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Mas, o mais significativo do atual processo eleitoral são os recados do eleitorado quando fluidos das urnas. Uma primeira constatação é que, indiscutivelmente, o cidadão de bem deste país está cansado de tantas irresponsabilidades geradas pelos nossos recentes governantes. Irrelevante historiar, aqui, passagens recentes de decepções, escolhas erradas, corrupções e a falta total de esforços por uma união democrática pelo bem da Nação. O país está farto de noticias a respeito. A constante observada é a luta pela manutenção do poder. Este é o concreto objetivo de cada corrente politica seja esquerda, direita ou o famoso Centrão. Resulta que não há país que avance social e politicamente num ambiente corroído como o que agora vivemos. O dinheiro publico se esvai de modo irresponsável e sem que haja um Programa de Governo consistente e honesto. Falta de um tudo. Segurança, Saude publica, Educação, Desenvolvimento Tecnologico, Infraestrutura, fora a inflação que vem sendo observada, as ameças de novos impostos, juros estratosféricos, desemprego e por ai vai...
Outro recado importante, senão o mais importante, a ser anotado é o fato de que o PL, do ex-presidente Bolsonaro vem alcançando imenso sucesso no atual processo. É notável verificar que, no primeiro turno, o partido (PL) comemorou vitórias em seis capitais estaduais e, agora, volta a participar de modo significativo nas quinze disputas remanescentes. Obvio que se trata de uma mudança expressiva que reflete a opinião popular sobre o Partido dos Trabalhadores (PT) liderado pelo Presidente Lula. Ora, o que está acontecendo? O PT e o Palácio do Planalto já acenderam o sinal amarelo e perceberam que não anda agradando como confiava. Numa das mais importantes, provavelmente a mais relevante, é a disputa no município de São Paulo. Lá, o atual Prefeito, Ricardo Nunes (MDB), que não foi nenhum sucesso no exercício do cargo, briga com um afilhado do Lula, candidato do PSOL, Guilherme Boulos que não recolhe muita popularidade no eleitorado, devido sua ficha de invasor de propriedades privadas e agitador compulsivo. Situação difícil para a esquerda que corre o risco de afundar nas eleições periféricas como são os pleitos municipais. Tudo leva a quer que o PT exagerou no seu otimismo. Recuperar a situação será certamente muito difícil. Como sempre digo, é no município que um partido planta seu sucesso. Houve, portanto, um descaso.
Outras capitais e cidades de porte médio entram na disputa e os recados que se esperam são tão importantes quanto os já constatados. Que o eleitorado seja previdente e transforme sua responsabilidade num passo de sucesso coletivo. Cada eleição é uma nova oportunidade de corrigir um erro do passado. O Brasil espera o sucesso democrático, ainda que tardiamente. Há sempre a esperança. NOTA: Foto ilustração obtida no Google Imagens.
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sexta-feira, 25 de outubro de 2024
Recados das Urnas
Para alivio nacional o processo eleitoral deste ano está chegando ao fim. Muita coisa rolou e muitos recados foram dados pelos eleitores. Em alguns lugares os trabalhos já foram encerrados, como no Recife, com a reeleição do atual Prefeito com vantagem histórica de 78% dos votos. Cumprindo a legislação eleitoral, entretanto, 51 municípios brasileiros, incluindo 15 capitais, as disputas continuam e as repercussões são das mais diversas. A Lei determina que todo município acima de 200 mil eleitores está sujeito a um segundo turno. Resultado é que nesses 51 municípios, adversários políticos se enfrentam, diferenças intra e interpartidárias mal resolvidas se exacerbam, agressões físicas e, até, criminosas são praticadas e o país se transforma, numa boa parte, numa verdadeira avalanche de intranquilidade. Como de se esperar, a polarização Lula versus Bolsonaro ganha maior evidencia e as análises sobre os futuro da Nação se rebatem de modo potencial. Aqui em Pernambuco apenas dois municípios, Olinda e Paulista, trazem o processo até o próximo fim de semana. Curiosamente, dadas suas localizações, na Região Metropolitana do Recife e, mais do que isto, municípios limítrofes, as campanhas ultrapassam as fronteiras municipais e boa parte do Recife entra em clima de eleição. A cata de eleitores extravasa e os bairros das vizinhanças vivem momentos de dúvidas quanto aos discursos de cada candidato. A coisa se torna mais flagrante quando os padrinhos de alguns candidatos, entre os quais o Prefeito (Reeleito) do Recife, João Campos (PSB), e a Governadora Raquel Lira (PSDB), sobem em palanques dos dois municípios inflando a visível disputa pela conquista de espaço com vistas ao futuro. Não raro surgir eleitores na multidão prometendo votar num dos dois. Diz o ditado popular de que “quem é coxo, parte cedo!” É isso ai. 2026 está mais próximo do que imaginamos. E, desse modo, o Brasil não para de realizar eleições.
quinta-feira, 19 de setembro de 2024
Volta às Urnas
Os palanques das ultimas eleições, praticamente, continuam montados e já estamos diante de um novo pleito eleitoral. As campanhas estão nas ruas e de modo intenso nas populares redes sociais do mundo virtual. Coisas da democracia. Rolam fortunas e discursos inúteis que, ao final das contas, agridem as consciências individual e coletiva. Nunca se viu ou se ouviu tantas asneiras e despautérios neste Brasil afora e agora. Tem de tudo. Desde desrespeitos pessoais quanto agressões físicas entre adversários. Além da cadeirada desferida por um candidato contra outro, ao vivo e a cores, em rede nacional, causando uma repercussão internacional, milhares de outras atrocidades são perpetradas, incluindo assassinatos. Segundo o IBGE são 5.570 municípios brasileiros que se mobilizam na busca de renovar seus executivos e legisladores locais. Uma cancha ilimitada para uma imensa diversidade de estratégias e manobras pela conquista do voto nas urnas, a depender, inclusive, da cultura e do poder dos mandachuvas que se perpetuam por gerações.
Precisamos estar conscientes de que estas próximas eleições, por serem as locais (municipais) exigem ser interpretadas como as mais importantes para o cidadão consciente, entendendo que uma eleição municipal é a fundamentadora da participação democrática de uma nação organizada em termos de liberdade e escolha dos seus dirigentes. Uma escolha popular bem pensada resulta num espaço consolidado e mais resistente para sustentabilidade da sociedade. O brasileiro comum precisa ter em mente que o município é a célula da Federação e é nela que reside a base da cidadania. Não compreendo uma sociedade sã sem um ambiente adequado ao bem-estar, segurança e tranquilidade na sua base espacial. Numa eleição municipal elegem-se, supostamente, representantes encarregados de cuidar, de perto, do cidadão e das famílias. Isso me parece ser fundamental. Portanto, uma má escolha – que não raramente ocorre neste país – resulta numa sociedade defeituosa desde sua raiz e incapaz de participar de modo adequado e justo nas escolhas superiores que, em tese, se encarregam de construir uma Nação forte e consolidada.
Do alto da minha experiência de vida, vejo outra vez que corremos o risco de ver saindo vencedores desqualificados e sem maturidade politica – muitos desses conquistando votos por meios desonestos – e, por isso mesmo, desabilitado para liderar ou representar de modo ideal seu povo. O exemplo mais flagrante, dessa vez, tem sido a disputa da Prefeitura do município da cidade de São Paulo, a maior cidade brasileira e onde tudo acontece. A maior cidade da América do Sul sendo disputada por candidatos visivelmente despreparados e que, sempre que haja uma oportunidade, “debulham” ofensas e desacatos, uns contra os outros, deixando o eleitorado em clima de perplexidade e duvidas. Por outro lado, não raros são os candidatos que, aparentemente, se expõem na intensão de “bagunçar o coreto” e fazer troço do processo eleitoral. Lembro-me de dois casos inadmissíveis, como o da candidatada a vereadora, Paula Camargo, de Rio Pardo (RS) que teve de apagar o jingle de campanha “Paula Dentro” e os candidatos a Prefeito e Vice, da cidade de Aparecida do Taboado (MS) (Fotos a seguir).
Diante do quadro descrito, caro(a) (e)leitor ou e(leitora) seja exigente, na hora da sua escolha. Não se encante com os belos olhos de um(a) candidato(a), com os discursos demagógicos ou com o padrinho que o(a) empurra. Ao invés disso dê um voto seguro, consciente e racional. Tenha em mente a sustentabilidade do coletivo sofrido que habita sua cidade. E nunca esqueça que o Brasil precisa de uma base politica municipal mais digna e disposta a defender o porvir nacional.
NOTA: Fotos obtidas das redes sociais.
quinta-feira, 12 de setembro de 2024
Cenas Hilárias
Nada melhor do que uma boa risada. Ainda que em momento episódico não seja cabível, passado o momento fica impossível segurar. Bom mesmo é que ocorre muitas vezes na vida.
Recordo de muitos momentos hilários vividos ao longo da minha vida. Hoje, por exemplo, dei boas risadas lembrando-me de uma das passagens mais impagáveis que presenciei na minha infância. Eu devia ter, no máximo, dez anos de idade. Faz muito tempo, muito embora para mim parece haver sido ontem. Questão de boa memória. E memória de infância é forte.
Meu finado pai era um homem caprichoso, correto em tudo e visceralmente ético. Minha mãe dizia sempre que ele havia nascido com vocação de “consertar o mundo”, coisa que a ela não parecia ser um bom negócio. Lá pela metade dos anos 50, ele comprou uma casa para nossa moradia numa região de expansão imobiliária, entre os bairros da Tamarineira e Rosarinho, aqui no Recife. Lembro que fomos os primeiros moradores a chegar naquela rua que ainda se desenhava timidamente. Nessa época, era ainda uma artéria desprovida de tudo quanto desejado a uma vida urbana confortável. A rua não era calçada, o lixo só era recolhido quando se reclamava no Departamento de Limpeza Urbana da Prefeitura e não havia iluminação pública. Foi muita coragem e dureza para enfrentar, por bom tempo, aquela precariedade, em meio a novas construções e novos vizinhos. Ocorre que, enquanto o progresso não chegava, a região se tornou um paraíso para os donos do alheio. Os ladrões daquela época, mais conhecidos como ladrões de galinha – bem diferentes dos mais populares de hoje em dia – não davam descanso aos novos moradores daquele pedaço da cidade. Do nosso quintal roubaram galinhas, roupas na corda, vasos de plantas, mangueiras de regar o jardim, vassouras, entre outras miudezas. O que se deixava à vista, já era. Cansado de tantos roubos no seu próprio domínio, meu pai, numa decisão radical, resolveu, durante um período de férias a gozar, dar uma de “guarda noturno” e espreitar a chegada dos larápios. Contra a vontade da minha mãe lá ficou ele, durante um mês, trocando o dia pela noite. Passava noites de prontidão numa cadeira de balanço, revólver em punho e porta somente no trinco, esperando a hora do gatuno atrevido aparecer. Foram noites a fio. Minha mãe, talvez sentindo falta do aconchego no leito, insistia para que abandonasse aquela missão insana e num mês de férias. Ora, meu Deus, que coisa mais bizarra, havia de ser pensamento da minha mãe.
Os dias foram passando e as férias já atingia a metade do tempo quando, num amanhecer chuvoso da graça de Deus, nosso “vigia” meio sonolento escutou o barulho do ferrolho do portão de entrada sendo acionado e logo em seguida a maçaneta da porta principal de casa sendo movida. Prestou não. Com uma raiva “da gota serena”, como se tinha antigamente, meu pai abriu a porta e agarrou com unhas e dentes o sujeito que ele esperava por tantos dias. Foi pontapé, socos, palavrões de toda espécie e o maior alvoroço nos terraços de casa. Eu meti os pés da cama, assustado com a confusão, dando de cara com aquela cena, ouvindo meu pai a praguejar agarrado ao cara. Uma coisa curiosa e divertida é que, quando estressado, meu pai ficava gaguejando e naquela ocasião recordo dele gritando “te pe...peguei seu sas...sacana! Seu filho de uma pa...puta”. Ao mesmo tempo, o tal ladrão gritava e chorava pedindo socorro com medo de morrer de uma bala. Bala que não houve porque não era para acontecer mesmo. Minha mãe, por sua vez, agarrava meu pai pelo pescoço, pelos braços e por onde podia, pedindo calma. Apavorada com a situação, minha mãe logo percebeu se tratar de um lamentável equivoco e buscando estabelecer a verdade alertou meu pai, dizendo “homem de Deus, tu não estás vendo que este moço só veio aqui nos trazer o pão da manhã!” o entregador de pão era uma figura social importante daquela época. Foto abaixo. Foi, então, que entendi a quantidade de pães espalhados pelo chão. Acalmar meu pai e fazê-lo ver o equivoca cometido não foi fácil. Àquela altura dos acontecimentos vários transeuntes já paravam diante de casa atraídos pela confusão e, naturalmente, morriam de rir com o ocorrido. Nos dias seguintes meu pai não podia sair pela redondeza sem ter de contar essa aventura. Naturalmente que provocando gargalhadas. Ele próprio se divertia com episódio. Eis aí uma cena hilária.
NOTA: Foto ilustração obtida no Google Imagens.
domingo, 1 de setembro de 2024
Os inocentes pagam pelos pecadores
Nesta Sexta-Feira (30/08), postado confortavelmente diante da TV, taça de vinho ao alcance da mão e a bordo da minha poltrona favorita, apreciava, num canal de noticias, o desenrolar da treta Xandão versus Musk. Chocado e perplexo com tanta imaturidade e imperícia politica do nosso Magistrado pus-me, modestamente, a avaliar as consequências internas e externas da medida em que resultou a refrega internacional, quando fui surpreendido com um repórter em edição extraordinária dando conta do desabamento do teto do Santuário de Nossa Senhora da Conceição no alto do morro, de mesmo nome, na zona norte do Recife. Chocado levantei-me e apurando os ouvidos passei a escutar o noticiário. As primeiras notícias já traziam informações dramáticas das ocorrências de mortos e inúmeros feridos. Se, no primeiro caso, encontrei motivos de lastimar, dadas as repercussões negativas de âmbito internacional do Brasil, no segundo, de caráter tão doméstico e tão próximo da minha posição geográfica, fui tomado de compaixão daquela gente humilde e carente que se viu, num instante e sem explicações, sob os escombros de um imenso telhado destroçado. Conheço bem o local. Sou católico e devoto da Senhora da Conceição desde jovem. Anualmente, durante os festejos do 8 de dezembro, subo o morro para louvar e orar. É um local belo, onde o povo se mistura e mostra o colorido raiz da real sociedade brasileira. Além do santuário que desabou, há uma imagem monumental de Nossa Senhora, vide Foto a seguir, aos pés da qual os fiéis se desdobram em enaltecer, orar e pagar promessas, acendendo velas, amarrando fitas bentas na grade de proteção da imagem e pedindo graças.
Cumprido o lado religioso, o povão aproveita o lado profano que se esparrama morro abaixo fazendo uma comemoração festiva e rica e traços folclóricos. É sempre uma oportunidade de sentir o pulsar de uma camada social que não perde a chance de expressar a fé e suas manifestações culturais, alheia aos altos e baixos da “montanha russa”, chamada Brasília, que conduz os dirigentes nacionais, cada vez mais tontos e desorientados. O tempo foi passando e as noticias pormenorizadas foram chegando e dando conta da situação do desastre. Senti um nó na garganta ao tomar ciência de que as vitimas do desabamento estavam no templo a fim de receber cestas básicas, distribuídas a cada fim de mês. Doloroso. Na busca do que comer alguns perderam a vida e muitos saíram feridos. Triste situação. Por que acontecer justo num momento de exercício da solidariedade? Como falei outro dia, a vida é um sopro! Deus nos prepara momentos de desafios para os quais buscamos explicações somente encontrados na Fé. A tarde da sexta-feira avançava e outra noticia deixou-me estarrecido: o teto do Santuário desabou devido ao peso de inúmeras placas para captação de energia solar, recentemente instaladas. (vide foto a seguir)
Aí a coisa mudou de figura. Mais revoltante claro! Ora, meu Deus, quanta irresponsabilidade profissional! É isso que falta neste Brasil de hoje. Não canso de denunciar neste humilde espaço. Será que não houve uma devida inspeção de engenharia civil antes dessa instalação? Francamente. Eis aí um exemplo revoltante da onda atual de irresponsáveis profissionais que se multiplicam país afora e cometem todo tipo de insanidade. São profissionais mal formados e descomprometidos com o próximo e com a sociedade. Erros de engenharia, erros médicos, erros políticos e, enfim, erros de todas as espécies, nos mais distintos campos de atividades, sem que as autoridades competentes enxerguem ou tomem providências cabíveis. Há uma miopia generalizada! Estamos construindo uma sociedade tosca e sem referenciais éticos como sonhamos no passado. Infelizmente temos lideres que mais se preocupam em se manter no poder do que tratar da ordem e do progresso social como aconselha o auriverde pendão. Sob as ordens de Xandão e dependendo dos milhões de profissionais mal formados, os inocentes pagam pelos pecadores. Até quando? A proposito do desastre, o chargista do Jornal do Commercio do Recife, abriu espaço e publicou a ilustração a seguir que reflete a dor do povo pernambucano, neste fim de semana. NOTA: Fotos obtidas no Google Imagens e no Jornal do Commercio do Recife.
segunda-feira, 26 de agosto de 2024
Democracia, onde estás que não te vejo?
Tem sido impossível manter o propósito de evitar a pauta de ordem politica no Blog. A dinâmica dos desmandos e as atitudes antidemocráticas que se multiplicam, ao nosso redor, conduzem a uma única saída que é a do protesto. Noutras palavras, quem cala consente! Até quando a Democracia será tratada com tanta vileza e aos olhos e ouvidos dos seus naturais defensores. Mais que isso e tristeza dolorosa é vê-la sendo usada como máscara de regimes autoritários e massacrante aqui, ali e alhures. Sexta-feira passada, amanheci lendo uma das páginas mais bem escritas, em defesa da Democracia (D maiúsculo) assinada pelo ilustre jurista pernambucano, Dr. José Paulo Cavalcanti Filho, (ex-Ministro da Justiça), no Jornal do Commércio, do Recife, no qual, de modo competente, fundamentado e didático joga luzes sobre as arbitrariedades que vêm sendo cometidas pelo Superior Tribunal Federal - STF do pais, sob o titulo de Sobre os Ritos do STF e a Nossa Voz. Ao final da leitura, que bateu forte na minha consciência de cidadão republicano, decidi repercutir neste post, fugindo assim do tal proposito mencionado. Indiscutivelmente, já passa da hora de usarmos da nossa voz e do nosso poder de cidadão real defensor da Democracia e não dessa coisa do “faz de conta” que se pratica no Brasil de agora e com pretensões claras de se perpetuar. Cavalcanti alertou, com realce e que destaco, para um dos mais absurdos atos que vêm sendo corriqueiramente praticados pelos nossos ministros superiores que é o da decisão monocrática. Segundo o articulista, este é o único tribunal superior do mundo que admite esse tipo de decisão, muito embora o Art.97 da Constituição Federal reze que “somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros... poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei”. Em tom desafiador, Cavalcanti pergunta: “Por que fazem, sabendo que não podem fazer?” engrossando, assim, o coro dos que acompanham e denunciam os desmandos de um Poder que existe para preservar e fazer valer os termos da Constituição Federal. Enfim, tanto Cavalcanti, quanto qualquer cidadão que tenha noção dessas anomalias que se praticam no atual STF, há de registrar o lamentável distanciando que se cristalizam dos verdadeiros referenciais de uma sociedade democrática e com bases republicanas. Pobre Brasil! Democracia, onde está que não te vejo?
Se o “faz de conta democrático” é uma preocupação para muitos brasileiros, o que dizer da situação desesperadora que vive o povo venezuelano? Não obstante, a repercussão internacional negativa do resultado proclamado das eleições de 28 de Julho passado, o Ditador Nicolás Maduro – que garante ser um democrata – dá uma de “tô nem aí” se mantendo firme e forte no comando da nação vizinha, principalmente após a ratificação da sua “vitória” pelo Tribunal Supremo de Justiça – TSJ, ao longo da semana finda. Os protestos populares se repetem, mas, temo que percam a força inicial porquanto a opressão policial sufocante das forças do Ditador se intensifiquem, como se vê noticiada pelo mundo afora. O Brasil (!) e a Colômbia não reconheceram a vitória de Maduro e se mantêm naquela de cobrar as atas emitidas nas sessões eleitorais, a serem submetidas à uma auditoria internacional. Como visto, se trata de uma demanda radicalmente negada pelos órgãos dos poderes venezuelanos – Conselho Nacional Eleitoral (CNE) e Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) – manobrados pelo Ditador e, consequentemente, sem independência e imparcialidade. Esse rolo ainda promete. Democracia, onde estás que não te vejo?
Subindo, um pouco acima da linha do Equador, mais um Ditador dá as ordens com mão de ferro (e ferro quente!) na pequena Nicarágua. Daniel Ortega, de herói nacional no passado se tornou num dos mais sanguinários ditadores que se tem conhecimento. Ele governou na década de 1980, após uma vitoriosa revolução sandinista e desde 2007 regressou ao poder sempre sendo reeleito por votações nunca reconhecidas pelos Estados Unidos e União Europeia, além de inúmeros organismos internacionais. Em 2018, após protestos contra seu regime ditatorial, Ortega incrementou seu “arsenal” jurídico e massacrou a população resultando em mais de 300 mortos, segundo as Nações Unidas. Agora, na segunda-feira (19) passada, o Ditador, através do seu Ministério do Interior cancelou registros jurídicos de, aproximadamente, 1.500 ONGs e avisou que vai confiscar suas propriedades. Ora, esse regime está apertando e a pressão esquenta ainda mais. Segundo o UOL, foi o maior fechamento em massa de organizações que, somadas com anteriores, já chegam ao total de 5.100! Detalhe importante a destacar é que as organizações fechadas são principalmente religiosas – as mais perseguidas por Ortega – associações de caridade, desportivas, indígenas, ou as ligadas ao regime sandinista. Fiquei pasmo ao tomar conhecimento de que, entre essas cassações foram incluídos os clubes de Rotary nicaraguenses. Francamente. Ai, pergunto: Democracia, onde estás que não te vejo? NOTA: Ilustração obtida no Google Imagens.
terça-feira, 20 de agosto de 2024
A vida é um Sopro
Quando criança, uma das minhas rotinas semanais, tardes de sábado, era frequentar a Escola de Catequese que funcionava na capelinha da Pequena Cruzada de Pernambuco, localizada no bairro da Tamarineira, aqui no Recife. Era divertido. Além do catecismo, havia recreação e lanches apetitosos. Desse tempo, guardo uma memória que sempre me deixou curioso e, até mesmo, intrigado ao lembrar-me que as catequistas que se revezavam nunca perdiam oportunidade de narrar, com muita segurança, que Deus, quando criou o mundo em sete dias, transformou – com um sopro – um boneco de barro dando origem ao primeiro ser humano (Adão?) e de uma costela dele criou a mulher (Eva?). Ouvindo aquilo, sempre imaginei a dor que o sujeito sentiu. Essa historia do sopro era um mistério danado na minha cabeça de criança. Nem preciso dizer que tentei dar uma de Criador – não sei se com respeito ou medo – soprando um boneco de barro que engendrei nas bandas de Fazenda Nova (PE), durante as férias, na casa dos meus avós. Acredito que fiquei decepcionado ou aliviado, com o resultado. Sei lá... Depois que cresci e que tomei conhecimento das origens e evolução do ser humano, o Homem de Neandertal etc, e tal, senti no intimo algum alivio. Saudades do inocente que fui e dos tempos bons de criança. Passou...
Curioso é que essa ideia de sopro povoou, de repente, minha cabeça de cidadão idoso, nesses últimos dias, diante de episódios que foram noticias em todas as mídias do país. O acidente aéreo no interior de São Paulo e as mortes repentinas de conhecidos levaram-me a concluir que a vida é um sopro.
Acidentes acontecem de modos dos mais diversos. Seja lá como seja, a realidade é dura e cruel. Um acidente aéreo, como o da semana passada, é sempre muito comovente, dado o número de vitimas que provoca. Acompanhei com imenso pesar todas as reportagens da tragédia e senti como se fossem pessoas conhecidas. Habituado a voar por toda minha vida e tendo filhos que vivem no ar (um deles viajou, dia seguinte, numa aeronave idêntica ao do acidente em São Paulo e outro já voou, até poucos meses, mais de um milhão de quilômetros), batem forte na minha cabeça de pai e avô dedicado. Dói-me lembrar que, como num sopro, aquelas pessoas que faleceram no acidente sentiram, seguramente e com pavor, o fim da vida num instante. Assim como num sopro. Simples e doloroso. Quantos sonhos e projetos foram deletados naquele sopro. O que dizer do jovem casal que se dirigia a um longo estágio num país da Europa? E do casal de idosos que iam visitar um neto recém-nascido no Rio de Janeiro? Da professora que retornava de uma missão no interior paranaense? Não há respostas! Muito difícil de entender. Falha humana é o que alguns dizem. Nesses casos a culpa tende ser sempre do piloto. Maldade. Foi desse modo que concluíram o processo sobre o avião da Air France que mergulhou na costa brasileira, anos atrás. O profissional, por mais competente que haja sido considerado em vida, termina sempre sendo apontado como culpado. Parece ficar bem mais fácil, para os legítimos culpados, do que procurar apontar os verdadeiros responsáveis. Pior ainda quando já surgem narrativas mais honestas e dão conta de que a empresa aérea paulista não vem procedendo as revisões e manutenções regulares das suas aeronaves. A primeira versão, inclusive, de congelamento da fuselagem prejudicando a sustentabilidade do voo pode, muito bem, ser considerada como uma prova dessa má administração da empresa. Os inocentes pagando com suas vidas a incapacidade de manter uma empresa no ar. Mundo cão!
A vida não passou de um sopro, também, para meu amigo que se engasgou com algum alimento, no café da manhã de ontem, vindo a óbito ali à mesa. Pense na situação. Cidadão vivo e bulindo e, num átimo, ser dado como morto. Desesperador. Pior foi saber que muitos são promovidos à eternidade desse modo. Recordo que há dois anos perdi outro amigo na hora que jantava. Esse desabou da cadeira e já caiu morto. Assustador. Já outro faleceu enquanto dormia. Com todo respeito foi daqueles casos que o povão sai dizendo que “fulano acordou morto”. A esposa desse caso, embora dormindo ao seu lado, nada percebeu e só descobriu ao tentar acordá-lo para tomar o desjejum. Feliz, mesmo,foi Silvio Santos que partiu na calma de um hospital, rodeado de familiares, nadando em dinheior e abalou o Brasil. Como diz o ditado popular “para morrer basta estar vivo”. Deus nos dê boas horas finais. Amém.
quarta-feira, 31 de julho de 2024
TRÊS EM UM
A semana passada foi indiscutivelmente movimentada e, como sempre, ditando a pauta do Blog.
CARACAS - A primeira pauta despontou com a tensa expectativa das eleições na Venezuela, no domingo (28/7). O pleito resultou no que meio mundo considera um desastre politico sul-americano, com flagrantes distúrbios sociais no país vizinho em contestação ao resultado proclamado pelo órgão eleitoral superior do país, preso às mãos do Ditador renitente. O povo venezuelano e as pessoas de bom-senso politico mundo afora estão certos de que ocorreu a maior fraude de todos os tempos. Nicolás Maduro tentando, à base de processo fraudulento, permanecer no Poder vive momentos de pressão debaixo de protestos populares nos quatro cantos do País. Lamentável. Conheço a Venezuela, relativamente bem, onde prestei consultoria técnica através de Acordo de Cooperação Internacional entre OEA e Itamaraty, nos anos 80, época em que Hugo Chávez estava trancafiado depois de liderar uma tentativa de golpe de Estado. Livre se elegeu presidente em 1999, investiu pesado em relações comerciais no Brasil e recebeu Comitiva Empresarial de Pernambuco, da qual participei. Pude então avaliar o antes e o depois, com facilidade, e não foi difícil antever o caos que hoje reina praquelas bandas. Não vou tecer considerações a respeito dessa atual situação visto que a imprensa mundial se encarrega de modo taxativo. Resta-nos, tão somente, desejar boa sorte aos irmãos venezolanos na luta pela democratização! Mas, o doloroso memso é ver que o PT de Lula ja recinheceu a vitória do Ditador, antecipando o que o Presidente da Republica ditará em breve. Certamente. Vergonhoso. A palavra foi da Gleisi Hofmman (Foto a seguir) mas quem manda no Partido todo mundo sabe quem é.
PARIS - O outro assunto dominante desses últimos dias prendeu-se às Olimpíadas de Paris-2024. Os franceses quiseram inovar e transformaram a abertura dos jogos num megaespectáculo out-door. Paris foi “loteada” em diversos polos que serviram de palcos para funções das mais inusitadas quando comparadas a aberturas antecedentes. O que vimos foram imagens bem distintas das costumeiras solenidades até então conhecidas. O rio Sena ganhou destaque ao servir de via fluvial para ver desfilar as delegações representantes dos países participantes e, complementando, seja por via fluvial ou em pontos estratégicos do percurso estabelecido, esquetes teatrais rememorando cenas da História e da vida quotidiana da França. Sinceramente, pouco convincente dado o caráter debochado que predominou em cada cena apresentada. Dois momentos, porém, no Gran finale do espetáculo merecem destaque: o primeiro foi à interpretação do Hino Nacional francês (Marselhesa) a cargo da cantora lírica Axelle Saint-Cirel, postada no teto do Grand Palais e que cumpriu um belo e respeitoso papel e o segundo momento foi a surpreendente reaparição mundial de Celine Dion interpretando Hino ao Amor, de Edith Piaf, no alto da Torre Eiffel. Foto a seguir.
O mundo aclamou e vibrou ao ver a Diva canadense se apresentar firme e forte após longo período de convalescência devido a uma grave enfermidade degenerativa. O “porém” disso tudo veio no day after, quando o mundo, analisando melhor as tais debochadas encenações, concluiu quanto destoante e inteiramente desnecessários foram as teatralizações exibidas sob a justificativa de promover a inclusão social de classes tidas marginalizadas, no caso especifico a LGBT. Em se tratando de algo tão aceito pelo mundo atual não havia um porquê lógico de encenar, por exemplo, uma Santa Ceia (lembrando o famoso quadro de Leonardo da Vinci, 1495), protagonizada por figuras drague-queens e “convidar” a figura de Baco, desempenhada por uma figura, honestamente, asquerosa. Como católico praticante, não posso aprovar tanta violência social e cristã. Francamente. Duvido que ousassem em burlar de outras crenças tão comuns na própria França.
BEZERROS - Meu terceiro destaque de pauta, deste Três em Um, vai para registrar nossa tristeza pelo falecimento de um ícone da arte popular pernambucana que foi o talentoso artista J. Borges (Foto acima), considerado como o mais respeitado xilogravador brasileiro e de renome internacional. Afora o fato no qual se tornou famoso, ainda se destacou como cordelista e poeta, partindo placidamente para a eternidade ao alvorecer da sexta-feira, 26/7, deixando um vazio difícil de ser preenchido. Pela sua formidável obra, a arte de xilogravador ganhou destaque entre as artes populares nacionais. Seus trabalhos se espalharam por inúmeros pontos do mundo e ele próprio os levou a diversos países, entre os quais Estados Unidos, Suíça, Venezuela, França, Alemanha, México e Argentina. Personagens mundiais, como o Papa Francisco, têm exemplares especiais do artista. Vide Foto a seguir.
Mas, certamente, a popularidade da sua obra é o melhor sinal da sua consagração como artista. Hoje mesmo dei de cara com uma sacola de compras num varejista recifense, cuja ilustração é uma xilogravura de Borges. Foto a seguir.
Bem recentemente tive o prazer de visitar seu memorial, em Bezerros (PE), onde o encontrei animado, cheio de vida e assinando exemplares da sua produção. Pilotando uma cadeira de rodas circulava entre os visitantes e posando entusiasmado para fotos. Deus o receba na eternidade! Nosso meio artístico cultural fica mais pobre, mas a escola de J. Borges segue preservando sua arte e sua trajetória vitoriosa. NOTA: FOTOS obtidas no Google Imagens.
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