Já tentei
fazer esta postagem semanal por três vezes e, desconcertadamente, retrocedi. O
ambiente está muito confuso para um blogueiro da minha categoria, que não segue
uma periodicidade rigorosa e que faz desse tipo de comunicação, antes de
qualquer coisa, um hobby, ao mesmo tempo em que mantém uma forma de se
comunicar com uma pequena legião de amigos/leitores. Resulta que termino administrando
uma grande dificuldade de formar pauta, nesse ambiente político-econômico tão
volátil nos dias de hoje aqui no Brasil.Cai governo, entra governo, ministério
novo com cara de velho, ministro corrupto flagrado com a “boca na viola” e
derrubado. Delações premiadas pipocantes... Coisa de louco, meu Deus! Apressei-me neste sábado e aí está.
Nessas horas
recordo minha finada mãe, sempre antenada nos assuntos políticos e diante da
televisão acompanhando essa “safadeza geral e endêmica” que assola o país. Se
viva fosse e tivesse boa cabeça diria logo “o pau tá comendo lá em Brasília” ou
“a volta agora é por dentro! Escreveu, não leu, o pau comeu”. E é isto mesmo. Eu
concordaria na hora.
Que o
governo de D. Dilma foi, por bom tempo, inviável é uma questão indiscutível.
Não havia governabilidade, prestigio internacional ou confiança da sociedade.
Tudo isto num cenário caótico de estagnação econômica, inflação acelerada, taxa
altíssima de desemprego atingindo mais 11 milhões de brasileiros e o
escandaloso buraco cavado pela generalizada corrupção, comandada pelos cardeais
do partido da “presidenta”. O final não poderia ser outro.
Ocorre,
contudo, que a fila das delatores anda rápida e outros salafrários vêm sendo denunciados,
pondo por terra “santos” com os pés de barro. E o barro, pela própria natureza,
não resiste aos fortes jatos de um lava-a-jato.
Sou um grande
entusiasta da Operação desse Juiz Sérgio Moro que está reescrevendo a História
deste Brasil velho e vilipendiado por inúmeros canalhas que o administram ao
longo dos anos, num verdadeiro e continuo flagelo. Quem tem a curiosidade de
ler sobre a História da República (leia,
por exemplo, Guia politicamente incorreta dos presidentes da República, de Paulo
Schmidt, Ed. Leya, São Paulo, 2016) e poderá conferir o que digo. Aliás, o
que todo mundo diz.
Os episódios
da semana que finda (entre 23 e 27.05.16) expõem os que agora mandam em
Brasília termina alimentando – e com razão – a turma petista que tenta
fortalecer a tese do golpe.
E é a propósito
desta tese que quero falar agora: fico observando alguns defensores da ideia
querendo comparar o momento atual com o golpe de 1964. Já tive, inclusive, quem
me perguntasse se o que ocorre agora não teria as mesmas características daquele
ano. Fui enfático em dar minha opinião afirmando que não tem nada que seja
comparável. O mundo era outro e o Brasil também. As forças exógenas que
influenciaram a investida militar, à época, foram concretas, com a efetiva
influência política norte-americana pontificando na America do Sul, diante do
caso de Cuba. Tio Sam tremia com o avanço da União Soviética na parte Latina
das Américas. Era o auge da Guerra Fria e o resto da História todo mundo
conhece. Hoje, a coisa é diferente! A chamada Cortina de Ferro não existe mais,
foi carcomida pela ferrugem e ruiu de podre e total inviabilidade. No nosso
atual caso, as razões são essencialmente internas. Um Governo saudoso das
ideias sócio-comunistas dos anos 60 e 70, administrativamente incompetente não
conseguiu viabilizar seu projeto, se entregou ao banditismo da corrupção, deixando
escapar uma bela oportunidade que teve de se tornar um ponto de inflexão na
curva da velha condução política do país.
Os tempos de
hoje são outros. Os países que passaram pelas experiências populistas já deram
a “volta por cima” e atualizaram suas trajetórias. Os que se atrasaram no
processo estão pagando caro pelo idealismo anacrônico que alimentam. A
Venezuela é o melhor dos exemplos. Já os hermanos
argentinos “viraram a mesa” com Macri e no Brasil tenta-se dar uma girada de
180° para colocar o trem de “volta aos trilhos”. Não é nada fácil com tanta
instabilidade econômica e política. Na verdade é traumático, até porque falta
uma liderança capaz. Melhor que nunca houvéssemos passado por essa conjuntura.
O processo de impeachment, no formato
que ficou desenhado, bem diferente da unanimidade do de Fernando Collor, ainda
vai render muitos desencontros e dissabores à Nação. No meio disso tudo, a
Lavajato vai continuar, a presidente fica no “limbo” e poder central transitório se esforça para soprar
sobre o país uma lufada de esperança. Mas, o Brasil continua dividido. É inútil
pensar ao contrário. Isto pode perdurar por longo tempo cobrando do povo
brasileiro um preço altíssimo.
De todo modo,
como já passamos por muitas outras crises às quais sobrevivemos, cabe uma
pergunta: por que não sairemos desta desafiante conjuntura? Tomara que seja mesmo
conjuntural e que passe logo.