Indiscutivelmente,
no dia de ontem (04/4/2018) foi escrita uma importante página de História do
Brasil. O país parou! Como a grande maioria dos brasileiros – sem que mesmo se
considere a coloração política – postei-me diante da TV para assistir, ao vivo
e a cores, ao julgamento, no Supremo Tribunal Federal – STF, do pedido de Habeas Corpus (HC) preventivo impetrado
pela defesa do ex-presidente da Republica, Luis Inácio Lula da Silva, condenado
em primeira e segunda instancias a cumprir pena de prisão, por pouco mais de
doze anos, acusado de lavagem de
dinheiro, abuso do poder para facilitar a alta corrupção no país, receber propinas escandalosas, ocultação de
patrimônio, entre outros “pecados”.
Também é
indiscutível que a condenação de um ex-Presidente da República agora sujeito a
cumprir tamanha pena é algo desastroso para a vida política de qualquer Nação, ao gerar negativas repercussões nos âmbitos domestico e internacional. E, neste caso, o
Brasil não ficou imune a esse traumático passo histórico. O país terá que “engolir este sapo”.
O mais
curioso a registrar é que se trata de um réu que se apresentou em sucessivas
campanhas a Presidente como um verdadeiro “Salvador da Pátria” ao qual, agora,
se atribui o vetor da maior decepção política da vida pública brasileira.
Tendo atravessado os momentos difíceis de duas décadas de ditadura militar, caos econômico, reveses políticos sem precedentes e desencanto geral da sociedade, o cidadão Lula da Silva se apresentou, à época, como o cara que os brasileiros desejavam no Palácio do Planalto e comandando a Nação. O resultado foi sem dúvidas o mais desastroso.
Tendo atravessado os momentos difíceis de duas décadas de ditadura militar, caos econômico, reveses políticos sem precedentes e desencanto geral da sociedade, o cidadão Lula da Silva se apresentou, à época, como o cara que os brasileiros desejavam no Palácio do Planalto e comandando a Nação. O resultado foi sem dúvidas o mais desastroso.
Mas, voltando
ao dia de ontem, quando assisti aos debates dos Ministros do Supremo, recebi verdadeiras aulas de Direito Constitucional,
num “curso” intensivo de quase doze horas. No meio dessa jornada, cheguei à conclusão que não foi
apenas o julgamento do HC de Lula, mas, sobretudo o julgamento do sistema político
brasileiro, do poder judiciário do país e dos políticos brasileiros. Prova
maior desse julgamento foi escutar o impressionante pronunciamento – de muito
efeito – do Ministro Luis Roberto Barroso na leitura do seu voto contra a
concessão do HC (152.752), quando disse: “Eu
respeito todos os pontos de vista. Mas, não é este o país que eu gostaria de
deixar para os meus filhos. Um paraíso para homicidas, estupradores e
corruptos. Eu me recuso a participar sem reagir de um sistema de Justiça que
não funciona, salvo para prender menino pobre”. Esta foi, seguramente, a mais taxativa e
correta fala daquela sessão do STF. Sem firulas ou tecnicismos jurídicos, Sua
Excelência deu o recado mais firme e mais honesto de todos ali reunidos.
Ministro Luis Roberto Barroso do STF |
Prezado
leitor(a), faça uma pausa e retorne um pouco para reler a frase dita por
Barroso. Observe que nela, o Ministro expressa o pensamento de todo
brasileiro de bem, ao tempo em que traça um perfil da imagem negativa de um país que
pede socorro em nome da Ordem e do Progresso. Cabe, portanto, refletir e concluir
que aquela sessão de ontem foi muito além do julgamento de um pedido de Habeas
Corpus para um cidadão comum e corrupto. Ou seja, um cidadão como outro qualquer,
sem que venha ao caso o fato de haver exercido o papel de mandatário máximo do
país. O resultado, embora que apertado, mostrou que não importa a condição do
réu, mas sim aclarar os crimes que lhe são imputados e a justeza das penas que lhe
foram impostas. É isso que se espera de um Supremo Tribunal ou de
qualquer Tribunal, seja qual for seu grau. É para isso que eles existem.
Acredito que está raiando, desse
modo, um novo momento da História do Brasil. Ontem o país parou. Deu uma pausa
para testemunhar uma Atitude Republicana e abrir passagem para retomar seu caminho de forma revigorada
com um porvir de bonança, tranqüilidade e segurança. É assim que todo
brasileiro de são juízo pensa a partir de hoje. E, claro, o episódio de ontem
pode ser tomado como sendo a referência maior desse novo tempo.
NOTA: Foto obtida no Google Imagens
3 comentários:
Es un proceso político, no de justicia. Q pena por Brasil.
Susana Gonzalez
Que Blog Maravilhoso Gyrley está de parabéns mais. Uma vez obrigada
Thereza Leal
Concordei inteiramente com os termos do seu texto. E acrescentei apenas uma observação, lembrando Albert Camus, em um dos seus livros (“A Peste”): quando a realidade não se conforma aos nossos desejos e contraria nossas convicções, furamos os olhos para não ver a realidade. Só isso pode explicar a atitude de tanta gente de bom nível, amigos nossos, inclusive, que se recusa a crer na criminalidade de Lula, preferindo embarcar na paranoia da perseguição das “elites”, da ação de agentes da CIA, do complô contra o “gênio do povo”. Lamentável.
Clemente Rosas
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