É bem comum
escutarmos que a Austrália é um Brasil que deu certo. Para quem observa à distância ou passa em programa de turismo comum pode mesmo parecer verdade. Porém, de perto, como observo com relativa frequência,
esta ideia pode ser bem diferente. Não é fácil fazer esta avaliação. Num
primeiro instante, a sensação de um mundo luminoso, praias paradisíacas, povo descontraído,
vegetação colorida e luxuriante, fauna especial, entre outros atrativos contagiam
o visitante, principalmente se brasileiro. Para este, então, parece ser um
mundo, digamos que, familiar. Já senti um pouco disto. Por razões particulares
sou um visitante frequente deste belo país austral e sempre procuro conferir
essa possível semelhança. É o que faço neste momento.
Ando em Sydney, mais uma vez e, portanto, no outro lado do planeta. Enquanto aqui é dia, na outra banda é noite. Visito familiares aqui residentes, razão da relativa frequência que falei acima.
Há costumes que registro como exemplos notáveis: o cliente de supermercado ou loja comum tem sempre que pagar pela mais simples embalagem que precise para levar as mercadorias que compre. O Planeta agradece! Outro exemplo é o de uso do carrinho para coletar os produtos nas gôndolas do supermercado que, para serem usados, tem de ser mediante o depósito de uma moeda de 1 ou 2 Dólares Australianos. Com esses mesmos carrinhos as compras podem ser levadas até a porta de casa, caso o freguês esteja sem seu veículo particular. Como nem sempre o cliente está disposto a devolver o carrinho de compras ao estabelecimento comercial, carrinhos se acumulam estacionados nas ruas. E neles as moedas que foram postas para liberar num espécie de catraca em cada carrinho. Aquele que resolve levar de volta os carrinhos pode fazer uma boa coleta de Dólares Australianos. No Recife, canso de ver pedintes que roubam carrinhos para carregar seus "patrimônios". Há supermercados cujos carrinhos já são barrados de sair do estabelecimento evitando os furtos frequentes.
São pequenos
detalhes que lembro agora. Com mais tempo posso anotar outros mais e registrar por aqui.
Há razões, portanto, para o que dizem os que comparam o Brasil com a Austrália. E, ao meu ver, o X da questão está na Educação. Coisa que é sempre posta à margem na Terra de Cabral.
NOTA: Fotos da autoria do Blogueiro
Opera de Sydney - Cartão Postal da Austrália |
Ando em Sydney, mais uma vez e, portanto, no outro lado do planeta. Enquanto aqui é dia, na outra banda é noite. Visito familiares aqui residentes, razão da relativa frequência que falei acima.
Folha do Outono |
É outono no hemisfério
Sul. Perambulo pelas ruas da cidade pisando nos tapetes de folhas secas, característica
da época, coisa que raramente me ocorre no Brasil. Sydney está à altura do Paralelo
33. As árvores vestem tons laranja-avermelhados dando um tom bem cartão-postal,
na visão de um nordestino brasileiro. E isto poderia ser, de cara, uma diferença.
Mas, não é por aí que quero chegar, até porque, o Outono é bem definido pelo
sul brasileiro.
Observando
mais acuradamente, fica fácil de enxergar o porquê deste sucesso australiano e o
que o difere do Brasil. Falo de um país jovem, com pouco mais de 250 anos, cuja
colonização britânica já chegou com o que havia de moderno à época. Depois disto,
as coisas deram tão certas a partir da provável austeridade e seriedade dos
governantes, além do extraordinário nível de desenvolvimento educacional do cidadão
comum que se formou. Muito diferente do Brasil escravagista e de domínio de minorias que faziam questão de manter a ignorância do povo. Como tantas vezes defendi neste espaço, a Educação sempre
confere progresso e desenvolvimento. É notável, por aqui, a forma de convivência desta
gente. Os exemplos são vistos a toda hora e em todas as esquinas. No transito,
nas prestações de serviços e nas mais simples formas de relacionamento humano. Pode
haver exceções, claro. E acontece. Mas, são exceções. O respeito ao próximo e à
propriedade privada chega a ser comovente para quem, como eu, vem de uma sociedade corrompida e escrachada, onde impera a desonestidade desde quem governa ao cidadão comum.
Aqui, não se ouve falar em corrupção, assaltos, homicídios ou feminicídios como em
Pindorama. Os pequenos comerciantes expõem suas mercadorias de modo ostensivo e
fora propriamente do estabelecimento, na certeza de que o interessado vai
entrar e efetuar o pagamento do produto que pretenda levar. “Desculpe”, “com
licença” e “por favor” são as locuções mais comuns do dia-a-dia. Há costumes que registro como exemplos notáveis: o cliente de supermercado ou loja comum tem sempre que pagar pela mais simples embalagem que precise para levar as mercadorias que compre. O Planeta agradece! Outro exemplo é o de uso do carrinho para coletar os produtos nas gôndolas do supermercado que, para serem usados, tem de ser mediante o depósito de uma moeda de 1 ou 2 Dólares Australianos. Com esses mesmos carrinhos as compras podem ser levadas até a porta de casa, caso o freguês esteja sem seu veículo particular. Como nem sempre o cliente está disposto a devolver o carrinho de compras ao estabelecimento comercial, carrinhos se acumulam estacionados nas ruas. E neles as moedas que foram postas para liberar num espécie de catraca em cada carrinho. Aquele que resolve levar de volta os carrinhos pode fazer uma boa coleta de Dólares Australianos. No Recife, canso de ver pedintes que roubam carrinhos para carregar seus "patrimônios". Há supermercados cujos carrinhos já são barrados de sair do estabelecimento evitando os furtos frequentes.
Carrinhos, na nossa rua, estacionados esperando um voluntário para recolher ao estabelecimento proprietário. No Brasil cairia nas mãos de um novo "proprietário". |
Há razões, portanto, para o que dizem os que comparam o Brasil com a Austrália. E, ao meu ver, o X da questão está na Educação. Coisa que é sempre posta à margem na Terra de Cabral.
NOTA: Fotos da autoria do Blogueiro
14 comentários:
Maravilhoso , abraços pernambucanos para você 👏💋👍❤️
Companheiro Girley: Ao acordar, depois de fazer minhas orações, li o seu Blog. Dá uma vontade danada de morar na Austrália. Mas até pela minha idade, fica apenas no desejo.
Vamos combinar uma palestra no nosso Espinheiro.
Quando retorna?
Abraço para Dra. Sônia.
Não sei se sabe, amigo, mas é a legislação mais parecida com a nossa. Pode isso? Abraços lisboetas.
Girley, Sydney só perde em beleza para o Rio, e por muito pouco. Em compensação ganha em qualidade de serviços e vida. Aproveite!! Inveja da branca de você!!
O nome do distinto é Sr. Colonizador. Para lá, como dissestes, este já chegou com o que havia de moderno. Para Pindorama vieram, além dos escravagistas, os “degredados”. Aí, danou-se tudo. Parabéns por mais este texto elucidativo. Abraço.
Girley,
O nome do distinto é Sr. Colonizador. Para lá, como dissestes, este já chegou com o que havia de moderno. Para Pindorama vieram, além dos escravagistas, os “degredados”. Aí, danou-se tudo. Parabéns por mais este texto elucidativo. Abraço.
Muito bem escrito
Estou lendo com atenção. Vamos ver o que vem dito sobre as secas que martirizam esse país. Obrigado e um abraço
Parabéns e aproveite esse Brasil que deu certo.
Continue escrevendo e publicando, que estou lendo
Tenho um casal de sobrinhos que moravam na Zona Norte do Rio, foram estudar aí e disseram que mais nunca voltarão para o Brasil! Imagina o choque Cultural pra esses jovens!
Pois é amigo. Cada leitura do Blog é um passeio cultural que fazemos quando viajas!
Beleza amigo. Mais uma vez visitando a filha e netos, certo?
Aproveitando para tomar uns magníficos Penfold's
🍷🍷🍷🍷🍷
Amigo e companheiro.
Começando o bom dia, por ai. Instrutivo seu relato, ao vivo. São paises e povos muito distintos, realmente. É assim, com as terras e as formações humanas que se fundem em nações diferentes. Creio que, penosamente, estamos adquirindo consciência das nossas mazelas e virtudes, mas o caminho é perigoso e cheio de emboscadas. Pessoalmente, me juntei a muitos, e tentamos fazer a nossa parte. Valeu?! Acho que sim. Lamento não experimentar os resultados, mas já estou sentindo o cheiro...
Uma neta, livre, bem formada, recentemente largou tudo, botou uma mochila nas costas e, depois de explorar o oriente - Filipinas, Vietnam, etc. - está, agora, aí na Australia. Não sei onde... talvez perto de você. Se encontrá-la, diga que volte. O Brasil precisa dela! Abraço and have a nice day!
Muito boa suas observações australianas. Muitos tentam explicar o que faltou ao Brasil pra ficar tão distante de outros países colonizados (até Gilberto Freire tentou) e que tornaram-se nações invejáveis. Uns apostam no clima, outros na cultura e outros arrisca colocar a culpa nos gentios. Bem, mas isso é assunto pra vc e suas reflexões. Parabéns pelo blogue e um bom dia.
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