Venho acompanhando, pelas mídias disponíveis, esse dramático episódio do assassinato
da Vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes, no Rio de Janeiro.
Nunca havia ouvido falar do nome dela. Certamente era mais conhecida naquela
cidade. Acredito, mesmo, que se tratava de uma ilustre desconhecida no restante
do país. Mas... De repente, explode no Brasil, uma comoção generalizada sobre o
ocorrido e, claro, a repercussão avassaladora que causou dentro e fora do nosso
território. Claro que é abominável qualquer tipo de crime dessa natureza e,
ainda pior, quando se configura como sendo uma execução encomendada. Com razão tanta comoção. Está claro que foi um atirador experiente contratado para dar cabo à
vida de alguém marcada e que incomodava muito, como foi o caso dessa
parlamentar. Teria sido apenas um número a mais nas estatísticas sangrentas do
dia-a-dia carioca, como foi o caso de uma médica colhida pela morte através das
mãos de bandidos sanguinários, na mesma semana e mesma cidade. Mas, não. Ela
deixa de ser apenas mais um numero, pelo currículo político que ostentava,
resultando numa consagração beirando a imagem de mártir política naquela cidade.
O que mais
me impressiona, contudo, é o fato de como esse caso foi capitalizado pelas forças
políticas – direita e esquerda – cada vez mais exacerbadas e rachando em duas
bandas uma sociedade carente de soluções apaziguadoras. O radicalismo político
parecia já estar esperando um episódio como este para destilar o ódio que
acumulam ao longo desses últimos anos. Adversários passaram a ser inimigos
ferrenhos, esquecendo o objetivo maior que é o bem da Nação. Não apenas os
cariocas, mas, os brasileiros como um todo clamam pela paz social perdida.
Marielle Franco e Anderson Gomes |
Entrementes,
à medida que o caso vem sendo investigado, destilaram-se, particularmente nas
redes sociais, noticias das mais contraditórias a respeito da vereadora
assassinada. Os seus correligionários insistem que se trata de um crime
político praticado pelas forças militares instalados no estado do Rio, via
Intervenção Federal. Ao mesmo tempo, os opositores garantem que foram
criminosos integrantes de facções de bandidos que se digladiam nos subúrbios da
cidade, para os quais a vereadora e seu partido político (PSol) prestava e/ou
prestam relevantes serviços assistenciais. Afinal, onde reside a verdade?
Infelizmente, tem sido sempre assim, nos anos recentes, aqui no Brasil. A
sociedade e os eleitores, inclusive neste crucial ano de eleições gerais, veem-se em
estado de perplexidade coletiva sem achar um Norte que lhes aponte um caminho
seguro.
Curioso e
até espantoso é que, ao mesmo tempo, uma tremenda onda de difamação contra a
parlamentar se espalhou nas redes sociais, de tal ordem e dimensão que fica
difícil separar o joio do trigo e entender quem foi, de fato, essa desconhecida
senhora. Mulher, negra, lésbica, favelada ou ex, política, militante aguerrida,
entre outros atributos pessoais, foram elementos exploradas que compuseram a “farra”
dos seus opositores e a transformaram na figura mais ignóbil e noticiada,
nos últimos tempos, no Brasil.
Ora, meu
Deus, façamos uma pausa para refletir um pouco sobre o ambiente no qual essa vereadora atuava, isto é, o temeroso estado do Rio de Janeiro que, infeliz e ironicamente, está
mergulhado no pior momento da sua história. Quebrado financeiramente, desgovernado,
situação reconhecida publicamente, inclusive pelo seu próprio governante, pediu
e continua pedindo socorro aos poderes federais. Socorro urgente! Portanto,
nada mais certo do que aportar com essa ajuda. Agora, aproveitar a situação de
comoção coletiva que se instalou e condenar a chegada das forças federais para
promover a ordem é no mínimo insano, da parte desses políticos de esquerda. Ora, se
o Governo que eles elegeram declarou-se fracassado em governar, a quem pedir
socorro? Claro que é, sem dúvida, uma estratégia arriscada, desafio formidável para o Governo Federal e
principalmente para o Exército como falei, aqui, algumas semanas
atrás. Penso que o que resta aos cariocas, e principalmente aos políticos
locais é apoiar, unidos, essa estratégia extrema. Questão de vontade política e
amadurecimento democrático.
Sabe do que mais, sem mais
argumentos para tecer outros comentários, encerro considerando fundamental que se
esclareça esse crime da vereadora para o bem da operação militar instalada. Foi mais um, sim. Milhares de outros estão sendo cometidos a
toda hora nas redondezas da Cidade Maravilhosa. É aterrador. Que punam os
criminosos e o Brasil fique sabendo da verdade. Inclusive, que o Brasil fique bem nas fotos que o mundo está produzindo em serie. Oxalá, sem radicalismo político e com justiça social. Pode ser utopia e eu
sei. Mas, não custa nada pensar assim.
NOTA: Fotos obtidas no Google Imagens
NOTA: Fotos obtidas no Google Imagens
8 comentários:
Me gusto tu artículo, pero yo pienso q los militares no son policías, las fuerzas armadas fueron creadas y así son adiestradas para defender al pueblo del enemigo exterior. Jamás deben atacar a su pueblo.
Susana Gonzalez
Muito bem Susana Gonzalez. Infelizmente alguns brasileiros não pensam assim e vivem clamando por uma ditadura!
Ina Melo
Muito bom seu comentário disse tudo e o que realmente falta é união e propostas sérias para que esta investigação chegue a um final esclarecedor prendendo os culpados pelo duplo homicídio.
António Carlos Neves
Infelizmente, não creio que essa intervenção federal irá acabar com a profunda penetração do poder paralelo de marginais, contrabandistas e contraventores de toda natureza no Rio de Janeiro. Trata-se de um problema de longos anos, sedimentado pela complacência dos governantes cariocas, desde da época de Leonel Brizola. Agora lá vem os interventores pedindo bilhões de reais ao Governo Federal para resolver o problema, num momento em que o Governo tenta administrar um deficit histórico. Enquanto esperam a grana para agir, a Globo tem mostrado, ao vivo e a cores, bandidos agindo abertamente e a população acuada, vítima da falta ou incompetência do policiamento. Só mesmo rindo (!)... E pensar que Temer está investindo nisso pra melhorar sua imagem antes de lançar sua candidatura à Presidência! Agora, felizmente, a ONU está entrando no circuito de cobranças, pedindo providências urgentes, esclarecimentos sobre as mortes da vereadora e do seu motorista. Deus queira que possamos superar esse caos, inclusive em nome da preservação da Democracia.
Para mim foi um crime político.
Danyelle Monteiro
Parabéns, muito atual e verdadeiro.
Ricardo Rego Barros
Tu comentario tiene puntos interesantes para discutir, lo que me asombra es que mataron a una dirigente política en un país democrático, después de esto es dificil hablar de la represión en Venezuela (no concuerdo con lo que pasa en Venezuela), ojo con la vara, cariños.
Susana Goldberg (Argentina)
Pienso que cuando se empieza a matar a políticos como era esta mujer, que ni siquiera era muy conocida pero que ahora es noticia en todas partes, no sólo es una pésima señal del descalabro social, sino que una puerta para que algunos “cabeza caliente” crean que es el mejor camino para resolver sus problemas, por ende gente como el juez que persigue a los grandes corruptos está en serio riesgo de ser asesinado. Y al final, todo termina con un golpe de estado. Y eso sería una verdadera tragedia no sólo para Brasil sino para todo el continente!
JST (chile)
Postar um comentário