segunda-feira, 22 de julho de 2024

Compromisso com a Verdade

Compromisso com a verdade tem sido lema deste Blog, desde sua criação em 2007. Infelizmente, algumas fontes de noticias, supostamente confiáveis e consagradas publicamente, terminam influenciando de modo indevido formadores de opinião que trabalham com seriedade. Foi, certamente, o caso que nos ocorreu esta semana ao repercutir (ultima postagem) uma noticia que abalou a sociedade recifense dando conta da venda e provável demolição do Palacete Gibson, pertencente à Família Baptista da Silva, situado a Avenida Rui Barbosa, no Bairro das Graças, no Recife. Pela importância histórica (quase 200 anos) e imponência arquitetônica, não somente o Blog do GB, mas, outros vários veículos de comunicação apressaram-se em manifestar descontentamento, e até revolta, com a infeliz ideia ventilada, a exemplo de tantos outros casos já registrados no Recife, apontados na mesma postagem. Por justiça e compromisso com a verdade, este Blog denuncia se tratar de mais uma fake-news, entre as incontáveis que, diuturnamente, são veiculadas pelas mídias digitais do mundo, fazendo publicar, a seguir, uma Nota Oficial encaminhada pela Assessoria de Comunicação da Família Baptista da Silva, o que fazemos com imensa satisfação. Salve a Mansão Gibson e aplausos à Família Baptista da Silva.

sexta-feira, 19 de julho de 2024

Crimes contra o Patrimônio

Entre as muitas belas lembranças que guardo das minhas andanças mundo afora, destaco de forma muito vibrante, minha admiração com os cuidados que as cultas sociedades dispensam à preservação dos seus patrimônios artísticos e históricos. Considero ser extremamente prazeroso circular em sítios onde monumentos arquitetônicos e históricos dominam o ambiente e provoca ao visitante a sensação de estar mergulhando nas origens da gente que ali vive. Gente que sabe da importância do local raiz e sente necessidade de cultuar e preservar. Já tratei deste tema aqui no Blog noutra ocasião. Recordo que enumerei locais e publiquei fotos que disponho no meu arquivo pessoal colhidas na Europa, China, Japão entre outros pontos. Não é o caso desta postagem. Hoje, volto ao tema provocado pela crescente e inominável exploração imobiliária que domina a sociedade brasileira, cujo maior objetivo parece ser apagar a história nacional quando expressa nos monumentos históricos da arte e da arquitetura. E tudo diante da miopia e impunidade do Instituto do Patrimônio Histórico Nacional e seus agentes locais. Doloroso. Isto sem falar nas tribos de grafiteiros e muralistas que sem pena e sem punições enchem as cidades de poluidoras imagens em prédios públicos e privados. Pouquíssimos desses artistas muralistas se salvam e se destacam. Entre estes lembro de um Eduardo Kobra que vem marcando sucesso no Brasil e no exterior. E também dos gêmeos paulistas Gustavo e Otavio Pandolfo reconhecidos mundialmente dados seus personagens caricatos e cores vibrantes. A Prefeitura do Recife fez colocar uma bela imagem de Luís Gonzaga o Rei do Baião. Justa homenagem! Agora, essas turmas que grafitam com símbolos ilegíveis e que travam uma disputa de ocupação de espaço, nas paredes disponíveis e tantas vezes repintadas, são abomináveis. Esses dias vi um painel de Francisco Brennand, no centro do Recife, completamente pichado! Mas, vamos ao que interessa dessa vez. A inclusão deste tema na pauta do Blog foi devido ao tomar conhecimento, dias recentes, da monstruosa possibilidade da demolição da famosa Mansão Gibson, datada de 1847, em estilo neomanuelino, situada na Avenida Rui Barbosa, no Recife. Pertencente originalmente ao grande comerciante inglês Henry Gibson e no passado mais recente ao ex-banqueiro Jorge Baptista da Silva, falecido poucos anos atrás, é indiscutivelmente um dos mais belos patrimônios arquitetônicos da cidade. (Vide Foto a seguir). Ora, meu Deus, não tem crime maior do que esse contra a história recifense. Precisamos criar um movimento de defesa dessa bela construção de quase 200 anos. Pior de tudo é saber que a ideia é a de construir duas torres de apartamentos de alto luxo. É uma tragédia nacional.
A proposito desta loucura lembro-me da abertura da Avenida Paulista, nos idos dos anos 70. Nessa época, estando cursando uma pós, na USP, vi a velocidade de como as grandes mansões, antes residências dos barões do café, serem destruídas nas caladas da noite e cedendo espaço para a grande Avenida, hoje transformada na grande passarela das manifestações politicas nacionais. Dava tristeza ver desaparecer tantos palacetes pertencentes às famílias abastadas que deram combustível para o engrandecimento do “país” São Paulo. E do Brasil, por que não destacar? Não me conformo com essa cultura destruidora. Aqui no Recife, uma cidade de quase quinhentos anos, muitas das preciosidades arquitetônicas já foram abaixo. Quem não se lembra da Casa Navio? Era uma atração turística. Foram muitos os turistas que recebi e manifestavam, de pronto, o interesse de posar para uma foto à frente daquela casa icônica. O estilo podia ser discutível. Mas, que marcou uma época, isso é indiscutivel. Detonaram-na e fizeram subir um arranha-céu sem grande expressão. (Vide Foto a seguir)
Do mesmo proprietário da Casa Navio, outro belíssimo palacete, no bairro da Boa Vista, foi adquirido por uma construtora ambiciosa que o demoliu e construiu no local um grupo de prédios de baixa categoria e, também, sem qualquer expressão arquitetônica. O referido palacete, segundo membro da família da minha relação de amizade, encerrava uma vibrante história por haver pertencido ao Conde da Boa Vista e posteriormente à Condessa Pereira Carneiro, dona do Jornal do Brasil. E assim ocorreu com outros tantos palacetes recifenses. Lamentável. No mais, não custa lembramos dos roubos e mutilação de obras de arte, muitas das quais sem modos de recuperação. O Parque das Esculturas, no Marco Zero, de Francisco Brennand, foi um dos locais agredidos por furtos de peças importantes. E os painéis de Lula Cardoso Aires na antiga estação de passageiros do Aeroporto que, segundo fui informado ficaram ao abandono e ao sabor do tempo levando inclusive chuvas.(Foto a seguir)
Ah! Outra coisa que me lembro, agora, é do belíssimo painel cerâmico de Brennand, também, retratando a Batalha dos Guararapes, num prédio de grande porte, na Avenida Dantas Barreto que foi esquecido pelas administrações relapsas da cidade e terminou sendo desfalcado de incontáveis peças. Fala-se que serviu de mictório de emergência de transeuntes que nem imaginavam o crime que cometiam. Recuperado foi posto num local mais seguro, no bairro de Boa Viagem. Eita! Brasil! Nem mais bom de bola! Nota: fotos obtidas no Google Imagens.

segunda-feira, 10 de junho de 2024

Rumos da Educação

Perdi as contas de quantas vezes atribui à falta de Educação de base do povo brasileiro pelos renitentes problemas estruturais da nossa sociedade. No âmbito politico, no trato da saúde pública, no manejo do meio ambiente, na preservação do meio urbano, na insegurança, no desrespeito ao próximo, enfim uma infinidade de aspectos que resultam numa insatisfação coletiva. É verdade que o analfabetismo vem caindo e já há registros de muitas diferenças entre os informes nas décadas recentes. Contudo, é doloroso saber, por exemplo, que a taxa do Nordeste ainda é o dobro da media nacional, muito embora uma melhoria expressiva nos últimos 12 anos, conforme dados do Censo de 2022 do IBGE. Hoje, no Brasil como um todo, apenas 7% da população é de analfabetos. Mas, no Nordeste essa taxa chega aos 14,2%. É na Região Sul onde se encontra a melhor taxa de alfabetizados, 96,5%. É doloroso tomar conhecimento de que 50 municípios brasileiros têm índices de analfabetismo iguais ou superiores a 30%. E que 48 desses estão no Nordeste. Os dois restantes são no estado de Roraima, Norte do País. Os piores registros de analfabetismo foram colhidos em Alagoas (17,7%) e no Piauí (17,2%). São dados, também, do Censo de 2022. Isto posto é duro saber, contudo, que o número de alfabetizados escondem uma realidade desanimadora visto que, nessa população dita alfabetizada, de 15 anos ou mais, o mais comum é encontrar jovens que não sabem ler e escrever a contento, não sabem redigir uma simples mensagem, nem interpretam um texto que lhe seja apresentado. Agregue-se a isto o fato de que são incapazes de dominar as mais simples das operações aritméticas. Geografia e História são coisas que passam distantes das suas imaginações. Ou seja, estamos às voltas com um sistema educacional de base falho e incapaz de preparar o cidadão do futuro de forma adequada e exigido pelo mundo em evolução galopante. Ouço muitas vezes falar em compras de equipamentos atualizados, computadores, tabletes, entre outros, a serem distribuídos com a meninada matriculada nas escolas publicas, mas, além de ficar curioso quanto ao uso devido, tenho dúvidas dos corretos destinos desses equipamentos. Mesmo porque, em última instancia, os agentes operadores dessas distribuições podem ser oriundos dessas levas de cidadãos mal formados e sem escrúpulos. É um desafio... desafiante.
Semana passada tive a oportunidade de assistir a uma conferencia proferida pelo Professor Cristovam Buarque (foto acima), de passagem pelo Recife. Considero se tratar de um dos maiores pensadores a respeito da Educação no Brasil. Idealizador do Programa da Bolsa Escola (depois transformado em Bolsa Familia) terminou fazendo história. Não foi à toa que exerceu o cargo de Ministro da Educação (primeiro governo Lula). Buarque fez, como ninguém, um resumo da situação vexatória do setor no país e, como de se esperar, arriscou algumas propostas a serem discutidas e, quem sabe, adotadas. A primeira assertiva do ex-Ministro, naquela noite, foi alertar de que o Ministério da Educação é o ministério das Universidades. De fato, esse Ministério pouco se liga na formação de base do cidadão, à medida que as responsabilidades institucionais são delegadas aos governos estaduais e municipais. Ora, meu Deus, com tantas precariedades de administração e pobreza financeira desses níveis de governos pouco se tem a se esperar. Num ambiente assim, o analfabetismo pode até ser superado, mesmo no Nordeste, mas a formação de cidadania continuará, por longo tempo, a desejar. Serão formadas levas e mais levas de analfabetos funcionais (¹). Para Cristovam Buarque o melhor caminho para solucionar este grave problema de base é federalizar o ensino básico do país. Sugeriu até mesmo a criação de um Ministério da Educação de Base. O ex-Ministro foi enfático ao cravar uma frase taxativa, e de efeito, ao afirmar que “não adianta fazer planos nacionais de educação enquanto a execução for municipal”. Buarque fechou sua conferencia no Recife detalhando uma proposta de 10 passos para viabilizar a federalização da educação de base, a saber: criar o Ministério da Educação de Base; Definir três pisos nacionais para a Educação (salario do professor/equipamentos e instalações/conteúdo programático; garantir a universalização da educação fundamental; garantir a universalização do ensino médio; ter uma Lei de responsabilidade Educacional; Jornada de 6 horas em todas as escolas do país; Criar um Cartão Escolar de acompanhamento Federal; Promover um ambiente educacional; montar um Sistema Nacional de avaliação, acompanhamento e fiscalização e, finalmente, ampliar as dotações orçamentárias da União para o setor. Não tenho duvidas de que seria uma verdadeira revolução no Setor. Mas, é preciso ser um educacionista (assim que Buarque se intitula) renitente para, nos dias de hoje, num Brasil “doente’ politicamente, pensar num nirvana desse. Vou morrer torcendo pelo sucesso desse projeto de Buarque e, enquanto isso, amargar a vida num ambiente tão dispare da atualidade mundial. (¹) Analfabetos funcionais são pessoas que mesmo sabendo ler e escrever não têm capacidade para interpretar um texto e realizar operações aritméticas. São pessoas com poucas chances de progresso e participação social a contento. NOTA: Foto obtida no Google Imagens.

domingo, 26 de maio de 2024

Falta Ética no ambiente da Tragédia

Tentei inutilmente mudar de assunto para esta postagem. Não estou conseguindo virar a chave. O drama dos gaúchos continua na minha cabeça a toda hora. Tudo leva a crer, também, ser devido ao fato de que tenho conversado com várias pessoas da área atingida e, dessa forma, não paro de receber noticias. Fico impressionado com os números das perdas e dos que são estimados com vistas à recuperação socioeconômica do estado. Além disso, é assustador acompanhar as notícias de que novas tormentas são anunciadas e que as águas não baixam. Porto Alegre continua alagada!(Foto a seguir). Uma cidade daquele porte e importância ficar submersa por tanto tempo chega ser inacreditável.
O aeroporto não tem data para voltar a operar. (Vide foto a seguir) Uma sociedade sitiada. Parece uma coisa sem fim. Há quem sustente a tese de que levarão ao menos vinte anos para que se recuperem e se execute uma devida reconstrução. Ou seja, uma geração! Posicionadas nos originais locais, ou erguidas noutros pontos, muitas serão as cidades que irão demandar investimentos astronômicos, que sequer rondam as cabeças dos potenciais executores. Na própria capital do estado, Porto Alegre, já se estima uma formidável soma de recursos financeiros, nunca dantes imaginados. O Governo do Estado pensa num volume inicial de R$ 19,0 Bilhões. Este montante, porém, não passa de uma bagatela face estimativas de profissionais urbanistas e economistas locais, vivendo o pleno clima da tragédia, que asseguram haver a necessidade de algo próximo aos R$ 92,0 Bilhões para que alcançem a total reconstrução do estado.
Esse tétrico cenário com visão de fim de mundo para quem está mergulhado nas águas invasoras (ou cobradoras dos seus espaços devidos?) enche os olhos aéticos de uma cambada de políticos oportunistas e, melhor dizendo, ladrões que já rondam o pedaço tal como “urubus na carniça” e de olho por "reservar" seu pedaço de interesse pessoal para atuar. Falta ética, em larga escala, nessa gente que briga com unhas e dentes pelo poder e encher os bolsos com muita grana de modo corrupto. Tenho tido noticias dolorosas. Fiquei abismado com o episódio do prefeito de certo município que, pensando na reeleição em outubro, surrupiou levas de donativos recebidos para distribuir entre os flagelados e escondeu, num lugar incerto e não sabido, para fazer uma distribuição em plena campanha. Registre-se que os donativos são de quantidades monumentais. Muitos países amigos estão desembarcando doações valiosas, além de recursos financeiros. Acredito mesmo que devido ao formidável volume de donativos e a complicada logística emergencial de distribuição, muita coisa irá para muitos dos tais lugares incertos e não sabidos. Ao mesmo tempo, já se tem como certo de que muitos desses que se apresentam como voluntários, defensores e executores de despesas com a reconstrução vão terminar ricos e felizes. Riquezas construídas sobre a desgraça de um povo que até então deu seu suor e seu sangue pelo engrandecimento do seu estado. Pobre população gaúcha. Bom lembrar que nessa população estão incluídos desde o simples operário, pequenos empreendedores, indo até o rico industrial que teve seu parque fabril atingido. E, claro, que o grande produtor rural que tanto orgulho vinha dando ao estado e ao país.
Uma coisa, por fim e a mais gritante foi ver o Senhor Presidente da Republica, bancando o salvador da pátria, resolver numa das mais absurdas manobras antiéticas e antirrepublicanas nomear um Secretario Especial para administrar as obras – entenda-se os recursos financeiros federais – da reconstrução do estado. Ora, isto é uma franca agressão à autonomia do Governo Estadual. Essa nomeação reedita a quase sempre abominável figura do Interventor Federal! Pior é saber que o interventor nomeado, nem vou registrar seu nome, é declaradamente um "pau-mandado" do PT e supostamente candidato opositor ao Governo do Estado numa próxima eleição estadual. Mais grave ainda é saber que a suposta bondade do governo petista é, na maior parte, dispensa de pagamentos de dívida do Estado ou repasse de verbas já programadas, que serão liberadas antecipadamente. Pode ser bom em principio, mas, tenha paciência precisará de muito mais. Resumo da ópera: o Governo Petista pode sair sem gastar muito e com injusta fama de que recuperou o Rio Grande do Sul. É lasca! Aguardemos esses discursos antiéticos no futuro porque eles são competentes neste oficio. E o Governo Estadual, com toda razão, reage às essas manobras antirrepublicanas, ao tempo em que se vê numa situação vexatória de disputar pro-atividade com quem sabe, como ninguém, bancar o “manda-chuva”. Pelo amor de Deus, onde vamos parar? NOTA: Fotos obtidas no Google Imagens.

sábado, 11 de maio de 2024

Revolta da Natureza

A semana que finda foi dominada pela maciça veiculação das noticias sobre a tragédia de dimensão inédita que atingiu o estado do Rio Grande dos Sul, devida ao descomunal volume de chuvas naquele estado e o resultante acúmulo das aguas em grande parte da bacia hidrográfica local lá existentes. Uma calamidade pública sem precedentes no Brasil, país cujo povo se ufana de viver “num paraíso tropical, livre de terremotos, maremotos, tornados e vulcões furiosos”. Tirados dessa suposta zona de conforto, o bravo povo gaúcho viu-se, repentinamente, envolto na que, por certo, já se revela como a maior das tragédias provocadas pela mãe natureza em momento de revolta no país. Já tive por várias oportunidades este tema na pauta do Blog. Lembro-me das duas ou três ocorrências em Petrópolis, uma calamitosa em Teresópolis, em Angra dos Reis, no interior da Bahia, todas sempre bem localizadas e sem a dimensão desse atual episódio do Rio Grande do Sul. Mais do que nunca convém lembrar que com a Natureza não se brinca e ninguém está livre de viver momentos de apuros em meio a um repentino mau-humor dela. O resultado é o desmantelo geral do meio ambiente que, aliás, em momentos como este em tela, deita e rola insistinto no pedido socorro. A situação é desesperadora e renitente. Compadecendo-me, junto com a metade do mundo, com o sofrimento do povo irmão não deixei escapar as noticias e opiniões de especialistas no assunto sobre os possíveis erros e relaxamentos cometidos pelas autoridades gaúchas, ao longo das ultimas décadas e após episódio semelhante registrado no distante ano de 1941. Naquela ocasião, depois que o Guaíba subiu tantos metros como na semana que termina e ficou "placidamente" 22 dias na cidade, (vide fotos a seguir das duas ocasiões: 1941 e 2024) diversas medidas corretivas foram projetadas com vistas, particularmente, à proteção da região Metropolitana de Porto Alegre, a capital do estado, embora que algumas nem hajam saídas do papel. E o pior, das que foram executadas e postas em funcionamento pouco vinham sendo preservadas. Imagino que de administração em administração (municipal e estadual) a coisa foi sendo relegada a um enésimo plano, sendo esquecida e o resultado está aí de forma nua e crua. Pode não ser hora de identificar culpados, mas, que eles existem disso ninguem duvida. Salvemos o que e quem for possivel e toquemos o barco. Agora, haja dinheiro – sempre escasso – para reconstruir um estado em petição de miséria com uma sociedade desnorteada, uma economia afundada e um futuro incerto. Serão precisos muitos Bilhões de Reais para dar suporte a um Programa de Restauração.
Enquanto as coisas não se acomodam, as chuvas não param e as águas não escoam não nos resta alternativa a não ser continuar se estarrecendo com as imagens calamitosas divulgadas, os números alarmantes de vitimas, as incríveis somas dos prejuízos preliminarmente estimados e, por uma questão de solidariedade coletiva, arregimentar donativos para socorrer aquele povo sofrido, sem teto, sem roupa, sem comida, chorando as perdas de bens e de entes queridos e, até mesmo e ironicamente, sem água para beber! Tanta água às vistas, ter de correr para não ser tragado pela correnteza e não ter a água potável para beber. É de fazer chorar. Quando o vendaval passar porque “...não há mal que sempre dure” e as contas foram fechadas o Brasil vai sentir, como nunca antes, a importância social e econômica gerada no bravo estado Rio Grande do Sul. O estado gaúcho é um dos principais produtores de alimentos básicos do brasileiro, entre os quais o arroz (o maior produtor do país), feijão, milho, trigo, soja e uva. Todos compondo a lista das perdas irreparáveis devido às enchentes. O prato de feijão com arroz, popular na mesa do brasileiro, deverá ficar mais caro por conta da baixa oferta dos dois produtos. Derivados de milho, soja, trigo e uva, igualmente ficarão bem mais caros. Carnes bovina, suína e avícola, especialidades do estado, também sofrerão altas em vista das severas perdas de animais e, consequente, redução da produção. Na Indústria, segmentos ligados à produção de autopeças, veículos coletivos, linha branca, medicamentos e cosmética sofreram fortes efeitos negativos pelas chuvas. Muitas foram as indústrias que tiveram seus parques fabris inundados pelas águas. Tudo isso resultará num empobrecimento do estado com possibilidade de influenciar negativamente na parcela contributiva para a formação do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro nos próximos cálculos. NOTA: As fotos ilusrativas foram obtidas no Google Imagens.

domingo, 28 de abril de 2024

Haja Cravos

Neste recente 25 de abril lembrei-me demais das minhas andanças em Portugal. Recordo da minha primeira visita, no longínquo verão de 1969, quando tive a oportunidade de observar um país sob o domínio de uma tirana ditadura, desde 1933. Era assustador perceber na fisionomia do cidadão comum as marcas da repressão e os temores que se multiplicavam no país. Naturalmente, à época, pude comparar com o que se vivia no Brasil, sobretudo após a decretação do AI5, no ano anterior, e alimentar o temor de que mergulhássemos em algo semelhante. Foi uma experiência marcante na minha formação de cidadão democrata. António de Oliveira Salazar era o Carrasco não apenas do Portugal europeu mas, também, massacrava com mão-de-ferro um Império Colonial, àquela altura inviável, explorando as riquezas das colônias revoltadas em territórios africanos e asiáticos, subjugados secularmente às leis ditatoriais implacáveis do chamado salazarismo. Circulando nas ruas e avenidas das grandes cidades portuguesas percebiam-se a timidez e o temor do cidadão comum, sempre sob a mira da policia, inclusive a secreta, mantida pelo regime. Portugal, comparado com as outras nações europeias, pelas quais circulei, se apresentava com um clima sombrio e triste. As pessoas, sobretudo as mulheres, trajavam roupas austeras e excessivamente formais, embora fosse pleno verão. Preto, marrom e azul-marinho eram as cores predominantes. As vitrines do comércio da época eram pobres, démodés, desatualizadas e pouco atrativas. Sem colorido! Ali bem perto, em Londres, Mary Quant ditava o uso das minissaias e os Beatles explodiam nas paradas de sucesso. Enquanto isso, as portuguesas andavam pálidas e desbotadas, sem o colorido do pós-guerra que dominava o mundo. Havia proibições curiosas como, por exemplo, a da produção e venda de Coca-Cola, substituída por algo similar com uma denominação local que não recordo. Contudo, como para todo mal há sempre um fim, chegou o dia da derrocada e, há 50 anos, em 25 de abril de 1974, as saturadas Forças Armadas de Portugal, com forte apoio popular, derrubaram uma das mais longas ditaduras da História, num vitorioso episódio que terminou recebendo a denominação de Revolução dos Cravos devido ao fato de que a população distribuiu cravos vermelhos aos soldados que executaram o movimento. Salazar já não existia, morreu em 1970, e havia sido afastado por uma grave doença em 1968 e substituído pelo seu fiel seguidor Marcelo Caetano, que manteve o regime até que foi derrubado, em 1974.
O 25 de Abril se tornou uma data histórica e vem sendo festejada a cada ano de maneira monumental. Neste 2024 as comemorações se agigantaram devido ao caráter “redondo” do aniversário. Jubileo de Ouro! Apresso-me em registrar a comemoração no Blog e manifestar o meu regozijo. Gosto demais de Portugal e sempre que possível volto lá. Já voltei várias vezes. Por sinal, tive a alegria de andar por lá, em 1975 quando experimentei a alegria de assistir na Avenida da Liberdade, principal artéria de Lisboa, as comemorações da data. Folgo em registrar que há uma imensa diferença entre esses dois tempos.
O Portugal de agora é uma festa para os olhos e para a alma. Há um colorido especial, uma vida vibrante. Após queda do regime, o país se modernizou se abriu ao mundo e as cidades oferecem sempre aos visitantes um clima de festa com sabor incomensurável e provocando a vontade de retornar. Haja cravos para comemorar todos os dias. O país faz parte da União Europeia, ganhou progresso, desenvolvimento e se tornou um dos locais mais seguros da Europa, ganhando destaque como atrativo para os investidores internacionais e, de modo especial, um dos mais demandados pelo turismo internacional. Salve Portugal, salve a Democracia e haja cravos hoje e sempre. NOTA: Fotos ilustrações obtidas no Google Imagens.

quarta-feira, 10 de abril de 2024

Lição para não Esquecer

Durante a semana passada acompanhei com interesse de quem viveu a historia, as manifestações que relembraram o golpe militar de 1964. Com um abrir e fechar de olhos completa-se 60 anos. Parece até que foi ontem. Eu era muito jovem, pré-universitário, e dava meus primeiros passos de cidadania buscando “tomar pé” no mar revolto no qual me via mergulhado. Recordo bem aquele 31 de março, quando o rumo político do país sofreu uma brusca “virada-de-chave” conduzindo-o para um tempo de incerteza e escuridão. Vivia-se um mundo completamente diferente do que hoje experimentamos. Era um tempo pós-guerra ainda tentando se restabelecer do grande trauma da II GG, mas às voltas em conviver com outro conflito, não necessariamente bélico, que era a chamada Guerra Fria, sendo travada entre os Estados Unidos e a Rússia na disputa acirrada pela hegemonia politica mundial. Um conflito que, na prática, servia de pauta e apontava caminhos para muitas das sociedades em vias de estruturação ou revisão político-social, seja nos padrões socialistas soviéticos ou nos ditames capitalistas ianques. A América Latina era um dos terrenos mais cobiçados pelas duas partes litigantes. À época, por exemplo, os russos comemoravam a reviravolta politica operada em Cuba e a instalação do Governo de Fidel, permeado de ações que assustavam meio-mundo. A dupla Fidel Castro/Che Guevara e o Paredão Cubano eram temas diários no mundo Ocidental. Assustados, os Estados Unidos buscavam, apressadamente, meios de se proteger e de dominar o que eles sempre consideraram de seu próprio quintal. Quem viveu sabe o que aconteceu. Os ianques exerceram pressão político-econômica e o Brasil entrou nesse beco sem saida. Indiscutivelmente, uma História longa e cheia de capítulos eletrizantes, com rebatimentos graves, ainda hoje remoídos, no Brasil e nos vizinhos Argentina e Chile. Mas, não é o tema central desta postagem. O assunto mesmo é o Golpe Militar de 64, chamado pelos mentores e simpatizantes de Revolução. O movimento apanhou o país numa verdadeira encruzilhada politica, com uma sociedade perplexa face às situações desenhadas pelas polarizadas correntes progressistas e conservadoras reinantes.
Pernambuco, estado sempre atuante e líder, muitas vezes, em todo e qualquer movimento politico nacional foi apanhado pelo Golpe abrigando em seu sítio iniciativas vanguardistas e de princípios contrários às novas ordens dos militares no Poder. Daquela época, são sempre lembradas, entre outras, as Ligas Camponesas, orientada por Francisco Julião (Deputado Federal na época) – defensora do projeto de Reforma Agrária universal e benéfica à população carente e sofrida nas mãos dos grandes latifundiários – e o Movimento de Cultura Popular (MCP) de Paulo Freire e Luís Mendonça. Para completar, era Pernambuco local onde se instalava uma das maiores iniciativas de intervenção local do Governo Federal que foi a SUDENE – Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste, Agencia oficial de caráter regional, encarregada de promover o desenvolvimento socioeconômico regional, idealizada e dirigida por uma das mais brilhantes cabeças do país, que foi o paraibano Celso Furtado. Foram tempos sombrios e aterrorizantes. A ordem dos “poderosos” era aniquilar projetos e pessoas que de algum modo fosse comprometido com referenciais socialistas, de pronto rotuladas de comunistas. Muitas arbitrariedades foram cometidas, muitos inocentes e muitas inteligências foram sacrificadas. Extermínios de muitos e evasão (exilados políticos) passou a fazer parte do dia-a-dia do brasileiro comum. Todo mundo, em principio, estava sujeito às rigorosas ordens dos milicos.
Recém-admitido nos quadros de funcionários da SUDENE lembro bem do pavor que minha mãe alimentou ao ver na revista semanal O Cruzeiro uma matéria de capa que taxava a Agencia Regional de Gaiola Dourada com pássaros vermelhos. A censura à imprensa, a quebra de sigilo pessoal das correspondências e os agentes secretos nas universidades (apareciam de repente e sem prestar vestibular) e repartições públicas foram outras características do período. Ex-bolsista da USAID (United States Agency for Intenational Development) passei a receber pelo Correio, em 1968, publicações de autores norte-americanos, todos eles combatendo o regime comunista soviético e as doutrinas socialistas. Os títulos eram sugestivos para que um agente mal informado e inadequado no posto concluísse se tratar de literatura subversiva. O jumento do censor não percebia que cada livro trazia um carimbo ostensivo informando se tratar de cortesia da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil. Por conta disso fui tido como um elemento subversivo social e, desse modo, levado de camburão para prestar depoimento na Secretaria da Segurança Publica. Mais do que isto e, para meu desespero tive meu passaporte retido pela Policia, três dias antes da minha primeira viagem à Europa. Inocente, fui salvo pelo Delegado do SNI, na SUDENE, que colocou as coisas no correto lugar. Tive o passaporte liberado e fiz a sonhada viagem à Europa. Recordo, por ouvir falar, do caso de um famoso Professor de Direito, Glaucio Veiga, que ao ter a residencia invadida para uma vistoria viu seu longplay Romanticos de Cuba ser arrolado entre os itens subversivos encontrados! Ah! Não foi fácil viver aquele tempo. Foi uma lição para não esquecer. Fico, hoje, impressionado com o desejo de muitos brasileiros pregando uma tomada do poder pelos militares, a exemplo de 1964, em resposta aos desmandos e corrupções dos muitos que passam pelos gabinetes e corredores de Brasília, sem que façam ideia do risco que correm. Ora, meu Deus, existe soluções muito melhores do que esta. Por outro lado, fico pasmo diante dos afagos e benesses politico-financeiras outorgadas pelo atual Presidente, Luís Inácio Lula da Silva, a sanguinários ditadores latino-americanos principalmente Maduro, da Venezuela e Ortega, da Nicarágua, ao messmmo tempo em que se ocupa em fazer discursos em defesa da a Democracia. Só sendo piada de mau gosto. NOTA: Fotos ilustrações colhidas no Google Imagens.

Compromisso com a Verdade

Compromisso com a verdade tem sido lema deste Blog, desde sua criação em 2007. Infelizmente, algumas fontes de noticias, supostamente confiá...