Ao contrário
do que muitos esperavam, não foi no primeiro turno que os brasileiros definiram
o nome de quem vai presidir o país nos próximos quatro anos. Mais três semanas
serão necessárias para que se cristalizem as propostas dos finalistas e,
certamente, alinhar as demandas que a Nação emite. Vejo nisto uma excelente prática de
democracia. Sobretudo, quando o Brasil precisa ser discutido, pensado e
repensado. Esta é a vantagem de uma
eleição em dois turnos. Esta é uma vantagem da Democracia.
Os finalistas: Bolsonaro e Haddad |
Contudo,
algumas coisas ficaram muito claras na rodada do primeiro turno. O país viu com
mais clareza o que tantas vezes foi lembrado, nas simples rodas de discussões,
analises políticas e comentários de especialistas nacionais e estrangeiros, o
quanto a sociedade estava desencantada com a classe política e o sistema que a
sustenta. A vontade de mudar e de injetar sangue novo na estrutura do poder
político nacional foi traduzida por dois importantes aspectos: por um lado,
pela alta abstenção de votos, que dessa vez superou a casa dos 20% e, por outro
lado, algo que muitos não acreditavam, foi a renovação das casas do Congresso
Nacional, numa escala muito maior que a esperada. Os cálculos dão
conta de que houve aproximadamente 50% de renovação.
Muitas vezes duvidei que essa renovação viesse ocorrer, o que em
conseqüência levava-me a crer que pouco poderia ser feito por quem viesse
assumir a cadeira de Presidente. Mas, não. Fica claro que isto pode ser tomado
como uma sendo uma vitória da Democracia e, principalmente, um recado
expressivo aos que irão ascender aos postos nas casas do Congresso, a partir de
janeiro próximo.
Impressiona-me
o fato de que partidos tradicionais, como PSDB e MDB, derreteram e estão com
representações muito mais reduzidas, ao passo que outros, tidos como partidos
do chamado “baixo clero”, elegeram mais
representantes do que o esperado. E é outro forte recado colhido das urnas. Velhos caciques detentores do poder nas décadas
recentes foram amargamente derrotados, cedendo um inesperado vácuo a ser
ocupado por novas lideranças que emergirão dessa onda de renovação que se instalou
com os resultados extraídos do primeiro turno das eleições. Dos grandes
partidos destaque-se que o PT manteve equilibrada sua representação, embora tenha sofrido baixa. Uma outra prova da intenção de renovação
ficou por conta do expressivo crescimento do PSL – partido liderado pelo candidato
Bolsonaro – que fez muitos representantes, sobretudo nos estados do Sudeste. O
partido, sob o efeito da onda bolsonaro
elegeu 52 deputados e 4 senadores. Terá a segunda maior bancada
federal, a partir de 2019, superada apenas pela do PT que vem com 56
representantes. Isto será uma grande vantagem para o Capitão, caso se eleja. O PSDB, principal opositor do PT e que formou a terceira bancada em
2014 virá, agora, na 9º. posição. E o MDB foi o partido que sofre a maior baixa. De 66
deputados, terá somente 34 deputados. Estes números são eloquentes
demonstrações do desencanto dos eleitores e da renovação que saiu das urnas do dia 7 de outubro de 2018.
Mas, muito bem... Vamos lá. A
festa da Democracia vai continuar. Agora é hora da “onça beber água”, como diz o ditado popular. Será
que o ódio versus medo que foi a
tônica do primeiro turno resistirá nesse próximo turno? Estariam os petistas
dispostos a relaxar o radicalismo? E os bolsonaristas estarão com discursos mais brandos e convincentes? Eis as
questões que pairam sobre a Nação. Melhor que vença a paz e, sobretudo, a Democracia. A
Festa tem que continuar. Vamos mais é comemorar com júbilo o triunfo da Democracia brasileira.
NOTA: Foto obtida no Google Imagens.
7 comentários:
Parabéns pelo post, muito bem observado, realmente é significativa as mudanças sociais que encontramos no Brasil e no mundo, desde da derrubada do muro de Berlim, o regime comunista tem decaído em muito a cada década, existe hoje um socialismo democrático se estruturando, principalmente na Europa, se é que podemos dizer assim, o que evidencia num futuro próximo o nascimento de um novo sistema de governo baseado numa fusão de fatos e causas de uma mudança cultural e tecnológica. A "Onda Conservadora" ainda terá a sua participação fundamental para esse nascimento, pois teremos uma economia mais junta e equilibrada, mais é preciso transformar conceitos.
Parabéns pela brilhante análise, com total isenção. Por isso viva a democracia e salve a renovação.
Excelente avaliação meu caro.
Permita-me acrescentar quão forte foi a influência das redes sociais neste primeiro turno. A propaganda na TV só alcançou os eleitores dos rincões do país (principalmente no nordeste) onde há pouca disseminação das redes sociais. Parece-me mais uma vantagem para o Bolsonaro no segundo turno.
Parabéns pela síntese perfeita da eleição.
Bom dia caríssimo Girley!
A bússola é usada para definir um rumo a ser seguido. Nos partidos de esquerda ela não tem valia. As urnas falaram mas não houve ressonância. Surdos, Continuam usando a mesma fórmula, independentemente dos sintomas apresentados. Apelativa e sem rumo ela tenta sobreviver. Encontra-se atônita porque perdeu as rédeas do animal que conduzia e por ele era conduzido, sem capacidade de controlar o animal entra em pânico.
Nunca se sentiu tão vulnerável como agora, sem saber nadar e com medo de morrer afogado, estão se agarrando com jacaré tentando salvar-se.
Muito bom Girley , muito bem colocado
Disse tudo. É uma situação periclitante, para usar uma palavra que não tem mais lugar na atualidade, mas reflete a nossa perplexidade. Considero que não está havendo uma eleição, mas uma rejeição. O ruim contra o pior. Que fazer? Esperar prá ver o que acontece é o que nos resta. Abraços, Leo
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