ordem dos “poderosos” era aniquilar projetos e pessoas que de algum modo fosse comprometido com referenciais socialistas, de pronto rotuladas de comunistas. Muitas arbitrariedades foram cometidas, muitos inocentes e muitas inteligências foram sacrificadas. Extermínios de muitos e evasão (exilados políticos) passou a fazer parte do dia-a-dia do brasileiro comum. Todo mundo, em principio, estava sujeito às rigorosas ordens dos milicos.
Recém-admitido nos quadros de funcionários da SUDENE lembro bem do pavor que minha mãe alimentou ao ver na revista semanal O Cruzeiro uma matéria de capa que taxava a Agencia Regional de Gaiola Dourada com pássaros vermelhos. A censura à imprensa, a quebra de sigilo pessoal das correspondências e os agentes secretos nas universidades (apareciam de repente e sem prestar vestibular) e repartições públicas foram outras características do período. Ex-bolsista da USAID (United States Agency for Intenational Development) passei a receber pelo Correio, em 1968, publicações de autores norte-americanos, todos eles combatendo o regime comunista soviético e as doutrinas socialistas. Os títulos eram sugestivos para que um agente mal informado e inadequado no posto concluísse se tratar de literatura subversiva. O jumento do censor não percebia que cada livro trazia um carimbo ostensivo informando se tratar de cortesia da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil. Por conta disso fui tido como um elemento subversivo social e, desse modo, levado de camburão para prestar depoimento na Secretaria da Segurança Publica. Mais do que isto e, para meu desespero tive meu passaporte retido pela Policia, três dias antes da minha primeira viagem à Europa. Inocente, fui salvo pelo Delegado do SNI, na SUDENE, que colocou as coisas no correto lugar. Tive o passaporte liberado e fiz a sonhada viagem à Europa. Recordo, por ouvir falar, do caso de um famoso Professor de Direito, Glaucio Veiga, que ao ter a residencia invadida para uma vistoria viu seu longplay Romanticos de Cuba ser arrolado entre os itens subversivos encontrados! Ah! Não foi fácil viver aquele tempo. Foi uma lição para não esquecer. Fico, hoje, impressionado com o desejo de muitos brasileiros pregando uma tomada do poder pelos militares, a exemplo de 1964, em resposta aos desmandos e corrupções dos muitos que passam pelos gabinetes e corredores de Brasília, sem que façam ideia do risco que correm. Ora, meu Deus, existe soluções muito melhores do que esta. Por outro lado, fico pasmo diante dos afagos e benesses politico-financeiras outorgadas pelo atual Presidente, Luís Inácio Lula da Silva, a sanguinários ditadores latino-americanos principalmente Maduro, da Venezuela e Ortega, da Nicarágua, ao messmmo tempo em que se ocupa em fazer discursos em defesa da a Democracia. Só sendo piada de mau gosto. NOTA: Fotos ilustrações colhidas no Google Imagens.

terça-feira, 19 de março de 2024

Tiro pela Culatra

Venho acompanhando, como cidadão comum e com certa apreensão, as informações sobre o surto de dengue que ocorre este ano no Brasil. Impressiona a quantidade de casos suspeitos ou verificados de quase 1,9 Milhão, somente nesses quase três meses de 2024. É um número record, desde quando se monitora, em 2000. É doloroso constatar que mais de 550 óbitos já foram confirmados. Vi hoje (19.03.24), na Folha de São Paulo, que a capital paulista supera a marca de 300 casos por 100 Mil habitantes o que se configura numa situação epidêmica, segundo a OMS. É impressionante, e até inacreditável, saber que essas ocorrências revelam um preocupante aumento de quatro vezes maior ao que foi registrado no mesmo período de 2023. O mais curioso, entretanto, foi descobrir que esse aumento exacerbado do aedes-aegypti vem se dando justamente após a prometida revolucionária solução de jogar no espaço brasileiro bilhões de mosquitos modificados geneticamente destinados a exterminar a própria espécie e, por conseguinte, a dengue reinante até então.
Cabreiro com essa noticia apressei-me pesquisar a respeito dessa invenção da inteligência humana. Descobri que o tal mosquito-solução, denominado OX5034, foi produto de uma alteração biológica, realizada por cientistas norte-americanos, para produzir filhotes fêmeas que morrem na fase de larva, antes de eclodir e crescer o suficiente para picar os humanos, espalhando a doença. De quebra, descobri, também, que apenas as fêmeas picam para obter sangue humano, necessário para amadurecer seus ovos. Os machos são, digamos, folgados e seletivos porque só se alimentam de néctar e, desse modo, não são transmissores da doença. Explicando um pouco mais, registro que o tal OX5034 vem programado para MATAR apenas as fêmeas. Tomara que as feministas não se revoltem, dessa vez. Restam, então, os machos sobrevivendo por várias gerações, passando os genes modificados para a prole masculina subsequente e levando ao fim essa espécie de mosquitos. Ora, meu Deus, se as nuvens de machos-exterminadores espalhados no Brasil terminou produzindo um efeito paradoxal, não falta quem levante a possibilidade de que, ao invés de machos, foram produzidas mais fêmeas! Erro laboratorial? Pergunta que já não cala! Desse modo, o Tiro saiu pela Culatra! Naturalmente que se trata de algo a ser averiguado. E pode gerar o maior fuxico politico. Da minha parte, garanto que estou vendendo o peixe pelo preço que comprei! Para completar, o mais sintomático ainda é ver esse investimento que se faz na compra da vacina Qdenga, fabricada pelo laboratório japonês Takeda que já vendo sendo aplicada nos brasileiros. Já se sabe, inclusive, que drogarias se apressam em aproveitar o nicho de mercado e comercializar a solução japonesa pela bagatela de R$ 349,90 uma dose. Eles avisam que a aplicação esta inclusa nesse preço. Ou seja, mais uma vez tem muita gente fazendo negócio com a miséria pública, quando na verdade o que falta é orientação para o público saber lidar com a situação. Dengue se combate eliminando focos do mosquito e não com vacinas. O Aedes Aegipti é um inseto urbano. Pouco se encontra nas regiões interioranas. Eles adoram a sujeira dos habitantes das grandes cidades. E para completar, se refastelam nessa época de verão quando a sujeira urbana se cristaliza. Quando as chuvas invernais começarem a lavar a imundice urbana eles irão d´água abaixo. Enquanto isso tem ministro de Estado dando a desculpa de que essa onda epidêmica do aedes aegypti é por conta do aquecimento global. Desconfio que ainda vamos enfrentar muitos problemas. NOTA: Foto ilustração obtida no Google Imagens.

segunda-feira, 4 de março de 2024

Insegurança nossa de Cada Dia

Pobreza, fome, analfabetismo, disparidades inter-regionais de renda, saúde publica falha, politica educacional também, governos míopes e somente interessados em se manter no poder, entre muitas outras mazelas fazem do Brasil, indiscutivelmente, um país com problemas endêmicos de difíceis soluções. O mais gritante, porém, é que, na atual conjuntura e, certamente, em decorrência dos percalços acima lembrados, a insegurança pública vem se revelando o nó mais difícil de desatar. Dia e noite, o cidadão comum, cumpridor das suas obrigações coletivas, é agredido por ações deletérias que vão das mais simples e bizarras às classificadas como mais estúpidas e fatais. A recente fuga – tenho pra mim que consentida pela carceragem igualmente bandida – dos dois prisioneiros confiados ao Presidio de Segurança Máxima de Mossoró, que sumiram do mapa, já se tornou emblemática na historia da insegurança brasileira. Imagino que se no ambiente tido como de segurança máxima ocorrem episódios dessa grandeza, o que dizer dos pequenos golpes perpetrados contra os cidadãos de bem, cumpridor das suas obrigações republicanas? Ah! Tem nada mais ignóbil e revelador da insegurança deste país do que a troca criminosa de etiquetas em bagagens despachadas no Aeroporto de Guarulhos (SP), com destino a variados pontos do exterior, por bagagens contendo narcóticos e drogas condenáveis internacionalmente, em nome de inocentes passageiros? É incrível, mas já se somam casos alarmantes de viajantes que são apreendidos e condenados ao desembarcar no exterior. São episódios criminosos inacreditáveis e que depõem contra a Nação no cenário internacional. Qual o passageiro que não se apavore em despachar sua bagagem naquele aeroporto? Eis aí um retrato cruel e a cores lúgubres da incompetência dos governantes de plantão. Como se sentir seguro numa grande metrópole brasileira sabendo que está sujeito às ações de verdadeiros facínoras, comandantes de hordas de desordeiros e assassinos, dispostos a disseminar o pavor e a intranquilidade da sociedade? Quantos casos fatais são levados a efeito diariamente nas ruas de São Paulo, Rio, Recife, Belo Horizonte, entre outras. Pior é registrar que as coisas se reproduzem em cidades de porte médio e interiores. Um dado curioso foi divulgado no último dia 27/02/24, pelo Fórum Brasileiro de Segurança Publica e Raio X das Forças de Segurança Publica do Brasil, no qual foi constatada a redução dos efetivos policiais no Brasil, entre 2013 e 2023. Nesse período ocorreu uma diminuição de 6,8% dos policiais militares. Houve ainda uma redução de 2% no numero de policiais civis e peritos. Bom, tenho pra mim que seguir a carreira de policial já não seduz muito mais a turma do procurando posição no mercado de trabalho. As noticias divulgadas na mídia diária são desestimulantes devido à insegurança e o “poder” paralelo imposto pelos milicianos dos grupos de narcotraficantes incrustados nas franjas das metrópoles, que têm entre seus objetivo dar cabo aos esquadrões de policiais de combate aos grupos organizados de traficantes. Pobre Brasil, tristes brasileiros. Mas, tudo isso é o “grosso do mercado da insegurança” porque o “varejo” se multiplica de modo avassalador. É um picadinho de maldades que assusta o individuo ou uma comunidade, independente do local, da situação social ou do veículo de intervenção. São coisas muitas vezes patéticas. Os caras vivem bolando formas de “atuar”. Perdi as contas de quantas vezes recebo, por mês, golpistas se passando por meu filho e pedindo, pelo WhatsApp que eu pague urgente uma conta, vencendo naquela hora, e que ele está sem condições por razões das mais variadas. Claro que não caio nesse golpe. Outro também pelo WhatsApp é de uma suposta Central de Controle do banco, no qual mantenho minhas economias, pedindo autorização para validar uma compra, geralmente de valor vultoso. O Banco já fez circular uma Nota avisando que se trata de uma Falsa Central. Já imagino a confusão que será criada quando a tal da Inteligência Artificial (IA) pegar de verdade. Deus nos acuda.
Tem também a loucura dos ladrões de fios de cobre das redes elétricas ou de telefonia que deixam bairros e artérias sem energia ou comunicação. Outro dia, cheguei à academia de ginástica e fui informado que não haveria condições de trabalho porque a rede elétrica havia sido roubada durante a madrugada. Ri para não chorar! Como pode um negócio desses? Aliás, nessa mesma ocasião, o roubo entrou pelos fios da rede de eletrificação abastecedora da filial do Minuto Pão de Açúcar, da mesma rua e que resultou na deterioração de todo estoque de gelados e congelados causando um prejuízo incalculável à empresa. Parece mentira, mas, foi-não-foi, fico sem sinal de Internet, por conta de roubos da fiação da Provedora. Sistema subterrâneo, inclusive. Descobri que os cabos de cobre são vendidos a receptores canalhas que pagam a preço de ouro e alimentam essas cambadas de ladrões. Cansa. E, por falar em cansaço, vou ficando por aqui. Depois dessas “reflexões” tenho até medo de sair nas ruas.

domingo, 25 de fevereiro de 2024

Abusou do improviso

Indiscutivelmente o assunto da semana, e que ainda repercute, é sobre a infeliz fala do Presidente Lula, numa coletiva internacional, na Etiópia, comparando as ações de Israel na faixa de Gaza ao inqualificável Holocausto praticado pelo sanguinário Hitler na década de 40 passada, durante a 2ª. Grande Guerra. Infeliz, sobretudo, porque remete a uma possível intenção de colocar em cheque o Estado de Israel, parte ativa do conflito em tela. Sem sombra de dúvidas, o que está acontecendo em Gaza é algo deplorável e estarrecedor. Uma guerra de proporções dantescas em nome de resposta aos ataques terroristas de 7 de outubro perpetrado pelo Grupo Hamas. Nada, porém, pode ser comparado com o monstruoso processo do Holocausto. Este, na verdade, se constitui na página mais que negra da História da Humanidade. Algo singular e sem chances de repetição. Do meu ponto de vista, considero que o Presidente brasileiro deixou-se tomar de forma desmedida pelo seu pretenso projeto de estadista de nível internacional e terminou tropeçando no improviso, diante daquela plateia de Addis Abeba, capital da Etiópia. Duvido que haja recebido aprovação do corpo diplomático brasileiro. Faltou mais diligência dos assessores politico-diplomático da presidência. Imagino que o patrono da Diplomacia Brasileira, o Barão do Rio Branco, deve ter se revirado na urna mortuária diante de tanta incompetência. Fico mais pasmo diante do fato de que não haja qualquer sinal de pedido de desculpas pelo lamentável tropeço politico. Não tem sido à-toa que embaixadores sejam chamados a fornecer subsídios que levam a uma distensão do mal-estar resultante entre as duas nações. O Brasil é tradicional parceiro politico e comercial de Israel e isto vem provocando um tremendo afastamento, culminando com a consideração de Lula como uma persona non-grata em Israel. Dessa forma, adeus projeto de estadista internacional ou premio de Nobel da Paz que ele ousa perseguir.
Por outro lado e pensando bem, é lamentável que estejamos em pleno Século 21, às voltas com conflitos de guerra devidos aos interesses espúrios de lideres políticos que, na verdade, lutam por um lugar de destaque de estadistas históricos e que desesperadamente buscam maneiras de inflar seus prestígios políticos e preservarem-se no topo do poder. É dessa forma que se comportam os dois principais personagens dos conflitos que nos afligem: Vladimir Putin e Benjamim Netanyahu que são dois mandatários de baixíssimas popularidades nos seus respectivos domínios e se valem de qualquer oportunidade de “faturar” popularidade. O Hamas não calculou corretamente a onda que provocou e deu no que deu. Além de serem desumanos e terroristas provocaram uma bagunça ilimitada no tabuleiro da geopolítica mundial que já vinha se desarrumando pelas investidas destruidoras do “ditador” russo sobre a frágil Ucrânia. Por fim, é patético perceber que o presidente do Brasil se meta nessas confusões históricas da humanidade, conforme descrevi em outro recente post, sem que, no fundo, no fundo, acredito que nem faça ideia das razões que essa gente se engalfinha ao último nível de degradação que é uma guerra muitas vezes fraticidas. Cuida do teu terreiro Lula, onde ¼ da população não dispõe de serviços sanitários, faltam politicas efetivas para a melhoria da saúde pública historicamente abandonada, a insegurança publica mata mais do que as guerras comandadas por Putin e Netanyahu, as prisões de (in)segurança máxima são puras balelas, a educação básica é falha e o cidadão do futuro é mal preparado para o porvir.

sábado, 17 de fevereiro de 2024

Confete e Serpentinas

E lá se foi mais um carnaval. Já curti muitos desses. Sempre achei que não existe festa melhor do que essa. No passado, quando chegava a quarta-feira de cinzas eu marejava os olhos ao som dos últimos acordes do hino de Vassourinhas. “Como uma coisa tão boa assim só dura três dias?” perguntei muitas vezes. Arroubos da juventude, claro. Hoje a visão que tenho é outra. Há pelo menos dez carnavais estive ausente da folia local. Viajei, retirei-me ao refugio interiorano e evitei as multidões. Este ano, porém, por razões familiares fiquei no Recife e dei rápidos giros por Olinda e Recife. Senti-me quase como um “peixe fora d´água”. Achei tudo muito diferente do passado. E passado recente, mesmo. Indiscutivelmente, não posso negar, foi um belo festival de cores, músicas e fantasias tudo quanto assistimos, no Recife e Olinda, na semana que finda. Ainda assim, muita coisa merece ser lembrada por quem já viveu o tanto que já vivi e curtiu o tanto que já curti. Haverá quem me entenda. Começo por uma coisa simples e esquecida na recente semana de folia: confete e serpentina. Não posso entender essas ausências. Quantos amores nasceram de um punhado de confete? E muitos outros com “ataques” de serpentina atirada de distante? Pode parecer ingênuo para os jovens de hoje, mas, funcionava. Pelo meu retrovisor, recordo que cheguei a alcançar o corso na avenida e nas ruas dos bairros de São José e Boa Vista do Recife. Do janelão da casa dos meus avós paternos observei desde criança o desfilar dos foliões, carros enfeitados, jovens e velhos fantasiados, blocos e troças carnavalescas, numa alegria contagiante que como um vírus se impregnou no meu corpo e na minh’alma pernambucana. Quando proibiram o uso do lança perfume e inventaram as cabulosas bisnagas d´água como uma infame substituição, o clima de alegria sofreu um inesperado debaque. Não durou muito e surgiram as famigeradas pistolas d´água, que terminaram deteriorando a beleza do corso tradicional e instaurando a volta do historicamente proibido entrudo (tipo de carnaval, comum no século 19, em que os brincantes lançavam uns aos outros baldes d´água, farinhas, limões de cheiro, areias finas). Nos anos 60 e 70, essa modalidade de corso se desenvolveu e participei com entusiasmo, até o momento em que elementos deletérios, marginais da sociedade, resolveram misturar produtos químicos prejudiciais à saúde pública e individual. A coisa ficou perigosa e o carnaval da sociedade foi arrastado de vez, com toda força e animação para os salões dos clubes sociais. Decorriam os anos 70 e 80 do século passado. Foram carnavais formidáveis. As noites de folia lotavam os salões das principais agremiações sociais da cidade e deixavam saudades. Nada podia ser comparado àquela animação contagiante. Contudo, importante lembrar, as associações carnavalescas populares resistiram ao tempo e às mudanças sociais mantendo viva a cultura popular pernambucana. Blocos de frevo, maracatus, caboclinhos, as debochadas troças carnavalescas e os blocos líricos foram resilientes e atentos, alimentando os bons costumes da época.
Nessa onda do movimento de manutenção das tradições, um grupo de moradores do bairro de São José, liderado pelo folião local, Enéas Alves Freire, idealizou e fundou o Clube de Máscaras Galo da Madrugada. Foi certamente a mais bem sucedida ideia para resgatar o carnaval de rua do Recife. De uma simples agremiação, com poucos integrantes, que percorria as principais ruas do bairro, ao amanhecer do sábado de Zé Pereira, o bloco tomou folego, cresceu e se tornou, segundo o GuinessBook, no maior bloco de carnaval do mundo, além de símbolo macro do nosso contemporâneo carnaval. Fala-se de 2,5 Milhões de brincantes, neste recente carnaval. É uma marca ainda discutida.
Mas, por questão de justiça, convém destacar que essa resistência teve na Velha Olinda seu quartel general, preservado até hoje. Ali ocorre a cada tríduo momesco uma explosão de alegria atraindo foliões do Brasil e do exterior, subindo e descendo ladeiras, atrás dos tradicionais blocos, como Pitombeiras dos Quatro Cantos, Elefante, Homem da Meia-Noite e Bonecos Gigantes. (Vide Foto acima). Este ano foi estimada uma afluência de 3 milhões de pessoas. E no Recife, desde os anos 90, as autoridades municipais promovem festividades em diferentes polos de animação, com destaque para o que se leva a efeito no bairro Antigo, da cidade. A cidade para com a chegada de Momo! (Vide foto a seguir, Marco Zero do Recife)
Mas, aproveitando a esteira do assunto da falta de confete e serpentina, não posso deixar de criticar, lamentando, o desprestigio que o ritmo do frevo vem sofrendo. Ouve-se muito pouco frevo nos nossos atuais festejos. Ora, o frevo é uma identidade raiz do nosso carnaval. Não tenho noticia de novas composições. Quando muito se ouve Vassourinhas. Desapareceram os concursos pré-carnaval. Lastimável. Pior é perceber que ritmos alienígenas invadem nossa festa de modo escancarado em detrimento dos valores locais e com a aquiescência das autoridades competentes. Nas festas de espaços privados, então, que se multiplicam pela cidade, com ingressos a peso de ouro, o frevo é esquecido e substituído por axés, raps, bregas, sertanejos, forrós, entre outros ritmos. Sinceramente, carnaval pernambucano sem confete, serpentina e frevo deixa muito a desejar. Vá lá que haja “modernização”, com trios elétricos no Galo e equipamentos de ponta nas festividades. Isso é tolerável e necessário. Mas, não deixemos o frevo morrer. No próximo ano, aqui estando, vou montar um posto de venda de confete e serpentina na esquina da Avenida Rio Branco, no Recife Antigo, auxiliado por uma caixa de som tocando somente frevos. NOTA: As fotos ilustrações foram tiradas do Google imagnes. A do Galo foi publicada pelo Jornal Folha de Pernambuco.

Revolta da Natureza

A semana que finda foi dominada pela maciça veiculação das noticias sobre a tragédia de dimensão inédita que atingiu o estado do Rio Grande ...