Depois de um
verão escaldante, entramos na estação das chuvas que são bem-vindas para
aliviar o sufoco do calor que sofremos nesta última temporada. Contudo, ao
mesmo tempo em que se experimenta um clima mais ameno, as chuvas copiosas proporcionam
agruras e muito desespero para os que vivem nas grandes cidades do país. São Paulo,
Rio de Janeiro, Belo Horizonte e aqui no Recife vêm sendo registrados grandes
temporais e vendavais deixando estas, entre muitas outras cidades, em clima de
polvorosa e com saldos aterradores de desabamentos, soterramentos, enchentes,
feridos e mortos.
Nessas horas,
as autoridades, sobretudo os prefeitos municipais, são chamadas à
responsabilidade e, no geral, fazem suas defesas, com teses indefensáveis,
acompanhados dos seus proselitismos políticos sem a menor cerimonia. Sem falta
dos votos de profundo pesar às famílias atingidas. Sempre visando ao próximo pleito
eleitoral, porque afinal nenhum deles quer perder a boquinha de um cargo de
executivo.
Todo ano é
assim: caem barreiras, desabam prédios, rios sobem de níveis, canais
transbordam, avenidas viram cursos de água, veículos naufragam, desaparecem e
morrem pessoas e, por fim, se instala o clima de perdas e tristezas. Calamidade
geral. Até que o sol tropical volte a brilhar, secar e esquentar os terrenos,
ajudando a esquecer das tragédias. Promessas feitas sobre escombros, lanchas e
helicópteros salvadores são apagadas das memorias, na maior rapidez. A vida
continua, até que os dramas sejam revividos na invernada seguinte. Ah! Nesse
ínterim, uma desculpa vai logo sendo elaborada e passa obrigatoriamente pela
falta de recursos financeiros.
Na verdade,
recursos financeiros são escassos, mas, a rigor, não faltam. Faltam sim,
compromisso e responsabilidade administrativa dos burgomestres e governadores estaduais que estão muito mais
preocupados em aplicar os escassos recursos financeiros nas obras que lhe
rendam os créditos de votos nas urnas eleitorais da eleição seguinte.
O Recife,
por exemplo, é uma cidade cortada por rios, riachos, córregos e muitos canais. Foi
erigida sobre manguezais. Administrar essa rede hidrográfica pode ser complexo.
Mas, não impossível, visto que se faz necessário. Outro dia, escutei de um funcionário
da Prefeitura algo estarrecedor. Disse-me ele que o transbordamento de um canal
até ajuda na limpeza da cidade. Explicou que a sujeira do transbordo se espalha
pelas vias públicas e o serviço de limpeza aproveita e leva as tralhas que se
espalham. Ora, minha gente, se o transbordamento já se deu em face da sujeira
acumulada no leito do canal, como entender essa “estratégia”?. Deve ser, assim mesmo,
no Recife, no Rio de Janeiro, em São Paulo e alhures.
Pensando com
uma visão mais elástica, esse problemão urbano brasileiro é um desajuste em
cadeia. A população, sem educação e orientação, joga todos seus dejetos e descartáveis
imagináveis nos cursos d´água, a Prefeitura não os colhe porque o dinheiro é
curto e o serviço de limpeza urbana é parcial e ineficiente. As estações de
bombeamentos são inoperantes! A chuva vem, inunda e está feito o estrago,
antecedendo uma ainda maior que é a insalubridade. Leptospirose, hepatites,
febre tifoide e dengue são algumas das enfermidades que grassam nas populações atingidas.
E não tem prefeitura que segure o tranco. Pobre brasileiro.
O temporal
que caiu no Recife, ontem (12/4/19) foi o retrato dessa vergonha. Minha rua,
situada num dito bairro nobre da cidade, se transformou num grande rio. Como
não dispus de uma lancha ou carro anfíbio fiquei retido em casa até que o “rio”
secasse. A maioria das artérias da cidade ficou submersa em poucos minutos. Até
altas horas havia avenidas tomadas pelas águas. Enquanto esperei que o “rio” da minha rua baixasse,
assisti pela TV um drama semelhante que viveu o Rio de Janeiro, atingido por
vendavais contínuos durante a semana e amargando um desabamento de prédios que tirou
vidas e feriu varias pessoas. Pobre povo brasileiro. Pobre povo recifense que
está à mercê de uma Prefeitura que vive na esteira do se manter no poder, a qualquer
custo, e não cuida bem da cidade. Segura, meu Povo!
Nota: Foto da autoria do Blogueiro
O rio dos Aflitos (Recife) |
Nota: Foto da autoria do Blogueiro
4 comentários:
Puxa CARÍSSIMO VISCONDE BRASILEIRO a propósito do blog:Opinativo Informativo e de grande repercussão. MTO INTERESSANTE. Receba o meu mais carinhoso abraço de Parabéns. Matéria Perfeita.
Recurso tem mais são desviados.
No que pese os desvios de verbas e a incapacidade administrativa dos governos, penso que o principal algoz esta história é o próprio povo, pelo voto que damos para eleger estes montes de lixo e desonestidade e pela falta de educação familiar e acadêmica.
Grande Mestre Girley, como se não bastasse a desordem do poder público - muito bem denunciado por você nesta postagem - ainda temos o fato do nosso Recife ficar ao nível do mar, colaborando para tantos alagamentos. Mas, a foto da sua rua lembrou-me VENEZA que, como sabes, vive sobre alagamento. Parabéns pelos alertas e críticas construtivas à esse governo que desmoraliza o seu próprio slogan ==> Geraldo que faz... Abraços molhados.
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