domingo, 26 de maio de 2024

Falta Ética no ambiente da Tragédia

Tentei inutilmente mudar de assunto para esta postagem. Não estou conseguindo virar a chave. O drama dos gaúchos continua na minha cabeça a toda hora. Tudo leva a crer, também, ser devido ao fato de que tenho conversado com várias pessoas da área atingida e, dessa forma, não paro de receber noticias. Fico impressionado com os números das perdas e dos que são estimados com vistas à recuperação socioeconômica do estado. Além disso, é assustador acompanhar as notícias de que novas tormentas são anunciadas e que as águas não baixam. Porto Alegre continua alagada!(Foto a seguir). Uma cidade daquele porte e importância ficar submersa por tanto tempo chega ser inacreditável.
O aeroporto não tem data para voltar a operar. (Vide foto a seguir) Uma sociedade sitiada. Parece uma coisa sem fim. Há quem sustente a tese de que levarão ao menos vinte anos para que se recuperem e se execute uma devida reconstrução. Ou seja, uma geração! Posicionadas nos originais locais, ou erguidas noutros pontos, muitas serão as cidades que irão demandar investimentos astronômicos, que sequer rondam as cabeças dos potenciais executores. Na própria capital do estado, Porto Alegre, já se estima uma formidável soma de recursos financeiros, nunca dantes imaginados. O Governo do Estado pensa num volume inicial de R$ 19,0 Bilhões. Este montante, porém, não passa de uma bagatela face estimativas de profissionais urbanistas e economistas locais, vivendo o pleno clima da tragédia, que asseguram haver a necessidade de algo próximo aos R$ 92,0 Bilhões para que alcançem a total reconstrução do estado.
Esse tétrico cenário com visão de fim de mundo para quem está mergulhado nas águas invasoras (ou cobradoras dos seus espaços devidos?) enche os olhos aéticos de uma cambada de políticos oportunistas e, melhor dizendo, ladrões que já rondam o pedaço tal como “urubus na carniça” e de olho por "reservar" seu pedaço de interesse pessoal para atuar. Falta ética, em larga escala, nessa gente que briga com unhas e dentes pelo poder e encher os bolsos com muita grana de modo corrupto. Tenho tido noticias dolorosas. Fiquei abismado com o episódio do prefeito de certo município que, pensando na reeleição em outubro, surrupiou levas de donativos recebidos para distribuir entre os flagelados e escondeu, num lugar incerto e não sabido, para fazer uma distribuição em plena campanha. Registre-se que os donativos são de quantidades monumentais. Muitos países amigos estão desembarcando doações valiosas, além de recursos financeiros. Acredito mesmo que devido ao formidável volume de donativos e a complicada logística emergencial de distribuição, muita coisa irá para muitos dos tais lugares incertos e não sabidos. Ao mesmo tempo, já se tem como certo de que muitos desses que se apresentam como voluntários, defensores e executores de despesas com a reconstrução vão terminar ricos e felizes. Riquezas construídas sobre a desgraça de um povo que até então deu seu suor e seu sangue pelo engrandecimento do seu estado. Pobre população gaúcha. Bom lembrar que nessa população estão incluídos desde o simples operário, pequenos empreendedores, indo até o rico industrial que teve seu parque fabril atingido. E, claro, que o grande produtor rural que tanto orgulho vinha dando ao estado e ao país.
Uma coisa, por fim e a mais gritante foi ver o Senhor Presidente da Republica, bancando o salvador da pátria, resolver numa das mais absurdas manobras antiéticas e antirrepublicanas nomear um Secretario Especial para administrar as obras – entenda-se os recursos financeiros federais – da reconstrução do estado. Ora, isto é uma franca agressão à autonomia do Governo Estadual. Essa nomeação reedita a quase sempre abominável figura do Interventor Federal! Pior é saber que o interventor nomeado, nem vou registrar seu nome, é declaradamente um "pau-mandado" do PT e supostamente candidato opositor ao Governo do Estado numa próxima eleição estadual. Mais grave ainda é saber que a suposta bondade do governo petista é, na maior parte, dispensa de pagamentos de dívida do Estado ou repasse de verbas já programadas, que serão liberadas antecipadamente. Pode ser bom em principio, mas, tenha paciência precisará de muito mais. Resumo da ópera: o Governo Petista pode sair sem gastar muito e com injusta fama de que recuperou o Rio Grande do Sul. É lasca! Aguardemos esses discursos antiéticos no futuro porque eles são competentes neste oficio. E o Governo Estadual, com toda razão, reage às essas manobras antirrepublicanas, ao tempo em que se vê numa situação vexatória de disputar pro-atividade com quem sabe, como ninguém, bancar o “manda-chuva”. Pelo amor de Deus, onde vamos parar? NOTA: Fotos obtidas no Google Imagens.

10 comentários:

Cláudio Targino disse...

Li e não sei o que comentar diante tanta barbaridade

José Paulo Cavalcanti disse...

Subtítulo poderia ser “ A sagração da indecência “ . Parabéns, mestre Girley. Abraços lisboetas.

Guadalupe Mendonça disse...

Verdade , também fiz essa reflexão !

Nininha Brasileiro disse...

Realmente girley você falou o quê nós todos temos estamos sentindo o desrespeito dos políticos querendo se promover com sofrimento do povo do Rio grande do Sul é muito triste ver povo perdendo tudo o que construiu uma vida inteira e ter forças pra recomeçar

Gilberto Linhares disse...

Amigo Girley! Gostei e compartilhei com os amigos. Parabéns

Moisés Wolffeson disse...

Girley , parabéns ! Análise perfeita . O título poderia ser : A sagração de um Desgoverno l

Rosanilda Lucena disse...

Caro primo sua postagem condiz com a triste realidade do povo gaúcho uma tragédia sem limite e ainda tem muitos querendo se aproveitar da miséria do próximo .Que Deus tenha piedade dos nossos irmãos gaúchos.

Pedro Correia disse...

Extraordinário! Parabéns. Forte abraço

José Artur Paes disse...

Síntese perfeita, Mestre GB. Lamentável o desastre que se abateu sobre os irmãos Gaúchos. Deus os proteja.

Sarto Carvalho disse...

Amigo Girley
Concordo com você. Os larápios estão fazendo uma festa. Não é época de São João, mas, a quadrilha está dançando em todas as direções. Um abraço

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