Quem me
conhece sabe que, ao longo da vida, viajar faz parte do meu viver e, sem
dúvidas, minha melhor maneira de arejar a mente. Faz um bem danado... Nesses tempos
de crises internas no Brasil, nem é bom falar. Desse modo e sempre que possível e a grana elastece,
dou minhas escapulidas.
Dias
recentes estive, com familiares, percorrendo Portugal e Espanha num roteiro velho conhecido, mas,
sempre bom de ser repetido. Conheço estes dois países há mais de quarenta e cinco anos
e não me canso de revisitá-los. Gente afável e hospitaleira, rica cultura,
paisagens deslumbrantes e gastronomia exuberante que conquistam o turista num
primeiro instante. Sendo brasileiro, como no meu caso, nem se fala. Digo sempre
que é preciso conhecer Portugal para entender melhor a cultura brasileira.
A primeira
vez que por lá andei, muito jovem, conheci um Portugal oprimido pela ditadura
de Oliveira Salazar e uma Espanha dominada pela “mão de ferro” de Franco. Eram
duas nações sufocadas e de um povo tristonho e sem esperanças. Eram países em
preto-e-branco. Colorido que houvesse seria sempre pálido. A gente se vestia de
preto, cinza e sépia. O comércio era pobre, tímido e sem atrativos. Mas, os
tempos mudaram e a democracia foi conquistada a duras e sofridas penas. Nas
várias idas praquelas bandas acompanhei as conquistas rumo à liberdade. Vi de
perto os tempos que antecederam à queda de Salazar, com a revolução dos cravos
(25/04/1974), pondo fim a um regime ditatorial que vigia desde 1926. Já, em 1975
acompanhei, por acaso, em Madrid, o fim da vida e da tirania de Franco. Mas,
isto é uma historia comprida que tanto os livros, quanto a Wikipédia podem
ajudar a quem desejar saber detalhes.
Ultimamente
estive várias vezes em Portugal. Quase todo ano. Às vezes, sinto até vontade de morar por
lá. Quando desembarco em Lisboa tenho uma sensação de chegar à casa dos meus ancestrais. Vai ver fui portuga noutra encarnação. O ar lisboeta soprando no meu rosto dá aconchegantes boas-vindas, que me revigora e faz me espalhar de corpo e alma de Sacavém à Baixa.
A cidade de Braga festeja com feérica iluminação. Lembra nosso Natal. |
Indo tantas
vezes, observo que Portugal vem alcançando níveis apreciáveis de crescimento econômico
e desenvolvimento social nestes últimos anos. Semana passada, ainda por lá, vi
reportagens mostrando ser o país que mais cresce na União Europeia. Acreditei sem conferir, mas. confiando no via. Bom lembrar
que o país sofreu muito para se ajustar à Zona do Euro. Esteve prestes a se autoexcluir.
Mas, graças à austeridade do Governo e ao sacrifício da sociedade, conseguiu
escapar e superar a dura crise vivenciada. Cidades vibrantes, qualidade de vida exuberante, industria em franco sucesso, infraestrutura invejável e tudo mais que de moderno exista. Admirável.
Um dos
segmentos mais dinâmicos da economia portuguesa, nos últimos tempos, tem sido o do Turismo. O país
foi recentemente classificado como o melhor destino europeu. O clima, a
tranquilidade, a segurança, a hospitalidade e a multicultura reinantes o transformaram
num dos mais procurados pelos viajantes. É impressionante o movimento de
turistas de todas as partes do planeta. E como os orientais já descobriram o caminho é porque o local é a "bola da vez". E Portugal está sendo.
No mês de
junho, em pleno verão na Europa, o país vira uma festa sem fim. Aproveitei com meus familiares essas festas. Santo Antônio (ele era portuga), São João e São Pedro
são festejados de modo exuberante. Além deles, também se festeja a Rainha Santa
Isabel, padroeira de Coimbra e região. Essas festas são como uma espécie de época carnavalesca dos patrícios. Os folguedos populares rolam até “ver o sol”,
no dizer deles. Lisboa e Porto realizam os maiores eventos. Mas, nas cidades médias
as festas são grandes, também, e com muito cunho das respectivas culturas.
Frutos do mar em abundancia |
A sardinha na
brasa pode ser vista como sendo o traço comum entre todas. É delicioso curtir
um bom vinho (peço sempre o da casa, sem medo de errar) e degustá-lo com uma
sardinha assada no braseiro. Isto sem falar do bom fruto do mar e do bacalhau às várias
modas portuguesas, encontrados em toda parte.
Escolhemos
passar a recente noite de São João na cidade de Braga, situada ao norte do país e próxima à Cidade do Porto. (foto lá em cima). Dá gosto de ver os envolvimentos religiosos ou profanos da população.
Tudo com ordem e muito respeito. Arrisco afirmar que com certa inocência, comparando
com o que se vê nas festas populares do Brasil. Famílias inteiras,
crianças soltas e brincando livremente. Nada de bebedeiras, pegações, desordens ou desrespeitos.
O máximo da diversão, além de muita música (eles adoram as brasileiras), vinho,
sardinha e bacalhau, tem a tradicional e inocente martelada na cabeça dos passantes ou dos
que querem paquerar as raparigas ou os gajos. Não se espante caro(a) leitor(a),
porque essa referida martelada é “desferida” apenas com um martelinho plástico
que se vende também nos nosso carnaval ou festinhas infantis. Coisa tola pra
nós, mas de imenso sucesso entre eles. Cheguei a comprar o meu e saí martelando
as cabeças de Deus e do Mundo. E levei muitas marteladas, também. Todo mundo porta seu martelinho plástico. É ingenuo e muito engraçado. Veja fotos a seguir.
Levando martelada, a pedido. O comercio dos martelinhos. |
NOTA: Fotos by Jpallain
11 comentários:
Muito bom primo fico no aguardo da Espanha o primo ainda deve estar sentindo o cheiro das sardinhas e o paladar do vinho português.
👏👏👏👏👏👏
Que ótimo, prof. Girley. Aproveite. Senti até o cheiro da sardinha na brasa.,
Estaré esperando los siguientes relatos. Hermoso e ilustrativo viaje!
Na próxima vez que for avise, amigo. Por favor. Falar em sardinhas e nós longe não está certo.? Abraços.
Linda imagem do São João de BRAGA !
Eu quero ler tudinho sim!😃
Qué bien que vuelvas a escribir! Se me hizo demasiado largo tu periodo de ferias.
Bom dia
Como sempre é prazeroso lê seus textos.👏👏👏👏👏
Opa.. vou conferir e pegar dicas !
Como sempre muito bom seu texto a gente viaja
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